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21/Mai/2019

Tendência altista para os preços da soja no Brasil

A tendência é altista para os preços da soja no mercado brasileiro, com a forte escalada dos prêmios nos portos brasileiros e do dólar no Brasil. As exportações seguem aquecidas, com procura elevada por parte da China. Os preços internos estão em alta, impulsionados pelos avanços nos prêmios de exportação do grão e derivados (sinal de maior demanda externa), pela valorização do dólar e pela elevação nos valores externos. Essa reação nos valores da soja está atraindo os vendedores e elevando a liquidez, especialmente para exportação, que só não foi mais intensa devido à falta de cota nos portos. Nos últimos sete dias, o Indicador da soja Paranaguá ESALQ/BM&F, referente ao grão depositado no corredor de exportação e negociado na modalidade spot (pronta entrega), no Porto de Paranaguá, apresenta forte alta de 6,8%, cotado a R$ 78,96 por saca de 60 Kg. A média ponderada da soja no Paraná, refletida no Indicador CEPEA/ESALQ registra expressivo avanço de 7,1% nos últimos sete dias, a R$ 73,74 por saca de 60 Kg.

Nos últimos sete dias, as cotações da oleaginosa registram altas significativas de 5,3% no mercado de balcão (preço pago ao produtor) e de 6,0% no mercado de lotes (negociações entre empresas). Para os prêmios, o embarque junho/2019 da soja em grão está cotado a +US$ 0,90 centavos por bushel. O valor FOB para a soja em grão para embarque em junho/2019, pelo Porto de Paranaguá é de US$ 20,74 por saca de 60 Kg, expressiva alta de 7,3% nos últimos sete dias. Com isso, a paridade de exportação voltou a indicar preços a R$ 83,82 por saca de 60 Kg para junho e R$ 84,90 por saca de 60 Kg para julho. Para a safra 2020, a paridade de exportação indica preços acima de R$ 84,00 por saca de 60 Kg de março a maio, considerando-se o dólar futuro negociado na B3. Quanto aos derivados, os preços também seguem em alta. O valor FOB do farelo de soja no Porto de Paranaguá registra forte avanço de 4,5% para o embarque em junho.

O valor FOB do óleo de soja apresenta significativa valorização de 6,8%. Os valores do farelo apresentam alta de 2,7% nos últimos sete dias. Os compradores, que estavam adquirindo lotes para consumo de curto e médio prazos, já começam a se preocupar com as aquisições do derivado para o futuro. Isso porque as indústrias já se retraíram das vendas, devido ao aumento nos preços da matéria-prima. Além disso, muitas estão atentas à possível maior produção de suínos no Brasil, que tende a elevar o consumo do derivado e, consequentemente, os preços de venda. A demanda por óleo também segue aquecida, especialmente para a produção de biodiesel, o que tem elevado com força os prêmios de exportação deste derivado no Brasil. O preço do óleo de soja (posto em São Paulo com 12% de ICMS) registra alta de 1,8% nos últimos sete dias, a R$ 2.714,15 por tonelada. Na Bolsa de Chicago, os contratos estão sendo influenciados pelo atraso no cultivo de soja nos Estados Unidos. O vencimento Julho/2019 da soja apresenta alta de 3,3% nos últimos sete dias, a US$ 8,39 por bushel.

O contrato Julho/2019 do óleo acumula aumento de 4,1%, a US$ 611,12 por tonelada. Em relação ao farelo de soja, a elevação é de 4,4% no mesmo comparativo, para o contrato de mesmo vencimento, a US$ 332,78 por tonelada. Agora, as atenções já se voltam para a temporada 2019/2020 no Hemisfério Norte. Segundo o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), a área mundial a ser cultivada com soja é estimada em 126,74 milhões de hectares, 0,8% maior que na temporada passada e um novo recorde. No entanto, a produção é estimada em 355,6 milhões de toneladas, 1,7% inferior à safra passada. As transações mundiais devem crescer 0,8%, para 150,8 milhões de toneladas de soja, e o esmagamento, 2,2%, para 308,2 milhões de toneladas. A área de cultivo de soja nos Estados Unidos deve ser a menor das últimas três temporadas, de 33,91 milhões de hectares, com produção estimada em 112,94 milhões de toneladas. Deve haver crescimento nas exportações norte-americanas, para 53 milhões de toneladas, 9,8% superior às 48,3 milhões de toneladas estimadas para a atual temporada 2018/2019 (que se encerra em agosto de 2019).

O esmagamento de soja nos Estados Unidos segue crescendo nas últimas duas safras, estimadas em 57,1 milhões de toneladas na temporada 2018/2019 e em 57,5 milhões de toneladas na 2019/2020. É importante analisar que os estoques iniciais na temporada 2019/2020 são projetados em 27,1 milhões de toneladas, mais que o dobro da temporada passada e um recorde para o país, caso se confirme. Do total da área a ser semeada com a soja nos Estados Unidos, apenas 9% foi semeada até o dia 12 de maio, 3% a mais que na semana anterior e significativamente inferior aos 32% semeados no mesmo período de 2018 e aos 29% na média dos últimos cinco anos. Para o Brasil, a área de soja é prevista pelo USDA em 36,9 milhões de hectares, um novo recorde, resultando em produção de 123 milhões de toneladas. O esmagamento foi apontado em 43,7 milhões de toneladas (de outubro/2019 a setembro/2020), 2,4% a mais que os 42,7 milhões de toneladas previstos para a safra 2018/2019. O consumo doméstico também deve crescer em 2,5%, passando de 45,3 milhões de toneladas na temporada 2018/2019 para 46,5 milhões de toneladas na safra 2019/2020.

A Argentina também deve elevar a área de cultivo, prevista em 17,5 milhões de hectares, mas a produção deve se manter em 53 milhões de toneladas naquele país. Os embarques do grão são estimados em 7 milhões de toneladas (de abril/2019 a março/2020), 11,1% acima dos 6,3 milhões de toneladas a mais que a safra 2018/2019. O esmagamento, principal segmento do País, deve ser de 45 milhões de toneladas na temporada 2019/2020, recorde e 7,1% acima dos 42 milhões de toneladas estimados para 2018/2019. As importações da China são estimadas em 86 milhões de toneladas de outubro de 2018 a setembro de 2019 e em 87 milhões de toneladas de outubro de 2019 a setembro de 2020. Considerando-se o mesmo período, a União Europeia deve importar 15,5 milhões de toneladas na safra 2018/2019 e 15,1 milhões de toneladas na 2019/2020. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.