16/Jun/2025
A União Nacional do Etanol de Milho (Unem) cobrou a construção de um alcoolduto para resolver o gargalo logístico do setor e criticou a desinformação no varejo automotivo. Também foi feito um alerta de que a reforma tributária pode comprometer a competitividade do setor. Hoje, o problema logístico é compensado com incentivos fiscais, mas isso vai acabar com a reforma tributária. Então, é preciso atacar agora o problema. O principal desafio é logístico, pois Mato Grosso é um Estado extremamente produtor, com baixa demanda, baixo consumo, e esse etanol tem que sair do Estado. É necessária a criação de novos modais de transporte. Se fala em um projeto de um alcoolduto, mas poderia ser um poliduto, que traga óleo diesel para a produção primária e leve de volta o etanol para o centro consumidor.
É necessário criar concorrência entre modais, integração para baixar custos logísticos. O etanol de milho representa hoje um quarto da produção nacional de biocombustíveis, com Mato Grosso concentrando 60% do total. O Estado possui 12 usinas em operação e deve produzir 6 bilhões de litros este ano, consumindo entre 14 milhões e 15 milhões de toneladas de milho. Outras três plantas serão inauguradas até 2026, e quatro estão em construção. A expansão da agroindústria é a segunda virada de página da produção primária. O plantio direto, a 2ª safra, o avanço em biotecnologia foi, nas últimas décadas, o grande propulsor do crescimento da produção de grãos no Mato Grosso. A agroindustrialização é o segundo passo.
O milho hoje rivaliza com a soja em volume e importância, impulsionado pelas usinas de etanol, que compram com antecedência e dão previsibilidade ao produtor. A indústria não especula, fecha contrato um ou dois anos antes. Isso ampliou a área da 2ª safra em todo o País. Cada nova usina emprega entre 1.000 e 1.500 trabalhadores durante os dois anos de construção. O impacto econômico é positivo, transformando excedentes exportáveis em empregos, impostos e agregação de valor. O setor também produz coprodutos estratégicos. O DDG, farelo proteico resultante da fabricação do etanol, é usado na alimentação animal e tem permitido intensificar a pecuária. O Brasil está produzindo mais boi em menos espaço e menos tempo, mais carne, e ao mesmo tempo libera áreas de pastagem para o aumento do cultivo dos grãos. A Unem trabalha na abertura de mercados internacionais para esses coprodutos.
Em 2024, conseguiu autorização para exportar DDG para 18 países e, este ano, obteve acesso ao mercado chinês. Foi um esforço muito grande do Ministério da Agricultura, do governo federal, junto com a Unem. Destaque também para o potencial do etanol para combustível sustentável de aviação (SAF). A partir de 2027, o Brasil terá obrigatoriedade de adicionar 1% de SAF ao querosene. O etanol tem uma competitividade muito grande nesse cenário. Apesar das perspectivas de crescimento de 4 bilhões a 5 bilhões de litros até 2030, há riscos. O cenário é de juros altos. O setor precisa trabalhar muito próximo ao setor de milho, ao setor de soja e milho, para que a gente construa mercados para esse etanol. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.