31/Jul/2025
Segundo a StoneX, mesmo com projeções indicando uma das maiores produtividades da história recente, a safra de milho dos Estados Unidos em 2025/2026 ainda inspira cautela. Há relatos de falhas no desenvolvimento das lavouras em importantes Estados produtores, que podem não estar sendo captados pelos modelos atuais. Os números apontam para uma produtividade média entre 11,3 e 12 toneladas por hectare, com possibilidade de produção total em torno de 419 milhões de toneladas. Com o milho barato, a tendência é aumentar o uso na alimentação animal e reduzir a inclusão de trigo nas rações. O consumo interno para ração passaria de 149 milhões de toneladas para 155 milhões de toneladas, e as exportações cresceriam para 66 milhões de toneladas.
Mesmo assim, os estoques finais subiriam para 56 milhões de toneladas, com preço médio da safra abaixo de US$ 4,00 por bushel. Apesar desse quadro positivo nos modelos, produtores de ao menos dez Estados relataram falhas na formação das espigas. Há relatos de campos com perda significativa de rendimento, mesmo sem a presença de calor extremo, condição normalmente associada a esse tipo de problema. Normalmente esses relatos pontuais seriam descartados. Mas, o que chama atenção este ano é que não houve o calor intenso que costuma causar falhas na polinização. A polinização é o processo em que o pólen dos pendões (flores masculinas) precisa alcançar os estilos florais (os “cabelos”) das espigas (as flores femininas) para que os grãos se formem.
Em algumas lavouras, o centro da planta (“whorl”) estaria se fechando antes do momento ideal, impedindo a liberação do pólen. Isso faz questionar se há algo mais por trás disso. Agrônomos cogitam causas como excesso de chuvas, calor noturno ou outros fatores climáticos. Na última semana, a StoneX percorreu o cinturão do milho, entre Kansas City e Detroit, para avaliar as lavouras. Foi visto uma lavoura de milho com aparência ruim no leste de Illinois. Parecia que tinha sido plantado tarde, por volta de 10 de junho. Estava muito desigual. Esse foi o único campo realmente ruim observado, mas outros produtores relataram problemas similares. Caso os relatos se confirmem e a produtividade recue 5%, para cerca de 10,9 toneladas por hectare, a produção cairia para 378 milhões de toneladas, abaixo da estimativa atual do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA). O mercado ficaria animado com isso, se fosse o caso, e os preços provavelmente subiriam.
Nesse cenário, os estoques finais recuariam para 34 milhões de toneladas, com consumo para ração e exportações reduzidos. A relação estoque/uso ficaria em 8,9%, e o preço médio da safra poderia se aproximar ou superar os US$ 6,00 por bushel. Ainda não é possível definir qual cenário prevalecerá. A StoneX deve revisar suas estimativas na próxima semana com base no levantamento junto a clientes. O USDA, por sua vez, divulgará novo relatório em 12 de agosto, mas com base apenas em entrevistas com produtores e imagens de satélite, o que não deve refletir com precisão possíveis falhas na fecundação. A expectativa do mercado se volta para o Midwest Crop Tour, previsto para a terceira semana de agosto, que pode oferecer os primeiros dados consistentes sobre a situação das espigas. É um levantamento muito sistemático, percorrendo os campos e seguindo um padrão definido todo ano. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.