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22/Abr/2019

Tendência é de sustentação com o dólar e prêmios

Mesmo com a estagnação das cotações futuras em Chicago ao redor de US$ 9/bushel, a tendência é de sustentação dos preços da soja no mercado brasileiro, diante do patamar mais alto do dólar e das altas dos prêmios nos portos brasileiros para embarques nos próximos meses. A valorização do dólar frente ao Real, a relativa estabilidade dos prêmios e o aumento de cotas nos armazéns portuários aumentaram a liquidez no mercado de soja e sustentam os preços domésticos do grão. Porém, o preço FOB no Porto de Paranaguá (PR) registra queda, pressionado pela forte desvalorização nos contratos futuros nos Estados Unidos, o que, inclusive, limitou a alta doméstica. O dólar registrou forte valorização de 1,9% entre os dias 11 e 17 de abril. Com isso, nos últimos sete dias, o Indicador da soja Paranaguá ESALQ/BM&F, referente ao grão depositado no corredor de exportação e negociado na modalidade spot (pronta entrega), no Porto de Paranaguá, apresenta avanço de 1,0%, cotado a R$ 76,99 por saca de 60 Kg. A média ponderada da soja no Paraná, refletida no Indicador CEPEA/ESALQ registra alta de 0,6% nos últimos sete dias, a R$ 72,00 por saca de 60 Kg.

Nos últimos sete dias, as cotações da oleaginosa registram leve baixa de 0,2% no mercado de balcão (preço pago ao produtor), e alta de 0,5% no mercado de lotes (negociações entre empresas). A sustentação vem também dos prêmios de exportação de soja para o Porto de Paranaguá (PR). O embarque em maio/2019 tem oferta de compra a +US$ 0,28 por bushel. Mesmo com a alta nos prêmios, o valor FOB para a soja em grão para embarque em maio/2019, no Porto de Paranaguá (PR), é de US$ 20,14 por saca de 60 Kg, queda de 2,8% nos últimos sete dias. Na Bolsa de Chicago, o vencimento Maio/2019 da soja apresenta recuo de 1,8% nos últimos sete dias, a US$ 8,79 por bushel, o menor patamar desde 11 de março deste ano. O contrato de mesmo vencimento do farelo de soja registra queda de 1,1%, a US$ 334,99 por tonelada, o menor valor desde 14 de março. Em relação ao óleo de soja, a queda é de 1,8% no período, a US$ 627,43 por tonelada.

A pressão vem do aumento na relação estoque/consumo final nos Estados Unidos, a qual, nesta safra, deve ser a maior desde a temporada 1985/1986. Segundo o relatório de inspeção e exportação do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) divulgado no dia 15 de abril, os embarques de soja nos Estados Unidos caíram 48,1% entre a duas últimas semanas. Na parcial desta safra, as exportações são 27,6% inferiores às do mesmo período da temporada passada. Mesmo com as recentes altas no mercado brasileiro, na parcial deste mês, os valores da oleaginosa são os menores deste ano, em termos nominais. Esse cenário se deve à menor procura por indústrias brasileiras, uma vez que grande parcela tem garantido os lotes por contrato a termo e negociado poucos volumes no spot. Além disso, as aquisições são para consumo a médio prazo, visto que agentes esperam por preços menores. As comercializações com entrega em 2020 seguem reduzidas.

Isso porque há incertezas sobre o tamanho da safra brasileira e sobre mudança na tabela de fretes rodoviários. Além disso, embora os embarques com destino à China sigam elevados, há expectativa que o país asiático reduza as aquisições nesta temporada, devido à possível diminuição na produção de suínos no país, por conta de recentes casos de peste suína africana. A demanda por farelo e óleo de soja segue enfraquecida no mercado brasileiro. Fábricas de ração, suinocultores e avicultores estão cautelosos nas aquisições. Quanto ao óleo de soja, a menor procura no mercado spot tem pressionado os valores. Com isso, os preços do óleo de soja (posto em São Paulo com 12% de ICMS) registram queda de 0,5% nos últimos sete dias, a R$ 2.686,45 por tonelada. Na parcial do mês, a média é a menor desde março/2018, em termos nominais. Para o farelo, os valores também apresentam baixa no período. Na parcial do mês, diversas regiões registram a menor média mensal desde fevereiro de 2018.

A desvalorização dos derivados foi limitada pela alta no valor FOB do farelo e óleo de soja no Porto de Paranaguá (PR). Os embarques maio/2019 tiveram respectivas altas de 0,5% e 3,1%, cenário que elevou o crush margin, especialmente com embarque em maio/2019, que passou de US$ 27,21 por tonelada no dia 11 de abril, para US$ 35,84 por tonelada no dia 17 de abril, expressiva elevação de 32%. No campo, a colheita de soja no Brasil segue para a reta final. Na Região Sul, o clima continua beneficiando os trabalhos de campo, enquanto na região do MATOPIBA as chuvas têm impedido o avanço na colheita e reduzido a qualidade do grão. Os produtores relatam que os lotes que estão sendo colhidos nas últimas semanas têm maior quantidade de soja avariada. Na Argentina, em relatório divulgado no dia 17 de abril, a Bolsa de Cereais de Buenos Aires aponta que as boas condições climáticas permitiram um avanço semanal na colheita de 17,1%, atingindo 34,1% da área semeada. No entanto, ainda há um atraso anual de 5,5% na colheita. A estimativa de produção se mantém em 55 milhões de toneladas. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.