16/Oct/2025
Segundo a StoneX, a ‘explosão’ da produção de etanol de milho no Brasil e no mundo está redesenhando o mapa do comércio global do cereal. No curto prazo, o País deve perder participação nas exportações, mesmo expandindo a safra, porque o consumo doméstico cresce mais rápido que a produção. O setor de etanol já consome volumes recordes no Brasil e a tendência é de aceleração. O consumo doméstico de milho deve superar 90 milhões de toneladas em 2025, puxado principalmente pelas usinas de biocombustível. Com produção de 140 milhões de toneladas, sobram cerca de 40 milhões de toneladas para exportação, volume considerado apertado. Não é a alimentação animal que está guiando esse aumento, é o etanol. Há um grande número de usinas em construção e projetos anunciados no País.
O fenômeno não é exclusivamente brasileiro. A Índia consumiu cerca de 3 milhões de toneladas de milho para produção de etanol na safra 2023/2024, e o volume pode ser ainda maior em 2024/2025. Até pouco tempo, o país asiático produzia o biocombustível apenas a partir da cana-de-açúcar, mas grãos, como milho e arroz, ganharam espaço rapidamente na fabricação do biocombustível. Chegou a haver conversas entre Índia e Estados Unidos sobre importação de milho norte-americano para abastecer o setor de etanol indiano, embora as negociações não tenham evoluído. Japão, Vietnã, Indonésia, Tailândia e Canadá também expandem políticas de estímulo ao etanol. Nos Estados Unidos, onde quase todo o biocombustível vem do milho, as exportações de etanol lideram o crescimento da demanda pelo produto. O Canadá é grande comprador, e acordos comerciais recentes com o Reino Unido abrem novos mercados para o etanol norte-americano.
Esse aperto global na oferta de milho ajuda a explicar os bons preços domésticos, mesmo com supersafra. A disputa interna entre usinas de etanol e fábricas de ração aumenta, e regiões com parques industriais consolidados veem negócios mais firmes no mercado físico. Enquanto isso, os Estados Unidos aproveitam a competitividade para ampliar embarques e ocupar o espaço que o Brasil deixa vago. Para o médio prazo, há espaço para recuperação. A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) projeta aumento de área em 2025/2026, e a StoneX aposta em incremento da produção. O Brasil tem grande capacidade de expansão agrícola. Quando o mercado de etanol de milho já estiver consolidado, o Brasil poderá retomar protagonismo no mercado exportador. Mas, isso é uma perspectiva de longo prazo. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.