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23/Oct/2025

Divulgação de relatório de grãos do USDA é dúvida

Segundo a StoneX, a paralisação do governo dos Estados Unidos, que nesta quarta-feira (22/10) completou 22 dias, coloca em dúvida a divulgação do relatório de oferta e demanda de grãos (Wasde) inicialmente previsto para 10 de novembro. O cancelamento do relatório de outubro já é considerado praticamente certo, e o de novembro corre risco se a paralisação se estender para a próxima semana. A paralisação do governo norte-americano se deve ao fato de o orçamento não ter sido aprovado pelo congresso do país. Caso o relatório de novembro seja cancelado, será a primeira vez na história que dois relatórios Wasde consecutivos deixam de ser divulgados por paralisação do governo. Considerando todo o trabalho e o tempo necessários para montar um relatório Wasde, especialmente nesta época do ano, quando isso inclui levantamentos de campo e pesquisas com produtores, a percepção é de que não haverá tempo para o relatório de novembro.

A equipe do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) precisa fazer levantamentos em lavouras por todo o país, aplicar questionários aos produtores, aguardar o retorno das pesquisas, calcular os dados, consolidar as estimativas de rendimento e revisar os balanços de oferta e demanda. A paralisação mais longa registrada até hoje foi de 35 dias, entre dezembro de 2018 e janeiro de 2019, quando o relatório de janeiro foi cancelado. Antes disso, em outubro de 2013, a paralisação durou 16 dias e o relatório de outubro foi cancelado, mas nunca houve cancelamento de dois relatórios consecutivos. Se entrar na próxima semana ainda em paralisação parcial do governo, começa a ficar provável que, no mínimo, haverá um atraso no Wasde de novembro e, eventualmente, ele também pode ser cancelado. Isso é algo bastante significativo.

A secretária de Agricultura, Brooke Rollins, indicou que alguns pagamentos serão liberados aos produtores. Foi anunciada a reabertura das operações centrais da Agência de Serviços Agrícolas (FSA), incluindo serviços críticos para processamento de empréstimos rurais e pagamentos de programas como ARC e PLC, totalizando cerca de US$ 3 bilhões que podem ser liberados. Essa liberação, no entanto, não é o pacote de ajuda de até US$ 13 bilhões para os produtores que vem sendo discutido. Os diferentes programas de pagamento ainda em discussão devem servir de alívio financeiro aos produtores e podem desacelerar as vendas da safra quando forem liberados. Cerca de dois terços da safra de milho dos Estados Unidos já foi colhida, o equivalente a 66% da área, acima da média de mercado, de 59%. Na soja, o avanço chega a 78%.

O ritmo de colheita é bom, e os agricultores estão encontrando formas criativas de guardar os grãos, usando bags quando os silos estão cheios ou limpando galpões de máquinas para servir de armazém. O setor ainda não está totalmente seguro enquanto o último bushel não for armazenado, mas, até agora, os produtores têm conseguido manter o controle, segurando a safra e vendendo apenas quando há necessidade. O mercado também acompanha o desenrolar das negociações entre o presidente Donald Trump e o líder chinês Xi Jinping, previstas para o fim de outubro, durante a cúpula da Apec, na Coreia do Sul. Trump tem alternado sinais de otimismo com ameaças de elevar tarifas sobre produtos chineses de 55% para até 155% a partir de 1º de novembro, caso não haja acordo.

Trump diz querer um bom acordo, mas também admite que talvez nem haja conversa. É a típica retórica ambígua que deixa os mercados nervosos. A decisão de Xi sobre participar do encontro dependerá do resultado do Plenário do Partido Comunista Chinês, que termina nesta quinta-feira (23/10). Se Xi sair fortalecido politicamente, é provável que mantenha uma postura firme e talvez nem aceite se reunir com Donald Trump. Mas, se sentir fragilidade na base de poder, pode buscar um acordo que alivie as tensões externas. O momento é decisivo para o comércio global de grãos. O mercado ainda espera clareza do USDA e do cenário político norte-americano. A combinação de falta de dados oficiais e incerteza sobre tarifas cria um ambiente de risco elevado para as commodities. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.