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27/Mai/2019

Tendência de alta da soja com retração de ofertas

A tendência é altista para os preços da soja no mercado brasileiro, com cotações futuras mais estáveis, dólar acima do patamar de R$ 4, prêmios acumulando fortes altas nos portos brasileiros, bom movimento de exportações, demanda interna firme e retração das ofertas por parte dos vendedores. As maiores demandas interna e externa por farelo e por óleo de soja impulsionam as negociações e os preços desses derivados. No caso do farelo, a procura doméstica vem especialmente do segmento de proteína animal. Vale lembrar que os casos de Peste Suína Africana (PSA) na China têm direcionado alguns compradores externos ao Brasil. Quanto ao óleo, uma parcela das indústrias sinaliza ter comprometido o produto até meados de junho, a maior parte deve ser destinada à produção de biodiesel. Segundo a Secretaria de Comércio Exterior (Secex), na parcial de maio, as exportações de farelo de soja registram média diária 8,2% acima da observada em abril, mas 0,31% inferior à do mesmo período de 2018. Para o óleo, a média diária está pouco mais que o dobro da observada em abril e 20% superior à de maio do ano passado.

Como resultado, as exportações de óleo da parcial deste mês já estão 26,2% acima do volume embarcado em todo o mês de abril. Com isso, nos últimos sete dias, os valores do farelo registram alta de 2%. O preço do óleo de soja (posto em São Paulo com 12% de ICMS) apresentam alta de 2% no mesmo período, a R$ 2.768,42 por tonelada. Ainda assim, a crush margin recuou nos últimos sete dias no Porto de Paranaguá (PR), devido à queda no preço na Bolsa de Chicago e à redução nos prêmios de exportação de óleo de soja, que, vale lembrar, estavam em forte alta na semana passada. A margem das indústrias registra recuo de 34,9% para o contrato junho/2019 e 28,2% para julho/2019, indo para US$ 16,34 por tonelada e US$ 13,70 por tonelada, respectivamente. A alta nos preços dos derivados está atrelada também à valorização da matéria-prima e à retração dos produtores domésticos na comercialização envolvendo grandes lotes.

Esses vendedores preferem aguardar uma maior definição da safra norte-americana. O excesso hídrico tem impedido o avanço do semeio nos Estados Unidos. Além disso, o temor quanto à possível alteração na tabela de frete mínimo tem deixado traders receosos nas negociações de contrato a termo. O avanço dos preços domésticos também ocorre por conta da valorização nos prêmios de exportação. O prêmio para embarque em junho/2019 da soja em grão está cotado em +US$ 1,18 por bushel e para julho em +US$ 1,30 por bushel. O valor FOB para a soja em grão para embarque em junho/2019, pelo Porto de Paranaguá (PR), é de US$ 20,74 por saca de 60 Kg, estável nos últimos sete dias. No entanto, a paridade de exportação já indica preços maiores, a R$ 84,04 por saca de 60 Kg para junho e a R$ 85,12 por saca de 60 Kg para julho. Para a safra 2020, por sua vez, a paridade de exportação indica preços a R$ 83,43 por saca de 60 Kg para março e a R$ 83,86 por saca de 60 Kg para maio, considerando-se o dólar futuro negociado na B3.

Nos últimos sete dias, o Indicador da soja Paranaguá ESALQ/BM&F, referente ao grão depositado no corredor de exportação e negociado na modalidade spot (pronta entrega), no Porto de Paranaguá, apresenta alta de 1,9%, cotado a R$ 80,48 por saca de 60 Kg. A média ponderada da soja no Paraná, refletida no Indicador CEPEA/ESALQ registra elevação de 1,4% nos últimos sete dias, a R$ 74,78 por saca de 60 Kg. Nos últimos sete dias, as cotações da oleaginosa registram aumento de 2,4% no mercado de balcão (preço pago ao produtor) e de 1,5% no mercado de lotes (negociações entre empresas). Segundo o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), o plantio de soja avançou apenas 10% no país entre os dias 13 e 20 de maio, totalizando 19% do total da área destinada ao cultivo da oleaginosa. Esse percentual é inferior aos 53% cultivados no mesmo período de 2018 e aos 47% cultivados na média dos últimos cinco anos.

A proximidade do fim da janela ideal de plantio de milho pode influenciar parte dos agricultores a migrar do cereal para a oleaginosa, cenário que voltou a pressionar os futuros da soja na Bolsa de Chicago, após terem iniciado a semana em forte alta. Diante da guerra comercial entre os Estados Unidos e a China, o governo norte-americano pode oferecer assistência sobre o valor das vendas da oleaginosa no país. Os embarques de soja dos Estados Unidos nesta temporada (2018/2019) estão 27,4% inferiores aos da safra passada (2017/2018). Vale lembrar que a produção em 2018/2019 foi recorde, de 123,66 milhões de toneladas. Assim, o contrato Julho/2019 da soja na Bolsa de Chicago registra queda de 2,2% nos últimos sete dias, a US$ 8,21 por bushel. O contrato Julho/2019 do óleo apresenta forte baixa de 3,4%, a US$ 590,39 por tonelada. Em relação ao farelo de soja, o recuo é de 1,6% para o contrato de mesmo vencimento, a US$ 327,60 por tonelada. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.