05/Aug/2025
O mercado brasileiro de milho inicia agosto “de lado”, com produtores capitalizados e comercializando de forma pontual, enquanto as tradings enfrentam margens apertadas para originação diante da pouca competitividade internacional. O produtor está confortável com relação ao fluxo financeiro. Para a base produtiva, o cenário é muito bom este ano. A indústria doméstica continua absorvendo o cereal, mas os exportadores não conseguem pagar preços mais altos com a atual estrutura de custos. As tradings não têm margem para originação.
A colheita da 2ª safra de 2025 segue atrasada em relação ao ano passado, mas já não limita tanto a liquidez. Os produtores venderam bem antes da colheita, e agora seguem seletivos, concentrados nos embarques de soja. Dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) mostram que o Brasil embarcou apenas 4,3 milhões de toneladas de milho entre fevereiro e julho, volume abaixo dos 7 milhões de igual período de 2024. A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) projeta exportações de 34 milhões de toneladas até janeiro de 2026, mas o ritmo atual está distante dessa meta.
Para atingir o volume previsto, o Brasil teria de exportar cerca de 5 milhões de toneladas por mês no segundo semestre. A pressão externa também influencia o mercado. Nos Estados Unidos, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) estima uma safra de 398,9 milhões de toneladas em 2025/2026, possivelmente a maior da história. Na Argentina, a tarifa de exportação do milho foi reduzida, o que pode ampliar a oferta disponível para o mercado internacional. Diante desse quadro, o milho brasileiro está "caro" para competir no mercado externo.
Em Mato Grosso, o consumo das usinas de etanol aquece o mercado. Na região de Rondonópolis, as indicações FOB variam entre R$ 50,00 e R$ 51,00 por saca de 60 Kg, para embarque imediato e pagamento em 30 dias. O apoio vem das indústrias de etanol, que aproveitam os incentivos tributários e mantêm a demanda ativa. Mesmo com o dólar instável, as usinas continuam comprando forte. Isso dá sustentação aos preços. Para a safra 2025/2026, as indicações são escassas. Há registro de negócios pontuais via cooperativas a R$ 48,00 por saca de 60 Kg FOB, para entrega no início de 2026 e pagamento em abril.
No Paraná, o avanço da colheita pressiona a oferta, mas os produtores mantêm postura firme. Os compradores indicam entre R$ 62,00 e R$ 64,00 por saca de 60 Kg CIF fábrica, mas enfrentam resistência. O produtor indica R$ 70,00 por saca de 60 Kg. O mercado FOB no interior também reflete essa postura, com compradores indicando entre R$ 67,00 e R$ 70,00 por saca de 60 Kg e quase nenhuma oferta espontânea. Para safra de verão (1ª safra 1015/2026), a indicação está entre R$ 65,00 e R$ 67,00 por saca de 60 Kg na fazenda, mas a maioria dos produtores indica R$ 70,00 por saca de 60 Kg e só aceita negociar com retirada imediata e pagamento no fim de abril.