31/Mai/2019

A tendência é altista para os preços da soja no Brasil, com as altas acumuladas dos futuros em Chicago, o atraso do plantio dos Estados Unidos e a continuidade da guerra comercial. A Bolsa de Chicago está na terceira alta da semana, refletindo o atraso no plantio nos Estados Unidos. Os contratos futuros de soja fecharam em alta nesta quinta-feira (30/05) na Bolsa de Chicago. O vencimento julho subiu 17,00 cents (1,95%) e fechou a US$ 8,89 por bushel. O avanço dá continuidade aos ganhos da sessão anterior e ainda reflete uma reação do mercado ao relatório semanal de acompanhamento de safra publicado na terça-feira (28/05) pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA). O relatório mostrou plantio bastante atrasado.

O plantio está muito atrasado em relação ao ano passado e à média de cinco anos, pois não para de chover no cinturão agrícola dos Estados Unidos. A cada dia que passa, a janela de plantio de soja encurta. Os produtores já deixaram de plantar milho, cuja semeadura está significativamente atrasada, e necessitariam de um período mais seco para conseguir concluir a semeadura da soja dentro do calendário ideal. Os traders já trabalham com a possibilidade de abandono de plantio ou acionamento de seguro por questões de força maior. A China suspendeu as compras de soja norte-americana em meio ao acirramento das tensões comerciais entre os dois países. As chamadas compras de "boa-vontade" não serão mais realizadas pelo país asiático.

Os importadores chineses não planejam cancelar pedidos anteriores. Por outro lado, a China, mesmo com a Peste Suína Africana (PSA), vai continuar demandando soja para esmagar internamente e comprará mais carnes no Brasil, o que tende a elevar a procura interna por grãos para ração. Haverá disputa de compras de soja em grãos entre o mercado interno (esmagadoras) e externo (exportadores) no País, o que deve sustentar a tendência altista. Esse cenário segue favorecendo os negócios com soja no mercado brasileiro, mesmo com o dólar e os prêmios recuando, mais ainda em patamares atrativos. Ainda que em ritmo mais lento, os produtores deverão seguir avançando na comercialização do saldo da safra atual (2018/2019) e da futura (2019/2020). A comercialização antecipada da soja da safra 2019/2020 também tem ganhado fôlego com o avanço dos futuros na Bolsa de Chicago.

O prêmio em Paranaguá para julho caiu para +US$ 1,00 por bushel acima de Chicago, mas, no Porto de Paranaguá, a soja atingiu o patamar de R$ 82,70 por saca de 60 Kg. Com isso, os preços no mercado de lotes no interior do Paraná e Rio Grande do Sul estão na casa dos R$ 80,00 por saca de 60 Kg FOB produtor. Em Mato Grosso, na região de Campo Verde, há registro de negócios a R$ 70,00 por saca de 60 Kg FOB em, para embarque em junho e pagamento de 15 a 20 de julho, e a R$ 70,50 por saca de 60 Kg FOB em Jaciara, nos mesmos prazos. Para embarque imediato e pagamento no fim de agosto, há registro de negócios a R$ 71,00 por saca de 60 Kg FOB em Jaciara. Há negócios a R$ 70,00 por saca de 60 Kg CIF, para entrega em Primavera do Leste em fevereiro de 2020 e pagamento em 30 de abril.

No Rio Grande do Sul, na região de Passo Fundo, a comercialização ocorre em ritmo menos aquecido porque muitos vendedores têm expectativa de que os preços possam subir mais e optam por adiar novos acordos. Apesar disso, há registro de negócios a R$ 86,00 por saca de 60 Kg CIF no Porto de Rio Grande, o equivalente a R$ 81,00 por saca de 60 Kg FOB em Passo Fundo, para embarque imediato e pagamento 15 a 30 dias depois. No geral, as indicações de compra estão entre R$ 79,00 e R$ 80,00 por saca de 60 Kg. As fábricas indicam valores semelhantes aos de exportadores, mas sem grande apetite de compra. Para embarques nos próximos meses, a indicação de compra é de R$ 82,00 por saca de 60 Kg, para retirada em julho e R$ 83,00 por saca de 60 Kg, para agosto. A negociação antecipada do grão do ciclo 2019/2020 é mais lenta. Os compradores indicam no máximo R$ 85,00 por saca de 60 Kg CIF no Porto de Rio Grande.