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15/Mai/2019

EUA: tarifas sobre a China preocupam produtores

O jornal britânico Financial Times (FT) publicou uma reportagem sobre o impacto para produtores de soja dos Estados Unidos, após o aumento das tarifas dos Estados Unidos sobre as mercadorias da China na semana passada. A elevação determinada pelo presidente Donald Trump foi de 10% para 25% sobre US$ 200 bilhões de produtos do país asiático. O republicano declarou que usaria os recursos para comprar produtos agrícolas excedentes e enviá-los para países carentes como ajuda humanitária. No entanto, o plano leva a situação ainda mais para um "território desconhecido". Na prática, os futuros de soja na Bolsa de Chicago ficaram abaixo de US$ 8,00 por bushel na sexta-feira (10/05), o nível mais baixo em mais de uma década, refletindo sua importância como a principal exportação agrícola dos Estados Unidos para a China.

Os embarques de soja dos Estados Unidos para a China secaram efetivamente no outono passado, depois que a China os atingiu com uma tarifa de 25%. Desde dezembro, quando as negociações comerciais recomeçaram, a China se comprometeu a comprar 20 milhões de toneladas em sinal de boa vontade. Cerca de 5,6 milhões de toneladas deixaram os portos dos Estados Unidos. Outras 7,4 milhões de toneladas foram vendidas, mas ainda não foram expedidas e os agricultores agora se queixam de que a China cancelará as vendas. O temor é o de que as novas tarifas impostas pelos norte-americanos estendam ainda mais a guerra comercial. Esta situação pode se agravar e, se se perpetuar, levará muitos agricultores de milho e soja à falência. Para compensar a situação dos produtores, o governo dos Estados Unidos autorizou no ano passado um programa de resgate de US$ 12 bilhões, que incluiu até US$ 7,2 bilhões em pagamentos para os produtores de soja.

Também aprovaram a compra de US$ 1,2 bilhão em alimentos para doação a instituições beneficentes domésticas. Nesse contexto, um dado do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) da semana passada revelou que os estoques de soja dos Estados Unidos que sobraram antes da colheita mais que dobrarão em relação ao ano anterior, para 27,1 milhões de toneladas antes da próxima safra. Como uma questão prática, reduzir esse excedente de milhões de soja doando-o para países estrangeiros seria uma tarefa monumental. No ano fiscal de 2017, o governo deu um total de 1,8 milhão de toneladas de produtos alimentícios para beneficiários em 63 países, incluindo Nigéria, Sudão do Sul e Iêmen, quase metade das remessas era de trigo.

A maioria dos grãos de soja cultivados pelos agricultores dos Estados Unidos não é de ingestão pelas pessoas: são esmagados para processamento industrial de ração animal e óleo vegetal. A China tem mais espaço para abandonar o mercado de soja dos Estados Unidos nesta época do ano porque grandes colheitas estão sendo realizadas na Argentina e no Brasil, os dois principais produtores sul-americanos. Enquanto isso, a disseminação da peste suína africana está dizimando os plantéis de suínos da China, eliminando 42 milhões de toneladas da demanda de importação de soja nos três anos até 2020. O custo do surto aumentou as perspectivas para os produtores de carne que esperam abastecer o país asiático. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.