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19/Nov/2025

Etanol de Milho vai atingir 50% da oferta até 2030

Segundo a StoneX, o etanol de milho representará cerca de 50% da oferta nacional de biocombustíveis até 2030. A consolidação do Brasil como protagonista global na produção de combustíveis renováveis de origem agrícola se baseia na reconfiguração do mercado, em incentivos fiscais regionais, no surgimento de polos fabris nas Regiões Norte e no Nordeste e em um novo ciclo de consumo impulsionado pela descarbonização. Ainda assim, serão necessários investimentos para absorver a expansão da oferta no mercado interno nos próximos anos. No ciclo 2025/2026, o País deverá produzir pouco menos de 10 bilhões de litros de etanol de milho. Para a safra 2026/2027, o Centro-Sul tende a ultrapassar 11,4 bilhões de litros, o que corresponderá a 32% do total nacional. A produção pode superar 20 bilhões de litros e chegar a 50% da oferta interna em 2030, caso se confirmem a conclusão de, pelo menos, 15 novas usinas e a manutenção de margens operacionais favoráveis.

O segmento de etanol de milho vive um momento de margens excepcionais, o que tem levado diversas usinas de cana-de-açúcar a retomarem estudos para adaptar suas rotas tecnológicas. Trata-se de uma terceira onda, de caráter estrutural e de longo prazo. A projeção supera a da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), que calcula que o combustível derivado de milho, responsável por 20% da produção em 2024, responderá por mais de 30% da oferta total em 2035. O mercado brasileiro passa pela transformação mais relevante desde o lançamento dos veículos flex, abrindo um novo ciclo de investimentos fora da Região Centro-Oeste. Projetos avançam na região do Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia) e ganham força na Região Sul. No Rio Grande do Sul, a Be8, do ECB Group, ergue a primeira usina nacional à base de cereais, com foco em trigo, mas apta a processar triticale e milho, com um aporte de R$ 1 bilhão. A planta terá capacidade para produzir 220 milhões de litros anuais.

No Paraná, a Coamo Agroindustrial Cooperativa recebeu, em maio, licença para construir seu primeiro complexo de etanol de milho em Campo Mourão. Ambos os empreendimentos contam com apoio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O etanol de cana-de-açúcar não vai desaparecer, mas ele deverá perder participação e ficar abaixo da metade da produção brasileira. Se, por um lado, a produção durante todo o ano, a possibilidade de estocagem e a venda de coprodutos são atrativos para o plantio do grão, por outro, a interiorização da indústria de biocombustível exige infraestrutura. Na Região Nordeste, a produção era zero em 2023 e, já em 2025, deve ultrapassar 1 milhão de litros, elevando significativamente o fluxo rodoviário para o escoamento. Será necessário investir em dutos, ter distribuidoras aptas a manejar essas cargas e adaptação dos postos.

A União Nacional do Etanol de Milho (Unem) defende o combustível como vetor de desenvolvimento regional, por agregar valor à produção agrícola, mas alerta para a importância de sincronizar oferta e demanda, evitando ciclos de expansão seguidos de retração, como ocorreu anteriormente. O consumo de biocombustíveis também deve ser estimulado pela Lei Combustível do Futuro. A monofasia tributária e as reformas fiscais previstas até 2028 ainda podem criar um ambiente mais favorável, reduzindo em até 5% a paridade média nacional do biocombustível. A monofasia tende a diminuir o preço do etanol hidratado na Região Nordeste. Estados tradicionalmente canavieiros, como Pernambuco e Alagoas, podem ser beneficiados pela equiparação de alíquotas, estimulando o consumo interno.

O Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (IBP) destaca que a maior oferta de milho confere robustez ao suprimento de biocombustíveis no momento em que a demanda por sustentabilidade se faz sentir com maior intensidade, mas frisa que a monofasia é essencial para coibir irregularidades tributárias e que isso, no longo prazo, tende a gerar ofertas melhores. Terceiro maior produtor de milho do planeta, o Brasil destinou 15% da colheita 2023/2024 ao etanol, segundo a EPE. Para a StoneX, é possível expandir ainda mais sem comprometer áreas verdes. A 2ª safra é muito expressiva e já serve de base para o crescimento. O avanço do confinamento de gado, liberando pastagens para grãos, é outra alternativa. O aumento da produtividade via tecnologia é o caminho ideal, em sintonia com os padrões ESG. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.