27/Oct/2025
Focados principalmente nas atividades de campo e atentos ao ritmo das exportações, que voltaram a melhorar nas últimas semanas, os produtores brasileiros seguem afastados das vendas de milho, o que vem elevando os preços de negociação. Esses agentes acreditam que a manutenção dos embarques e a necessidade de alguns compradores internos de refazer estoques elevem os valores do cereal nos próximos meses. A demanda, no entanto, está desaquecida. Muitos compradores negociam apenas quando há necessidade, consumindo, por ora, estoques e/ou lotes que foram negociados antecipadamente. Esse cenário acaba limitando altas mais intensas nos preços. No campo, o clima vem favorecendo os trabalhos envolvendo a safra de verão (1ª safra 2025/2026).
O retorno das chuvas deve favorecer as regiões produtoras do Sul do País e sobretudo permitir a semeadura da 2ª safra de 2026 na Região Centro-Oeste no período considerado ideal. Assim, as expectativas são de que produção brasileira do cereal seja boa na próxima temporada. Nos últimos sete dias, as elevações são de 1,3% no mercado de balcão (preço pago ao produtor) e de 0,2% no mercado de lotes (negociação entre empresas). O Indicador ESALQ/BM&F (Campinas - SP) registra alta de 0,8% nos últimos sete dias, cotado a R$ 65,63 por saca de 60 Kg. Na B3, os vencimentos apresentam comportamentos distintos. Nos últimos sete dias, o contrato Novembro/2025 apresenta baixa de 1%, cotado a R$ 67,26 por saca de 60 Kg; já o contrato Janeiro/2026 tem avanço de 0,1%, a R$ 70,72 por saca de 60 Kg.
Segundo a Secretaria de Comércio Exterior (Secex), até a terceira semana de outubro, o Brasil exportou 3,57 milhões de toneladas de milho, com média diária de 274,9 mil toneladas. Caso esse ritmo continue até o encerramento do mês, o total enviado pode chegar a 6,3 milhões de toneladas, o que seria 16% abaixo do de setembro/2025, mas apenas 1,5% inferior ao volume escoado há um ano. Quanto aos preços no spot, apesar da alta externa, a desvalorização da moeda norte-americana impede avanços. Nos últimos sete dias, observa-se pequena queda de 0,5% no Porto de Paranaguá (PR) e leve alta de 0,2% no Porto de Santos (SP), a R$ 67,13 por saca de 60 Kg e a R$ 68,35 por saca de 60 Kg, respectivamente. Com o clima beneficiando, a semeadura da safra de verão (1ª safra 2025/2026) tem avançado.
Até o dia 18 de outubro, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) indicou que a média da área nacional semeada somava 33,2%, progresso semanal de 2%, mas ainda abaixo dos 34,4% da média dos últimos cinco anos. No Paraná, dados do Departamento de Economia Rural (Deral/Seab) do dia 20 de outubro indicam que 94% da área de milho da safra de verão (1ª safra 2025/2026) já havia sido semeada, sendo que 98% estão em boas condições e apenas 2% em médias. No Rio Grande do Sul, nas principais regiões produtoras, as atividades já foram concluídas, favorecidas pela boa disponibilidade hídrica e por temperaturas adequadas. Com isso, dados da Emater-RS indicam que a semeadura somava 75% da área até o dia 23 de outubro. Em Santa Catarina, os trabalhos de campo foram dificultados pelo excesso de chuvas, pelo frio e pela baixa luminosidade. A semeadura totalizava 78% da área, segundo os dados da Conab até o dia 18 de outubro.
Na Região Sudeste, ainda em fase inicial, a semeadura chegou a 3,3% da área de Minas Gerais e a 3% de São Paulo, favorecida pelo recente retorno das chuvas, também de acordo com os dados da Conab do dia 18 de outubro. Nos Estados Unidos, os futuros avançaram, impulsionados pela demanda aquecida e pela alta nos valores do petróleo, que eleva a competividade do etanol. Vale lembrar que, no país, o biocombustível é feito principalmente com milho. Nos últimos sete dias, os vencimentos Dezembro/2025 e Março/2026 apresentam alta de 1,48% e 1,32%, a US$ 4,28 por bushel e a US$ 4,41 por bushel. Na Argentina, a semeadura do cereal precoce já foi concluída, mas ainda são necessários maiores volumes de chuvas para sustentar as boas condições das lavouras. Especificamente na região de Buenos Aires, é o excesso de precipitações que tem atrasado a semeadura. Segundo a Bolsa de Cereais de Buenos Aires, até o dia 23 de outubro, as atividades somavam 33,8% da área nacional. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.