08/Jul/2025
O mercado físico do milho ainda apresenta distorções regionais relevantes. Muitos produtores estão reticentes em vender pelos preços atuais. O rumo dos preços vai depender da capacidade de retenção dos produtores e da resposta dos compradores domésticos, que podem ser forçados a indicar valores maiores para garantir a originação. A colheita da 2ª safra de 2025 está bastante atrasada, o que tem evitado uma pressão mais intensa sobre os preços nas últimas semanas.
No entanto, o volume ainda vai entrar no mercado, e isso tende a pesar sobre as cotações justamente num momento em que o câmbio segue em patamar desfavorável. Esse milho vai entrar, e combinado a um câmbio que não é favorável à formação de preço, traz uma pressão de baixa ainda maior. O comportamento do produtor será determinante: se ele decidir segurar o milho à espera de valores maiores, os compradores domésticos poderão ser forçados a oferecer preços mais altos para conseguir originar.
Aí entra um outro problema: se o comprador interno começa a indicar preços mais altos, a exportação fica inviável, porque o exportador precisa elevar os prêmios para compensar o câmbio, e aí perde competitividade para os Estados Unidos e a Argentina. Com isso, os preços em Reais deixam de ser interessantes para o produtor, enquanto os valores em dólar dificultam a competição nos mercados internacionais. Se o câmbio continuar nesse patamar, o volume exportado pode ser menor do que os 40 a 42 milhões de toneladas projetadas por consultorias.
No Paraná, na região de Ponta Grossa, a venda do milho segue travada, refletindo contrastes entre a escassez na Região Sul e o atraso na colheita na Região Centro-Oeste. Produtores e cooperativas estão praticamente sem produto. Os compradores têm indicado entre R$ 65,00 e R$ 66,00 por saca de 60 Kg FOB, para retirada e pagamento imediatos, mas os vendedores indicam entre R$ 67,00 e R$ 70,00 por saca de 60 Kg na mesma condição, o que limita as negociações.
No Porto de Paranaguá, as indicações de compra para entrega (CIF) em julho são de R$ 62,50 por saca de 60 Kg, subindo para R$ 63,00 por saca de 60 Kg para agosto, com liquidação no fim do mês. Há relatos de negócios emergenciais entre R$ 70,00 e R$ 72,00 por saca de 60 Kg FOB na região dos Campos Gerais, para atender demandas pontuais.
Em Mato Grosso, na região de Campo Verde, a colheita caminha lentamente e a oferta imediata é restrita. Há registro de negócios entre R$ 45,00 e R$ 50,00 por saca de 60 Kg FOB, para embarque e pagamento imediatos. No mercado de exportação, os compradores indicam entre R$ 42,00 e R$ 43,00 por saca de 60 Kg FOB, para embarque em julho e pagamento no mês. Os vendedores locais, no entanto, indicam entre R$ 47,00 e R$ 50,00 por saca de 60 Kg e só aceitam negociar em volumes pequenos.