26/Jun/2025
Segundo o Rabobank, os preços do milho acumularam queda de 23% entre março e junho no mercado brasileiro, de acordo com o Indicador Esalq/B3, calculado pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea). A retração está ligada à elevação da oferta doméstica, com o avanço da colheita da 2ª safra de 2025, e ao impacto de fatores externos, como a expectativa de safra recorde nos Estados Unidos e a valorização do Real. Segundo análise da instituição, a divulgação em 31 de março da perspectiva de aumento da área destinada ao milho nos Estados Unidos para o ciclo 2025/2026 foi um divisor de águas para o mercado. A notícia interrompeu o movimento altista do início do ano, que vinha sendo sustentado por incertezas sobre a safrinha e pelo consumo doméstico aquecido. Em paralelo, as chuvas registradas em abril elevaram as projeções de produtividade no campo, pressionando ainda mais os preços.
No curto prazo, a valorização cambial também pesou sobre o mercado interno, ao reduzir a competitividade do milho brasileiro frente ao produto norte-americano. Os produtores aproveitaram os preços elevados do primeiro trimestre e aceleraram as vendas. Em Mato Grosso, a comercialização da safra 2024/2025 chegou a 51% em junho, 15% acima do registrado em igual período de 2024. Apesar do avanço, o índice segue 10% abaixo da média dos últimos cinco anos. A demanda por milho para produção de etanol segue firme. Nos cinco primeiros meses de 2025, o consumo industrial somou 8,6 milhões de toneladas, alta de 17% na comparação com o mesmo intervalo do ano passado. A expansão do etanol de milho tem sustentado a movimentação das indústrias, mesmo com o ritmo mais lento das exportações.
A confirmação de um caso de gripe aviária no Rio Grande do Sul no início do trimestre afetou momentaneamente o consumo interno. A retomada do status sanitário livre da doença, obtida pelo Brasil em 19 de junho, deve contribuir para a normalização dos embarques de carne e aliviar a pressão sobre o mercado de grãos. No cenário externo, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) estima produção de 402 milhões de toneladas para a safra 2025/2026, um aumento de 24 milhões de toneladas sobre o ciclo anterior. A recomposição dos estoques norte-americanos, combinada com a recuperação da oferta no Brasil e na Argentina, tende a manter o mercado pressionado no segundo semestre. O excesso de oferta global, somado à valorização do Real frente ao dólar, enfraquece as cotações no Brasil e favorece as exportações norte-americanas. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.