06/Aug/2025
O avanço do etanol de milho no Brasil já configura o maior polo industrial criado no País desde os anos 2000, segundo o consultor Carlos Cogo, da Cogo Inteligência em Agronegócio. Com 47 usinas em operação ou construção, concentradas principalmente no Centro-Oeste, o segmento poderá levar a produção nacional de milho a 200 milhões de toneladas em dez anos para atender à demanda crescente. Durante palestra no Congresso da Andav 2025, Cogo informou que as usinas de etanol de milho já consomem 22% da segunda safra brasileira e produzem 8,2 bilhões de litros de biocombustível, além de mais de 7 milhões de toneladas de DDG (grãos secos de destilaria), coproduto usado na alimentação animal. O consultor comparou o movimento brasileiro à trajetória dos Estados Unidos, onde 45% da safra de milho é destinada ao etanol.
"Nós estamos indo pelo mesmo caminho", disse, lembrando que os americanos têm quase 200 usinas em funcionamento, com produção de 67 bilhões de litros anuais. Segundo Cogo, o Brasil já consome mais milho do que produz pelo terceiro ano seguido, com demanda potencial próxima de 145 milhões de toneladas. O aumento vem de duas frentes: exportações, nas quais o País apresenta a maior taxa de crescimento entre os grandes exportadores mundiais, e o consumo interno, puxado pela indústria de carnes e pelo etanol de milho. O analista avaliou que a expansão é viável porque o Brasil consegue plantar soja no verão e milho na segunda safra, diferentemente de concorrentes como Estados Unidos e Argentina. "Se tudo correr como está, em dez anos a gente tem que partir para produzir 200 milhões de toneladas de milho. E partir para os 300 milhões de toneladas e para os 400 milhões de toneladas", projetou. Cogo rebateu críticas de que o etanol de milho encarece o grão no mercado interno.
Para ele, tanto as exportações quanto o uso industrial "melhoram a liquidez" do mercado, que se ajusta naturalmente entre a paridade de importação (que limita altas) e a de exportação (que define o piso). "O governo não precisa se meter em mercado agrícola", completou. O consultor ressaltou a competitividade do milho brasileiro de segunda safra. Como os principais custos já foram cobertos na safra de verão, o custo adicional no inverno é reduzido, tornando o produto mais competitivo que o americano. "Você já amortizou todo o custo de produção no verão. O inverno é um custo de oportunidade baixíssimo", explicou. Para os próximos meses, Cogo alertou que a recuperação de preços dependerá do ritmo de embarques para os principais compradores. "O nosso principal comprador de milho é o Irã. E o segundo maior é o Egito, que tem problemas logísticos. Se a exportação não acontecer entre julho e janeiro, a gente pode comprometer a recuperação de preços", disse. Fonte: Broadcast Agro.