01/Dec/2025
A procura doméstica por milho está mais aquecida nos últimos dias, o que eleva os preços do cereal na maioria das regiões. Parte dos consumidores que priorizava o uso de estoques e/ou aguardava desvalorização está de volta ao mercado, no intuito de recompor os estoques e se programar para o final de 2025. Vale lembrar que as últimas semanas do ano são marcadas pela menor liquidez, sobretudo devido à paralisação de transportadoras. Do lado da oferta, os vendedores focados na semeadura da safra de verão (1ª safra 2025/2026) e atentos a esse retorno dos consumidores limitam o volume de mercadoria para entrega imediata, reforçando a alta nas cotações. Além disso, a paridade de exportação e os embarques se mantendo em bons patamares também dão suporte aos vendedores, que acabam aguardando oportunidades mais remuneradoras para novos negócios.
Vale lembrar que, para os próximos meses, a entrada da safra dos Estados Unidos, a necessidade de liberação de armazéns por parte de agricultores brasileiros e o estoque de passagem elevado no País podem limitar avanços nos preços internos do milho. O Indicador ESALQ/BM&F (Campinas - SP) registra avanço de 1,4% nos últimos sete dias, cotado a R$ 68,62 por saca de 60 Kg. Em novembro, a elevação foi de 3,7%. A média de novembro ficou 3,3% acima da de outubro. Nos últimos sete dias, a alta é de 1,4% no mercado de balcão (valor pago ao produtor) e de 1,3% no mercado de lotes (negociação entre empresas). Destaque para São Paulo e Rio Grande do Sul, que registram avanços mais consideráveis, tendo em vista que são regiões onde existe déficit do cereal neste período. Nas Mogiana (SP) e em Passo Fundo (RS), os preços apresentam alta de 2,3% e 3,2% nos últimos sete dias, respectivamente.
Em regiões ofertantes, como Rio Verde (GO) e o norte do Paraná, as altas são de apenas 0,4% e 0,2%, no mesmo período de comparação. Na B3, a demanda aquecida, as altas dos preços internacionais e as atenções voltadas ao desenvolvimento da safra de verão (1ª safra 2025/2026) impulsionam os futuros. O primeiro contrato (Janeiro/2026) tem forte avanço de 3,7% nos últimos sete dias, cotado a R$ 73,51 por saca de 60 Kg. O vencimento Março/2026 apresenta valorização de 4% no mesmo período, a R$ 75,17 por saca de 60 Kg. Na parcial de novembro (com 14 dias úteis), os embarques brasileiros de milho totalizam 3,93 milhões de toneladas, o que já representa 83% do escoado em todo mês de novembro/24, segundo dados preliminares da Secretaria de Comércio Exterior (Secex).
Caso esse atual ritmo se mantenha, o volume acumulado em novembro deve chegar a 5,34 milhões de toneladas, superior às 4,72 milhões de toneladas exportadas em novembro/2024, mas ainda abaixo de outubro/2025, de 6,5 milhões de toneladas. Nos portos, os preços estão em alta, com influência vinda das valorizações externa e do dólar. Nos portos de Paranaguá (PR) e Santos (SP), nos últimos sete dias, os avanços são de 0,4% e de 0,8%, respectivamente. O cultivo da safra de verão (1ª safra 2025/2026) segue em bom ritmo nas principais regiões produtoras. Até o dia 22 de novembro, a semeadura somava 59,3% da área nacional, avanço semanal de 6,7% e ainda 0,6% acima da média dos últimos cinco anos. No Paraná, até o dia 24 de novembro, das lavouras implantadas, 92% estão em boas condições; 7%, em médias e apenas 1% está ruim, conforme dados do Departamento de Economia Rural (Deral/Seab). Apesar da leve piora das condições das lavouras na semana passada, o desenvolvimento segue satisfatório.
No Rio Grande do Sul, as condições climáticas atuais têm beneficiado a cultura, que apresenta bom desenvolvimento. Até o dia 27 de novembro, a semeadura somava 86% da área estadual, e, destas lavouras, 52% já estão em desenvolvimento vegetativo; 30%, em floração e 18%, em enchimento dos grãos, segundo a Emater-RS. Em Santa Catarina, a semeadura está praticamente finalizada (98%), mas as baixas temperaturas ainda preocupam quanto ao atraso no desenvolvimento, conforme indica dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) de 22 de novembro. Em Goiás, a semeadura chegou a 39% da área estimada até a mesma data, contra 12% no mesmo período de 2024. Em São Paulo e Minas Gerais, a semeadura somava 75% e 52,5% das respectivas áreas, segundo a Conab.
Nos Estados Unidos, os preços também estão em alta, impulsionados pela valorização do trigo, que é substituto direto na ração animal, além da forte demanda internacional pelo cereal do país. Na Bolsa de Chicago, o contrato Dezembro/2025 tem alta de 1,2% nos últimos sete dias, a US$ 4,31 por bushel. O contato Março/2026 está cotado a US$ 4,45 por bushel, com elevação de 1,7% no mesmo comparativo. A Bolsa de Chicago não operou na quinta-feira (27/11) devido ao feriado do dia de Ação de Graças nos Estados Unidos. No campo, relatório do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) apontou que 96% da área norte-americana havia sido colhida até o dia 23 de novembro, contra 100% no mesmo período do ano passado e 97% na média (2020-2024). Na Argentina, dados da Bolsa de Cereais de Buenos Aires do dia 27 de novembro indicam que 39,3% da área havia sido semeada. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.