17/Nov/2025
Enquanto na Região Centro-Oeste os valores do milho estão enfraquecidos, nas demais regiões observam-se pequenos avanços e/ou sustentação. Assim, nos últimos sete dias, observa-se alta de 0,7% nos preços do mercado de balcão (preço recebido pelo produtor) e estabilidade no mercado de lotes (negociação entre empresas). O Indicador ESALQ/BM&F (Campinas - SP) apresenta avanço de 0,9% nos últimos sete dias, cotado a R$ 67,46 por saca de 60 Kg, refletindo, neste caso, a retração de vendedores no spot. No acumulado da parcial de novembro, o Indicador registra alta de 2%, com média de R$ 67,04 por saca de 60 Kg, a maior deste semestre. A liquidez está menor, sobretudo porque grande parte dos vendedores está afastada do spot. Do lado da demanda, muitos consumidores têm interesse em novas aquisições, mas os fechamentos envolvem apenas pequenos volumes. Por um lado, a recuperação no valor externo e a intensificação das exportações brasileiras são fatores de sustentação aos preços internos.
Por outro, a desvalorização do dólar, o bom desenvolvimento das lavouras de milho da safra de verão (1ª safra 2025/2026) e o amplo excedente interno podem resultar em quedas. Esse contexto evidencia que o mercado ainda deve buscar ajustes nos próximos meses. Na B3, os contratos estão pressionados, como reflexo das baixas do dólar e das previsões positivas para a safra brasileira de 2025/2026. Os vencimentos Novembro/2025 e Janeiro/2026 registram recuo ambos de 0,7% nos últimos sete dias, a R$ 67,75 por saca de 60 Kg e a R$ 70,97 por saca de 60 Kg, respectivamente. Nos primeiros cinco dias úteis de novembro, foram embarcadas 1,14 milhão de toneladas de milho, com média diária de 228,1 mil toneladas. Caso esse ritmo seja mantido até o encerramento deste mês, o volume exportado em novembro pode atingir 4,33 milhões de toneladas, mas ainda ficaria abaixo das 4,72 milhões de toneladas escoadas há um ano. Apesar da desvalorização do dólar, as cotações nos portos se mantêm firmes.
No Porto de Paranaguá (PR), a alta é de 0,5% nos últimos sete dias e, no Porto de Santos (SP), há pequena baixa de 0,2% no período. Os contratos na Bolsa de Chicago são impulsionados por expectativas de maior demanda externa pelo cereal norte-americano, sobretudo por parte da Tailândia, e pelo fim do “shutdown”, que vai permitir retomada da divulgação de novos dados de oferta e demanda por parte do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA). Nos últimos sete dias, o contrato Dezembro/2025 tem alta de 3%, cotado a US$ 4,41 por bushel. O vencimento Março/2026 registra valorização de 2,8% no mesmo período, para US$ 4,55 por bushel. Dados divulgados no dia 13 de novembro pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), indicam que a área com milho da safra de verão (1ª safra 2025/2026) deve crescer em todas as mesorregiões brasileiras, com aumento de 7,1% na média nacional, para 4,04 milhões de hectares.
Esse cenário se deve à migração de muitos produtores de arroz e feijão para o milho, que tem melhor perspectiva de rentabilidade. A produtividade estimada é de 6,4 toneladas por hectare, 3,1% inferior à da temporada anterior. Com isso, a produção prevista é de 25,9 milhões de toneladas, 3,7% acima da safra anterior. Para 2ª safra de 2026, a previsão é de aumento de área e redução de produtividade, que resultaria em oferta de 110,5 milhões de toneladas, 2,5% a menos que a colhida em 2025. Para a 3ª safra de 2026, cultivada em estados das Região Norte e Nordeste, há previsão de menores área e produtividade, resultando em produção de 2,5 milhões de toneladas, com queda de 13,1% sobre a temporada de 2025. No agregado, a Conab estima a produção nacional em 138,4 milhões de toneladas para 2025/2026, com queda de 1,6% em relação a 2024/2025. Considerando-se os amplos estoques iniciais previstos para fevereiro/2026 e as importações, a disponibilidade interna deve alcançar o recorde de 154,7 milhões de toneladas, 6,9% acima da temporada passada.
Deste total, 94,6 milhões devem ser consumidos internamente, gerando excedente superior a 60 milhões de toneladas, o maior desde a temporada 2022/2023. Espera-se que 46,5 milhões de toneladas sejam exportadas entre fevereiro/2026 e janeiro/2027, o que representaria o maior volume em três safras. Os estoques finais devem continuar elevados, até então previstos em 13,5 milhões de toneladas. De maneira geral, as condições climáticas continuam favorecendo a semeadura e o desenvolvimento das lavouras da safra de verão (1ª safra 2025/2026). Contudo, em algumas regiões do País, como no Paraná e no Rio Grande do Sul, os volumes de chuvas, a intensidade dos ventos e registros de granizo deixam produtores em alerta. Segundo a Conab, até 8 de novembro, 47,7% da área da safra de verão (1ª safra 2025/2026) havia sido semeada no Brasil, avanço semanal de 4,9% e 2,2% acima da média dos últimos cinco anos.
No Paraná, conforme dados do Departamento de Economia Rural (Deral/Seab) de 10 de novembro, a semeadura foi concluída. Das lavouras implantadas, 94% estão em boas condições e 6%, em condições médias. Contudo, houve perdas totais em algumas localidades, em razão das chuvas intensas do início deste mês. No Rio Grande do Sul, a maior parte das lavouras apresenta desenvolvimento satisfatório, com a semeadura cobrindo 83% da área estadual, acima da média das últimas cinco safras (78%), segundo a Emater-RS. Em Santa Catarina, as baixas temperaturas vêm atrasando o desenvolvimento das lavouras, mas a semeadura já alcança 96% da área, segundo dados da Conab de 8 de novembro. Em Goiás, a semeadura somava, até o dia 8 de novembro, 8% da área estimada, contra 14% no mesmo período de 2024. Em São Paulo e Minas Gerais, a semeadura somava, respectivamente, 45% e 27% das áreas, segundo a Conab. Quanto à Argentina, a semeadura da temporada 2025/2026 aproximava-se de 37% da área, segundo a Bolsa de Cereais de Buenos Aires. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.