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07/Mai/2019

PSA na China e impactos sobre as carnes e grãos

A pressão nos preços das carnes esperada para o segundo semestre deste ano passa pela substituição da dieta alimentar do consumidor chinês em razão da peste suína africana. A situação ainda não está controlada e o efeito dela, a partir da normalização, ainda pode se estender por até três anos. Há perigo de haver, no segundo semestre, um aumento forte da cadeia de proteína no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Além disso, o aumento da tensão comercial, em decorrência da ameaça de escalada de tarifas dos Estados Unidos contra a China, representa um fator baixista para os grãos, soja em particular. A dieta do chinês é um vegetal com uma proteína, então, haverá uma substituição da dieta chinesa, saindo carne suína entrando carne bovina e frango.

Um choque de oferta já aconteceu, pois há alta substancial dos preços da cadeia de proteína no Brasil em um ano. Mapeando fatores de riscos para os preços de alimentos no mundo, a situação gerada pela peste suína africana só deve se regularizar em dois ou três anos, controlado esse surto. Apesar de o governo afirmar que está controlado, o surto está se espalhando e já atingiu Camboja e Vietnã, maiores consumidores per capita do mundo de carne suína, e há focos no Japão, no Leste Europeu, Rússia, Ucrânia e até na Bélgica, país desenvolvido. A Austrália, continua, seria um natural fornecedor de carne bovina para a China neste momento, não fosse a queda de 15% a 20% do rebanho devido à seca no ano passado.

O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) espera um crescimento de 70% nas importações chinesas de carne de frango. Em relação à soja e disputa comercial, a China deve retaliar os Estados Unidos comprando mais soja da América do Sul, como fez em 2018. Com a ameaça, a soja na Bolsa de Chicago já está sendo negociada abaixo do custo médio para os norte-americanos. Aumentou o risco de os Estados Unidos plantarem menos soja nessa safra. A soja brasileira deve ficar mais cara que a norte-americana. Os prêmios do Brasil versus Estados Unidos devem subir. Os Estados Unidos passam por uma primavera fria e chuvosa, que já atrasa o plantio, gerando alguma incerteza. Antes da soja, o plantio do milho é bastante afetado, em decorrência de alagamentos.

A previsão é de chuvas para a primeira quinzena de maio inteiro, quando fecha a "janela ótima" para o plantio do milho. Até o dia 28 de abril, os produtores tinham semeado 15% da área total prevista, abaixo da média de 27% registrada nos cinco anos anteriores. Apostas de que o agricultor que não conseguir semear milho opte por cultivar soja vinham ajudando a puxar as cotações do milho para cima, com consequente baixa da soja. Ao mesmo tempo, o "break even" atual, com custos e receitas semelhantes, reforçado pela guerra comercial, pode fazer com que agricultores decidam não plantar nem soja. Sendo compensados, neste caso, por programa do governo, que prevê ajuda em caso de enchentes ou para reflorestamento, por exemplo. Os estoques norte-americanos de soja estão elevadíssimos. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.