20/Oct/2025
Segundo a AgResource, os estoques combinados de milho, trigo e soja nos Estados Unidos devem alcançar, na safra 2025/2026, o maior volume desde 2000. A oferta ampla deve manter os preços internacionais sob pressão e limitar o potencial de recuperação. Os produtores devem aproveitar as altas pontuais para travar preços, tanto na safra atual quanto na próxima. Serão os maiores estoques combinados desde 2000. A mensagem é vender nas altas, tanto na safra velha quanto na nova. Mesmo com uma queda de produtividade do milho norte-americano de cerca de 200 quilos por hectare, o quadro de oferta global não se altera de forma relevante. A AgResource projeta área de milho de 37,5 milhões de hectares e de soja de 35,4 milhões de hectares na safra 2026/2027, total próximo ao do ciclo anterior, e pequena redução no trigo. Apesar disso, o balanço de grãos segue apontando excesso de oferta.
Os preços do milho e da soja subiram cerca de US$ 0,10 por bushel na semana passada, mas a tendência de longo prazo continua negativa. O produtor precisa maximizar receita num cenário de estoques altos. Duas variáveis sustentam o mercado no curto prazo: a expectativa de retomada das negociações entre Estados Unidos e China no fim de outubro e a incerteza sobre o tamanho real das colheitas norte-americanas. Talvez só seja possível saber o rendimento real em janeiro, quando o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) divulgar novo relatório de intenção de plantio. O clima na América do Sul segue sendo o principal fator de risco para o equilíbrio entre oferta e demanda global. No Brasil, a projeção é de um aumento de 3,5% a 4% na área colhida, com condições climáticas próximas do ideal. O avanço simultâneo da área, do esmagamento e das exportações brasileiras é apontado como desafio estrutural para o produtor norte-americano.
Na Argentina, a recuperação do peso deve estimular novos plantios, enquanto na Rússia as chuvas favoreceram a retomada das semeaduras, reduzindo a estimativa de queda na área de trigo de 6% para cerca de 3%. Globalmente, ainda há muita oferta. Não há retração nas principais regiões agrícolas do mundo. A pauta comercial entre Estados Unidos e China está concentrada nos minerais de terras raras, e não nos produtos agrícolas. A soja caiu muito na agenda. O foco das conversas é a prorrogação de tarifas e um possível acordo sobre minerais estratégicos. O encontro entre Donald Trump e Xi Jinping, previsto para a cúpula da Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (Apec), deve priorizar temas como frete marítimo e TikTok. Desde agosto de 2024, a soja negocia em faixa lateral entre US$ 9,50 e US$ 10,50 por bushel. Se não houver acordo comercial com a China, e há pessimismo quanto a isso, o mercado deve voltar a testar o piso dessa faixa.
Para o milho, o pico de preços deve ficar entre US$ 4,25 e US$ 4,30 por bushel no contrato dezembro. A consultoria recomenda vendas de milho março a US$ 4,50 por bushel e de soja março a US$ 10,75, considerando esses patamares caros demais diante do excesso global de oferta. Sem problema climático no Brasil ou na Argentina, é difícil ficar otimista. Mesmo em um cenário de produtividade menor, de cerca de 300 quilos por hectare no milho e de 100 a 150 quilos por tonelada por hectare na soja, os estoques ou a relação estoque/uso não recuariam a níveis de escassez. Essa é uma das preocupações. A AgResource deve publicar nesta semana suas primeiras projeções de balanço de oferta e demanda para 2026/2027. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.