23/Jul/2025
Os contratos futuros de milho encerraram esta terça-feira (22/07) em baixa na Bolsa de Chicago, pressionados pela estabilidade das boas condições das lavouras norte-americanas e pela perspectiva de oferta brasileira recorde. O vencimento dezembro caiu 4,25 centavos (1,01%) e fechou a US$ 4,18 por bushel. O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) manteve em 74% a proporção de lavouras de milho em condição boa/excelente, mesmo patamar da semana anterior, mas superando os 67% de igual período de 2024. O número veio em linha com expectativas, mas reforça o cenário de safra americana volumosa sem sinais de estresse climático. A oferta brasileira continua sendo o principal fator de pressão sobre as cotações globais. A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) informou que a colheita da 2ª safra de 2025 alcançou 55,5% da área plantada, avanço expressivo de 13,8% na semana.
Apesar de atrasos ante o ano anterior, quando 79,6% da área já havia sido colhida, a perspectiva é de produção recorde. A AgRural revisou para cima sua estimativa de produção nacional para 136,3 milhões de toneladas em 2024/2025, estabelecendo novo recorde. As projeções do mercado variam de 131,95 milhões de toneladas (Companhia Nacional de Abastecimento) até 150,3 milhões de toneladas (Agroconsult), indicando consenso sobre safra robusta que deve manter pressão sobre preços internacionais. A demanda externa pelo milho norte-americano permanece fraca. O volume inspecionado para exportação foi de 983.625 toneladas na semana encerrada em 17 de julho, queda de 25% ante a semana anterior. O dado evidencia dificuldades do produto norte-americano em competir com a oferta sul-americana mais competitiva.
As incertezas sobre tarifas norte-americanas amplificam a pressão sobre os preços. A proximidade do prazo de 1º de agosto intensifica tensão no mercado, sem sinais concretos de acordos com importantes compradores do milho norte-americano como Japão e Coreia do Sul. O mercado considera que o Brasil liderará as exportações do cereal no próximo trimestre. A combinação de safra recorde com vantagem competitiva de preços reforça a posição brasileira no comércio internacional, pressionando ainda mais as cotações na Bolsa de Chicago. O cenário técnico também pesa sobre os preços. Com o risco climático norte-americano praticamente eliminado e a oferta brasileira abundante, operadores não veem catalisadores altistas no horizonte próximo, mantendo postura defensiva. O dólar em leve queda ofereceu suporte limitado, mas não foi suficiente para reverter a tendência baixista sustentada pelos fundamentos de oferta ampla nos dois lados do Atlântico.