04/Sep/2025
O mercado de milho brasileiro mostra os primeiros sinais de recuperação após a forte desvalorização em agosto, com suporte da perspectiva de câmbio mais volátil e da retomada da demanda externa. A exportação pode pagar um pouco mais, com mais navios chegando em setembro e outubro. A combinação de maior demanda portuária com eventual pressão altista no dólar nos próximos dias pode dar fôlego aos indicativos do cereal. A reversão de tendência depende da combinação entre fatores internos e externos. Do lado doméstico, a colheita da 2ª safra de 2025 avança para o fim com produtividade acima da média, mantendo ampla oferta.
No Rio Grande do Sul, os produtores seguem com o plantio da safra de verão (1ª safra 2025/2026) em regiões de menor risco de geada. O Rio Grande do Sul só produz 60% da sua necessidade. O milho sempre é mais valorizado do que nas demais regiões, porque depende de cereal do Paraná, Mato Grosso do Sul e até do Paraguai. Do lado externo, a expectativa é de que o aumento do fluxo de navios nos portos brasileiros traga maior competição entre exportadores e eleve os prêmios pagos no interior. Nas próximas duas semanas, o câmbio pode ficar nervoso por causa da tensão política. Isso ajuda o milho a sustentar as cotações. O cenário de curto prazo para o milho brasileiro combina cautela com algum otimismo. Aparentemente parou de cair. Agora, é preciso acompanhar se a demanda externa consegue sustentar essa base e se o câmbio ajuda.
Em São Paulo, na região de Campinas, a negociação é lenta, pois os vendedores estão resistentes em aceitar as indicações de compra. O produtor está aguardando um momento mais favorável, enquanto os compradores mantêm as mesmas indicações há semanas. A indicação é de R$ 65,50 por saca de 60 Kg CIF, para entrega imediata e pagamento em 30 dias. A colheita norte-americana, que começa em setembro, deve ampliar a pressão sobre os preços. O único fator que pode sustentar nesse momento é dólar em alta. O milho brasileiro segue em desvantagem frente ao produto dos Estados Unidos. Isso deixa a exportação menos atrativa e sobra mais internamente.
Em Mato Grosso, na região de Rondonópolis, a liquidez é limitada. Os compradores indicam R$ 49,00 por saca de 60 Kg FOB, para embarque imediato e pagamento em 30 de setembro, mas os vendedores indicam entre R$ 52,00 e R$ 53,00 por saca de 60 Kg, nas mesmas condições. A postura firme do produtor trava os negócios, apesar da demanda consistente das usinas de etanol. Para 2ª safra de 2026, a disputa se repete. As usinas compraram volumes na casa de R$ 48,00 a R$ 49,00 por saca de 60 Kg, mas os vendedores indicam R$ 52,00 por saca de 60 Kg. O quadro mostra que, mesmo com pressão externa, o mercado local permanece dividido entre compradores tentando segurar preços e produtores que resistem em aceitar valores mais baixos.