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10/Jun/2019

Tendência é altista para o preço da soja no Brasil

A tendência é altista no médio e longo prazo para os preços da soja no mercado brasileiro, com as quebras que já começam a ser projetadas para a safra norte-americana 2019/2020, reação dos prêmios nos portos brasileiros e menor saldo exportável no atual ano-safra doméstico (2018/2019). Nesta terça-feira (11/06), o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) divulgará o relatório mensal de oferta e demanda, provavelmente, já apontando volumes números menores para a safra 2019/2020 dos Estados Unidos. A continuidade das adversidades climáticas e das dificuldades enfrentadas pelas lavouras norte-americanas já permitem projetar perdas, embora ainda não seja possível mensurar a proporção das mesmas e nem o tamanho do impacto sobre os preços futuros. Na soja, os estoques amplos nos Estados Unidos ainda limitam valorizações das cotações futuras em Chicago. A área plantada com soja nos Estados Unidos poderá se manter similar às estimativas iniciais, com alguns produtores que não conseguiram plantar o milho migrando para a cultura da soja.

E há também o desaquecimento de demanda por parte da China, em função da Peste Suína Africana (PSA). De qualquer forma, o cenário de longo prazo é altista para a soja, pois a produção dos Estados Unidos deverá ser bem inferior à da safra passada. No curto prazo, a desvalorização do dólar frente ao Real e o recente recuo nos preços futuros negociados na Bolsa de Chicago pressionam as cotações domésticas da soja. Esse cenário, atrelado a preocupações com o clima nos Estados Unidos, tem afastado os agentes do mercado. Os compradores e vendedores brasileiros seguem atentos ao plantio de soja nos Estados Unidos. Segundo o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, entre 26 de maio e 2 de junho, o semeio avançou 10%, atingindo 39% do total da área esperada, bem abaixo dos 86% do mesmo período de 2018 e dos 79% da média dos últimos cinco anos. Vale lembrar que o período considerado ideal para o cultivo da oleaginosa se aproxima do fim, fator que pode limitar a produtividade. Mas, notícias indicam que o clima pode melhorar nos próximos dias e, assim, favorecer o semeio da oleaginosa naquele país.

Na Argentina, a colheita atingiu 96,1% da área. À medida que os trabalhos de campo avançam, o rendimento médio está menor que o esperado, o que pode estar atrelado ao excesso hídrico, que prejudicou a qualidade das lavouras. Apesar disso, a estimativa de produção se mantém em 56 milhões de toneladas pela Bolsa de Cereais de Buenos Aires. Nos últimos sete dias, o Indicador da soja Paranaguá ESALQ/BM&F, referente ao grão depositado no corredor de exportação e negociado na modalidade spot (pronta entrega), no Porto de Paranaguá, apresenta recuo de 1,9%, cotado a R$ 81,81 por saca de 60 Kg. A média ponderada da soja no Paraná, refletida no Indicador CEPEA/ESALQ registra queda de 2,2% nos últimos sete dias, a R$ 75,92 por saca de 60 Kg. Nos últimos sete dias, as cotações da oleaginosa registram queda de 2% no mercado de balcão (preço pago ao produtor) e de 1,6% no mercado de lotes (negociações entre empresas).

Quanto aos derivados, os valores do farelo apresentam recuo de 1,3% nos últimos sete dias. A demanda por este derivado está menor, visto que os compradores domésticos se abasteceram no encerramento de maio. Para o óleo de soja (posto em São Paulo com 12% de ICMS), o avanço é de 1% no período, a R$ 2.771,36 por tonelada. As negociações deste derivado seguem em ritmo lento, devido à baixa oferta. Na Bolsa de Chicago, o contrato Julho/2019 da soja apresenta desvalorização de 2,3% nos últimos sete dias, a US$ 8,68 por bushel. A pressão vem da melhora nas condições climáticas nos Estados Unidos, de movimento de correção após as recentes altas e da queda do petróleo. O valor mais baixo do combustível fóssil faz com que refinarias utilizem menos biodiesel de soja para produzir o diesel. Em relação ao farelo de soja, a queda é de 3,5% para o contrato de mesmo vencimento, a US$ 348,22 por tonelada. O contrato Julho/2019 do óleo teve baixa de 0,1% no período, a US$ 612,00 por tonelada).

O Brasil exportou em maio 10,8 milhões de toneladas de soja em grão, 7,7% superior ao embarcado em abril, mas 12,2% inferior ao de maio/2018. No entanto, se comparado o volume exportado nos cinco primeiros meses deste ano ao mesmo período de 2018, a soma é 3,7% superior, totalizando 37,2 milhões de toneladas. A China segue como o principal destino do grão brasileiro, com 7,52 milhões de toneladas em maio, o equivalente a 69,4% das exportações da oleaginosa no mês. Ressalta-se que os envios ao México cresceram expressivamente em maio, totalizando 202 mil toneladas, praticamente três vezes mais que o volume de abril e 77% acima do de maio/2018. Os Estados Unidos sinalizaram que podem impor tarifas sobre importações de produtos do México. Caso isso se confirme, a demanda pela soja brasileira pode ser maior. Quanto aos derivados, em maio, o Brasil embarcou 1,65 milhão de toneladas de farelo de soja, volume 8,2% maior que o de abril, mas 0,3% inferior ao de maio/2018. O preço médio recebido pelas vendas externas do farelo de soja foi de R$ 1.420,57 por tonelada. Os embarques de óleo de soja são os maiores desde agosto de 2015, totalizando 255,8 mil toneladas. Esse volume é quase quatro vezes maior que o embarcado em abril e mais que o dobro embarcado em maio/2018. Fontes: Cepea, Broadcast Agro e Cogo Inteligência em Agronegócio.