18/Aug/2025
Estimativas divulgadas na semana passada apontaram produção global recorde de milho, com destaques para os Estados Unidos e Brasil. Esse contexto pressiona os valores internacionais do cereal, que chegaram a operar nos menores patamares do ano. No Brasil, além da pressão externa, os preços do milho seguem em queda, influenciados também pela postura retraída de compradores. Esses demandantes apostam em desvalorizações mais expressivas, fundamentados no avanço da colheita, nas dificuldades de armazenamento da safra recorde e na necessidade de venda para o pagamento das dívidas de agosto e setembro. O Indicador ESALQ/BM&F (Campinas - SP) acumula leve queda de 0,3% nos últimos sete dias, cotado a R$ 63,37 por saca de 60 Kg. Nos últimos sete dias, observa-se pequena baixa de 0,1% nos preços no mercado de balcão (valor pago ao produtor), mas alta de 0,4% no mercado de lotes (negociação entre empresas). Na B3, o avanço da colheita da safra recorde e as desvalorizações do dólar e externa pressionam os futuros.
Nos últimos sete dias, o contrato Setembro/2025 apresenta baixa de 2%, a R$ 64,51 por saca de 60 Kg. O vencimento Novembro/2025 registra recuo de 1,7%, a R$ 66,81 por saca de 60 Kg. No mesmo período, na Bolsa de Chicago, os vencimentos Setembro/2025 e Dezembro/2025 têm baixa de 2,4% ambos, a US$ 3,75 por bushel e a US$ 3,97 por bushel, respectivamente. Para a safra mundial 2025/2026, além dos Estados Unidos, também são esperadas produções elevadas na China e na Argentina. O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) estima a produção norte-americana de milho na safra 2025/2026 em volume recorde, de 425,26 milhões de toneladas. Para o Brasil e a China, as previsões são de 131 milhões de toneladas e de 295 milhões de toneladas, respectivamente. A Argentina deve colher 53 milhões de toneladas. No agregado, a produção mundial será de 1,28 bilhão de toneladas, acima das 1,26 bilhão de toneladas estimadas em julho e das 1,22 bilhão de toneladas da temporada 2024/2025.
O consumo mundial também foi ajustado para cima pelo USDA, mas em menor intensidade, levando a um aumento dos estoques finais, atualmente estimados em 282,54 milhões de toneladas, contra 272,08 milhões do relatório de julho. Especificamente para o Brasil, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) apontou que, em 2024/2025, serão produzidas 137 milhões de toneladas, 18% superior à temporada 2023/2024 e um recorde. A safra de verão (1ª safra 2024/2025) teve área plantada de 3,77 milhões de hectares e produção de 24,93 milhões de toneladas, queda de 5% na área, mas aumento de 9% na produção, devido ao aumento de 14% na produtividade. Para 2ª safra de 2025, a produção foi estimada em 109,57 milhões de toneladas de milho, forte aumento de 22% em relação à temporada anterior. A 3ª safra de 2025 se manteve praticamente estável na comparação com a temporada anterior, com produção estimada de 2,5 milhões de toneladas (+0,9%).
As estimativas de exportação também foram elevadas pela Conab, para 40 milhões de toneladas, refletindo a maior produção brasileira e a expectativa de demanda internacional aquecida, tendo em vista os atuais embates tarifários entre os Estados Unidos e importantes importadores do grão. Com isso, os estoques internos, ao final de janeiro/2026, devem ser de 10,25 milhões de toneladas, acima das 1,84 milhão de toneladas estimadas para a safra anterior. A elevada oferta interna exige exportações intensas. No entanto, o ritmo de embarque nesta temporada ainda está inferior ao da temporada anterior. Segundo a Secretaria de Comércio Exterior (Secex), em seis dias uteis de agosto, foram embarcadas 1,76 milhão de toneladas do cereal. A desvalorização do dólar e os baixos preços externos limitam a competitividade das exportações brasileiras. Na parcial de agosto, o preço médio no Porto de Paranaguá (PR) está 32% superior ao da Bolsa de Chicago, evidenciando a reduzida atratividade do milho brasileiro. Nos portos de Paranaguá (PR) e Santos (SP), os preços apresentam baixa de 3,7% e 2,3% nos últimos sete dias, respectivamente.
Segundo a Conab, a colheita da 2ª safra de milho de 2025 chegou, até o dia 9 de agosto, a 83,7% da área nacional, ainda abaixo dos 84,3% da média das últimas cinco safras. Em Mato Grosso, a colheita está praticamente finalizada, totalizando 98,72% da área estadual até o dia 8 de agosto. Em Mato Grosso do Sul, a Federação da Agricultura e Pecuária do Mato Grosso do Sul (Famasul) indica que 55,4% da área foi colhida até o dia 8 de agosto. Em Goiás, São Paulo e Minas Gerais, as atividades chegaram a 73%, 30% e 75%, respectivamente, conforme apontam dados da Conab do dia 9 de agosto. No Paraná, a área colhida até o dia 11 de agosto chegou a 80%, segundo o Departamento de Economia Rural (Deral/Seab). Nos Estados Unidos, relatório semanal divulgado pelo USDA aponta que, até o dia 10 de agosto, 72% da safra de milho estava em condições entre boas ou excelentes, 1% menor no comparativo semanal, mas ainda acima dos 67% registrados no mesmo período de 2024. Na Argentina, segundo dados da Bolsa de Cereais de Buenos Aires, a colheita chegou a 94,6% da área nacional até o dia 14 de agosto. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.