ANÁLISES

AGRO


SOJA


MILHO


ARROZ


ALGODÃO


TRIGO


FEIJÃO


CANA


CAFÉ


CARNES


FLV


INSUMOS

06/Mai/2019

Tendência de baixa da soja com excesso de oferta

Com futuros em queda contínua em Chicago, prêmios que não reagem nos portos brasileiros e problemas na demanda global, com o avanço da Peste Suína Africana (ASF) na China – que reduz a demanda por farelo de soja e, consequentemente, por soja em grãos – a tendência é baixista para os preços da soja no mercado físico brasileiro. O efeito colateral mais agudo da ASF na China ocorre sobre o mercado global de soja e derivados (especialmente farelo de soja), já que deve haver uma redução nas importações no ano comercial atual para 88,0 milhões de toneladas, contra 94,1 milhões de toneladas no ano anterior – essa é a primeira queda de importações em 15 anos. No cenário mais otimista, a recuperação do rebanho de suínos da China poderá levar de três a cinco anos, mantendo sua demanda por soja em grão limitada neste mesmo período.

Os preços do complexo soja renovaram as mínimas em abril. No Brasil, o movimento baixista se deve à forte desvalorização nos contratos futuros nos Estados Unidos, às expectativas de safra volumosa na Argentina, à oferta nacional abundante e à demanda enfraquecida, tanto por parte de compradores domésticos quanto externos. Ressalta-se que a queda no Brasil acabou sendo limitada pela valorização do dólar e pelo elevado ritmo de embarques do grão, que estabilizou os prêmios de exportação. Nos últimos sete dias, o Indicador da soja Paranaguá ESALQ/BM&F, referente ao grão depositado no corredor de exportação e negociado na modalidade spot (pronta entrega), no Porto de Paranaguá, apresenta recuo de 2%, cotado a R$ 73,94 por saca de 60 Kg, o menor patamar desde 9 de fevereiro de 2018, em termos nominais. A média ponderada da soja no Paraná, refletida no Indicador CEPEA/ESALQ registra queda de 2,5% nos últimos sete dias, a R$ 69,36 por saca de 60 Kg.

Nos últimos sete dias, as cotações da oleaginosa registram recuo de 2,3% no mercado de balcão (preço pago ao produtor) e de 2,7% no mercado de lotes (negociações entre empresas). Entre março e abril, o dólar subiu 1,2%, com média a R$ 3,89, a maior desde setembro/2018, quando estava a R$ 4,10, o maior desde o início do Plano Real. No caso das exportações, o fechamento de novos negócios é pontual, apenas para completar cargas. Até o início deste ano, os pedidos de compradores com entrega em março/2020 estavam entre R$ 84,00 e R$ 85,00 por saca de 60 Kg e, atualmente, alguns vendedores ofertam R$ 80,00 por saca de 60 Kg, para a mesma posição, mas já não há interesse de compra. A paridade de exportação indica preços a R$ 80,87 por saca de 60 Kg, para o embarque em março/2020, conforme o dólar futuro negociado na quinta-feira (02/05) na B3 (R$ 3,96). Nos Estados Unidos, as vendas seguem significativamente reduzidas.

Segundo o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), embora as exportações da última semana tenham crescido 27,3% frente às da anterior, foram 29,1% menores que as do mesmo período de 2018. Na parcial desta temporada (de setembro até atualmente), as exportações estão 27,5% inferiores às do mesmo período da temporada passada, totalizando apenas 31,54 milhões de toneladas. Com isso, o contrato de primeiro vencimento da soja na Bolsa de Chicago registra baixa expressiva de 3,3% nos últimos sete dias, para US$ 8,30 por bushel, o menor patamar desde 19 de setembro de 2018. De março para abril, a queda foi de 1,5%. Para o farelo de soja, a desvalorização é de 4,4% no mesmo período, a US$ 322,31 por tonelada, o mesmo patamar do dia 30 de agosto de 2017, em termos nominais. Entre março e abril, o contrato de primeiro vencimento cedeu 0,2%. Para o óleo de soja, o contrato de primeiro vencimento apresenta recuo de 1,5% nos últimos sete dias, a US$ 600,31 por tonelada, o menor desde 27 de novembro de 2018. Na média do mês passado, as cotações de óleo recuaram fortes 2,4%.

Essas baixas só não foram mais intensas porque o clima está desfavorável nos Estados Unidos. O excesso de umidade impede o avanço dos trabalhos de campo. Dados do USDA divulgados no dia 29 de abril, indicam que o plantio de soja avançou apenas 2% em uma semana, totalizando 3% da área semeada, inferior aos 5% no mesmo período do ano passado e aos 6% na média dos últimos cinco anos. De acordo com relatório da Bolsa de Cereais de Buenos Aires, as chuvas seguem atrasando e até mesmo interrompendo os trabalhos de campo na região norte da Argentina. Ainda assim, a colheita já chega a 59,3% da área (de 17,7 milhões de hectares), com produção estimada em 55 milhões de toneladas de soja. Os preços do farelo de soja seguem em consecutivas baixas no mercado brasileiro, pressionados pela desvalorização da matéria-prima e pelo menor interesse de consumidores, que se mostram abastecidos.

Grande parcela de demandantes adquire, sem dificuldades, lotes para consumo de médio a longo prazos. Além disso, o enfraquecimento na demanda externa, a queda nos preços futuros na Bolsa de Chicago e o recuo no prêmio de exportação do derivado também influenciam as quedas domésticas. Assim, grande parte das regiões registraram, em abril, a menor média desde fevereiro/2018, em termos nominais. Nos últimos sete dias, os preços do farelo de soja apresentam queda de 0,1%. Entre março e abril, a queda foi de 1,2%. Para os próximos meses, agentes de indústrias acreditam em aquecimento na demanda por farelo, especialmente por parte de suinocultores. Quanto ao óleo de soja, a demanda segue pontual, especialmente para a produção de biodiesel, enquanto as exportações estão significativamente enfraquecidas. O preço do óleo de soja (posto em São Paulo com 12% de ICMS) registra avanço de 0,1% nos últimos sete dias, a R$ 2.734,30 por tonelada. Entre março e abril, no entanto, o subproduto se desvalorizou 1,5%. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.