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03/Jun/2019

Tendência altista para soja com ofertas retraídas

A tendência é altista para os preços da soja no Brasil, com as altas acumuladas dos futuros em Chicago, o forte atraso do plantio dos Estados Unidos e a continuidade da guerra comercial entre China e Estados Unidos. Os contratos futuros de soja acumulam fortes altas nos últimos 30 dias, que estão sendo repassadas aos preços no mercado físico brasileiro, apesar das quedas dos prêmios e do câmbio. Na sexta-feira (31/05), houve um leve recuo em Chicago e o vencimento julho caiu 11,25 cents, para US$ 8,77 por bushel. Na quinta-feira (30/05), a soja havia subido 1,95%. A oleaginosa avançou em todas as sessões entre segunda-feira e quinta-feira da semana passada. No período, o ganho foi de 8,2%. O plantio está muito atrasado em relação ao ano passado e à média de cinco anos, pois não para de chover no cinturão agrícola dos Estados Unidos. A janela de plantio de soja está mais curta. A atenção segue voltada ao clima desfavorável ao cultivo de soja nos Estados Unidos. Restam apenas cerca de duas semanas de período ideal para o cultivo de soja na maioria dos estados do Meio Oeste norte-americano. O ponto crucial é que, em anos anteriores, as boas produtividades estiveram relacionadas ao fato de o semeio ter ocorrido no início da janela ideal.

Com isso, agentes se atentam aos possíveis impactos do cultivo tardio e da umidade elevada sobre a produtividade. Dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) indicam que o semeio de soja avançou 10% entre os dias 20 e 27 de maio, totalizando 29% do total da área esperada, bem abaixo dos 74% do mesmo período de 2018 e dos 66% da média dos últimos cinco anos. Os produtores já deixaram de plantar milho, cuja semeadura está significativamente atrasada, e necessitariam de um período mais seco para conseguir concluir a semeadura da soja dentro do calendário ideal. Deve haver abandonos de plantios ou acionamento de seguro. Na semana passada, a China suspendeu as compras de soja norte-americana em meio ao acirramento das tensões comerciais entre os dois países. As chamadas compras de "boa-vontade" não serão mais realizadas pelo país asiático. Os importadores chineses não planejam cancelar pedidos anteriores.

Mesmo com a Peste Suína Africana (PSA), a China a continua importando soja para esmagar internamente e comprará mais carnes no Brasil, o que tende a elevar a procura interna por grãos para ração. Com isso, haverá disputa de compras de soja em grãos entre o mercado interno (esmagadoras) e externo (exportadores) no País, o que deve sustentar a tendência altista. Na Argentina, a colheita segue para a reta final, com 90,7% da área. Ressalta-se que o excesso de umidade também tem atrasado os trabalhos de campo naquele país. A produção segue estimada pela Bolsa de Buenos Aires em 56 milhões de toneladas. Nesse cenário, os produtores brasileiros, principais exportadores mundiais da commodity, estão afastados das negociações, após um bom ritmo em períodos anteriores. Esse cenário foi verificado mesmo com a demanda pelo grão aquecida. A expectativa é de remuneração ainda maior nas vendas da oleaginosa nos próximos meses. A liquidez para exportação segue satisfatória, ainda favorecida pela guerra comercial entre os Estados Unidos e a China. O patamar elevado do dólar também segue atraindo importadores para o Brasil.

Embora a moeda norte-americana tenha se desvalorizado nos últimos sete dias, continua elevada. Em maio, a média do dólar foi de R$ 3,99, 2,7% superior à média de abril e a terceira maior da história do Plano Real. Nos últimos sete dias, o Indicador da soja Paranaguá ESALQ/BM&F, referente ao grão depositado no corredor de exportação e negociado na modalidade spot (pronta entrega), no Porto de Paranaguá, apresenta alta de 3,6%, cotado a R$ 83,41 por saca de 60 Kg. A média ponderada da soja no Paraná, refletida no Indicador CEPEA/ESALQ registra elevação de 1,8% nos últimos sete dias, a R$ 77,63 por saca de 60 Kg. Quando considerada a média mensal, as altas foram de 2,1% e 1,3%, respectivamente. Nos últimos sete dias, as cotações da oleaginosa registram aumento de 4,3% no mercado de balcão (preço pago ao produtor) e de 3,7% no mercado de lotes (negociações entre empresas).

Nos Estados Unidos, o contrato Julho/2019 da soja na Bolsa de Chicago apresenta valorização de 8,2% nos últimos sete dias, a US$ 8,89 por bushel. Em relação ao farelo de soja, a alta é de expressivos 10,2% para o contrato de mesmo vencimento, a US$ 360,89 por tonelada. O contrato Julho/2019 do óleo registra avanço de 3,7% no período, a US$ 612,44 por tonelada. Embora os futuros tenham se valorizado nos últimos dias, na média de maio, os valores do primeiro vencimento da oleaginosa recuaram 6,1%, a US$ 8,28 por bushel, a menor desde junho de 2007, em termos nominais. O óleo de soja teve a menor cotação mensal desde setembro/2015 e o farelo, desde março/2016, também em termos nominais. Esse menor patamar de preços está atrelado aos estoques elevados. Os embarques de soja dos Estados Unidos estão 27,1% menores que os da temporada 2018/2019. A demanda pelo farelo de soja brasileiro segue aquecida, tanto por compradores domésticos quanto externos.

Esse cenário tem elevado com força os prêmios de exportação de farelo de soja, que resulta em maior paridade de exportação e aumento na receita com as vendas do subproduto no mercado interno. Enquanto o valor FOB para a soja em grão para embarque em julho/2019, pelo Porto de Paranaguá (PR), apresenta elevação de 5,4% nos últimos sete dias, os valores FOB do farelo e do óleo de soja registram respectivas altas de 10,9% e 2,8%. Com isso, houve aumento de 82,8% na crush margin, referente ao contrato julho/2019, calculada em US$ 25,03 por tonelada. Nos últimos sete dias, os valores do farelo acumulam avanço de 7,2%. Entre as médias de abril e maio, a alta foi de 2,3%. As vendas de óleo de soja estão lentas, devido à baixa disponibilidade, uma vez que grande parte da produção deste derivado já está destinada ao biodiesel. O preço do óleo de soja (posto em São Paulo com 12% de ICMS) registra leve queda de 0,9% nos últimos sete dias, a R$ 2.743,12 por tonelada. Em maio, a média do óleo de soja foi 0,8% superior à de abril. Fontes: Cepea, Reuters, Secex e Cogo Inteligência em Agronegócio.