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24/Oct/2025

Etanol de Milho tem custo menor do que o de cana

Segundo o BTG Pactual, o etanol de milho custa R$ 1,94 por litro, 24% abaixo dos R$ 2,54 por litro do etanol de cana-de-açúcar, e deve alcançar 10,2 bilhões de litros em 2025/2026, o equivalente a quase 30% da produção brasileira do biocombustível, estimada em 35,5 bilhões de litros. As usinas de cana-de-açúcar devem reduzir a oferta de etanol em 12%, para 25,3 bilhões de litros, com maior direcionamento da matéria-prima para açúcar. As margens do etanol de milho estão acima de R$ 1,00 por litro com os preços atuais de mercado. Parte dessa rentabilidade vem da venda dos grãos secos de destilaria, conhecidos como DDG, que representam cerca de 25% da receita das usinas e têm preços ligados ao farelo de soja. A taxa interna de retorno dos projetos fica entre 12% e 20% dependendo dos preços do etanol (R$ 2.500,00 a R$ 3.300,00 por m³), do milho (R$ 45,00 a R$ 65,00 por saca de 60 Kg) e dos DDG (R$ 800,00 a R$ 1.450,00 por tonelada).

Se todas as usinas anunciadas, em construção e com aprovação pendente, entrarem em operação, o etanol de milho pode chegar a 40% da produção total até 2028/2029. Existem 29 usinas autorizadas e 19 em processo de autorização espalhadas principalmente pela Região Centro-Oeste. A produtividade do milho explica a competitividade. Enquanto a cana-de-açúcar estagnou nas últimas duas décadas, o milho brasileiro avançou de índice 100 em 2005 para cerca de 175 em 2024, aproximando-se da trajetória norte-americana, que atingiu 190. A produção total de etanol no Brasil deve cair 4% para 35,5 bilhões de litros em 2025/2026. A queda no etanol de cana-de-açúcar para 25,3 bilhões de litros reflete a decisão das usinas de direcionar mais cana para açúcar, que bateu recorde de participação no mix. O balanço doméstico de etanol fica apertado no curto prazo. A disponibilidade interna deve recuar 3% para 34,1 bilhões de litros, com exportações líquidas de 1,4 bilhão de litros, conforme dados da União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia (Unica) e do Ministério da Agricultura (Mapa).

Os estoques domésticos estão em 2 bilhões de m³, o menor nível em vários anos. No pico, os estoques passavam de 10 bilhões de m³. A paridade do etanol hidratado em relação à gasolina C está em 69%, próxima do nível de 70% que o mercado considera competitivo. A política de preços da Petrobras limita repasses de alta do petróleo brent aos preços domésticos da gasolina, criando vento contrário para o etanol. A eventual remoção das tarifas de importação poderia pressionar os preços internos. Com as cotações atuais, o etanol importado sem os impostos PIS e Cofins teria margem positiva de R$ 112,00 por m³ na Região Nordeste e negativa de R$ 290,00 por m³ no Centro-Sul. Mas, com a alíquota de 18%, as margens ficariam negativas nas duas regiões. O crescimento da demanda no ciclo Otto, que inclui carros de passeio, deve desacelerar para cerca de 2% ao ano, abaixo dos 2,6% observados entre 2012 e 2020, conforme projeções do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).

O mercado de CBios permanece desequilibrado pelo excesso de oferta, com preços em torno de R$ 40,00 por crédito, após a queda de 82% desde 2022. As emissões devem alcançar 34,1 milhões de unidades em 2025 e 48,2 milhões em 2026, superando a demanda e mantendo estoques elevados, estimados em 23,1 milhões de créditos. O desequilíbrio estrutural entre emissões elevadas e aquisições aquém das metas deve manter os preços deprimidos nos próximos anos. O BTG Pactual projeta recuperação lenta, com preços médios de R$ 80,00 em 2026, R$ 110,00 em 2027 e R$ 255,00 em 2034, conforme o mercado se reequilibra. Os fluxos de caixa para produtores devem crescer de R$ 1,9 bilhão em 2025 para R$ 18,5 bilhões em 2034. As sucessivas revisões das metas do RenovaBio, reduzidas de 99,2 milhões de CBios em 2028 para 71,3 milhões de CBios em 2034, colocam em risco a credibilidade do programa. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.