30/Jun/2025
Os preços do milho seguem em queda no Brasil, influenciados pela perspectiva de oferta elevada nas próximas semanas e pelas desvalorizações externas. No entanto, em parte das regiões, sobretudo nas de São Paulo, o movimento de baixa nas cotações tem sido limitado pelo atraso na colheita da 2ª safra de 2025. Aas atividades de campo vêm sendo interrompidas por chuvas e pela maior umidade. Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), até o dia 22 de junho, a colheita da 2ª safra de 2025 somava 10,3% da área nacional, avanço semanal de 6,4%, mas bem abaixo dos 28% no mesmo período do ano passado e dos 17,5% da média dos últimos cinco anos. Em regiões consumidoras, como São Paulo, os valores chegaram a reagir em alguns dias, influenciados pela demanda acima da oferta de milho padronizado. Ressalta-se que as recentes chuvas têm limitado a disponibilidade desse tipo de cereal.
Neste contexto, o Indicador ESALQ/BM&F (Campinas - SP) acumulou três dias consecutivos de alta (dias 18, 20 e 23 de junho) seguidos por três dias de baixa (24, 25 e 26), acumulando leve queda de 0,7% nos últimos sete dias, cotado a R$ 67,58 por saca de 60 Kg. Na parcial do mês, o Indicador ainda acumula retração de 2%. A média de junho está em R$ 68,24 por saca de 60 Kg, sendo a menor desde setembro/2024. Nas regiões produtoras, o movimento é de queda consecutiva, refletindo o bom desenvolvimento das lavouras e, consequentemente, a perspectiva de oferta elevada. Em Rio Verde (GO), a baixa é de expressivos 9,3% nos últimos sete dias, com o cereal comercializado a R$ 53,65 por saca de 60 Kg. No mesmo período, os preços apresentam baixa de 6,5% em Maracaju (MS), a R$ 52,29 por saca de 60 Kg.
Em Rondonópolis (MT), a baixa é de 2,7% nos últimos sete dias, com a média a R$ 54,35 por saca de 60 Kg. Na região norte do Paraná, a retração é de 3,8% no mesmo comparativo, a R$ 58,32 por saca de 60 Kg. Na parcial do mês, essas regiões acumulam quedas expressivas, de respectivos 17,9%, 10,7%, 10,8% e 8,5%. Nos últimos sete dias, as quedas são de 0,9% no mercado de balcão (preço pago ao produtor) e de 1,1% no mercado de lotes (negociação entre empresas). No acumulado do mês, as baixas somam 6,6% no mercado de balcão e 5,7% no de lotes. A colheita do milho da 2ª safra de 2025 tem sido limitada por chuvas e excesso de umidade nas principais regiões produtoras. A frente fria que atingiu o Centro-Sul na semana passada gerou preocupação quanto à ocorrência de geadas, especialmente no Paraná e em Mato Grosso do Sul. Geadas pontuais foram observadas, mas sem registros oficiais de perdas em grande escala.
No Paraná, segundo o Departamento de Economia Rural (Deral/Seab), a colheita totalizou 12% da área até o dia 23 de junho, avanço semanal de 4%, mas muito abaixo dos 42% no mesmo período da temporada passada. Em Mato Grosso, dados do Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea) apontam que a colheita somava 14% da área até o dia 20 de junho, atraso de 23,5% na comparação com a temporada anterior. Quanto à safra de verão (1ª safra 2024/2025), a colheita somava 94,5% da área nacional até o dia 21 de junho, conforme relata a Conab, acima dos 93,7% na média dos últimos cinco anos. Na Argentina, o relatório da Bolsa de Cereais de Buenos Aires indicou que a colheita chegou a 55,3% da área nacional até o dia 25 de junho. Para os Estados Unidos, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) aponta que, até o dia 22 de junho, 70% da área semeada estava em condições entre boas e excelentes, em linha com 69% no mesmo período do ano passado.
O avanço da colheita na Argentina e o bom desenvolvimento das lavouras nos Estados Unidos pressionam os valores externos e, consequentemente, as cotações nos portos brasileiros. Na parcial de junho, os preços do milho disponível no Porto de Paranaguá (PR) têm queda de 1,7%, a R$ 64,17 por saca de 60 Kg. Considerando-se as médias mensais, o Indicador ESALQ/BM&F (Campinas - SP) está R$ 3,60 abaixo dos valores no Porto de Paranaguá (PR), evidenciando a atratividade de negociação na região dos portos. Nos Estados Unidos, os vencimentos futuros negociados na Bolsa de Chicago são pressionados pela colheita no Brasil, pelas desvalorizações do petróleo e pelas boas condições das lavouras norte-americanas. Nos últimos sete dias, o contrato Julho/2025 registra recuo de 5,5% e o Setembro/2025, de 5,8%, a US$ 4,09 por bushel e a US$ 4,04 por bushel, respectivamente. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.