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08/May/2025

Grupo Safras pretende operar na 2ª safra de 2025

O Grupo Safras pretende retomar as operações na 2ª safra de milho ainda nesta temporada, e já articula medidas para garantir capital de giro e reestruturação financeira caso a Justiça defira seu pedido de recuperação judicial. Entre as possibilidades em discussão nos bastidores, está a venda da usina de etanol em Sorriso (MT), considerada o ativo com maior liquidez do grupo, disse fonte próxima às negociações. A possível alienação ocorre em meio a um cenário de disputas entre o grupo, que atua nas áreas de grãos, armazenagem e energia, seus credores e o perito responsável pela constatação prévia, em um processo que se arrasta desde o protocolo, em 4 de abril. A AJ1 Administração Judicial elaborou laudo desfavorável ao deferimento da recuperação, argumentando que o grupo não atendeu a requisitos formais.

O relatório citou a ausência de assinaturas dos acionistas em balanços auditados e solicitou a entrega de todas as notas fiscais de entrada e saída dos últimos três anos, um nível de detalhamento que, segundo fontes próximas ao processo, foge ao padrão usual dessa fase. A crise do Safras se intensificou no fim de 2023, após uma migração malsucedida para o SAP, sistema de gestão empresarial que integra áreas como finanças, logística e contabilidade. No caso do Safras, a reversão precipitada da implantação após três meses comprometeu o controle financeiro. Sem conseguir apresentar informações confiáveis, o grupo perdeu credibilidade junto a credores e fornecedores. No início de 2024, o Safras contratou a consultoria KPMG para tentar uma renegociação extrajudicial. As conversas fracassaram diante da ausência de dados consolidados.

Sem acesso a financiamento, o Safras suspendeu a compra de grãos e paralisou as atividades na planta industrial de Cuiabá (MT). A unidade de Cuiabá é hoje objeto de disputa judicial. Embora o Grupo Safras atue no local, o imóvel pertence à Carbon Participações, empresa ligada à massa falida da Olvepar, que alega irregularidades nos contratos de arrendamento. A estrutura contratual envolve ainda a Allos Participações, arrendatária da planta, e a Copagri, incorporada posteriormente pelo Safras. O grupo sustenta que presta serviços de industrialização ao BTG Pactual, cliente histórico da unidade, mas a Carbon busca reintegração de posse. Em contraste com a complexidade jurídica da planta de Cuiabá, a usina de etanol em Sorriso é considerada mais viável para eventual alienação. Fontes próximas ao processo afirmam que há interessados no ativo, mas as conversas estão condicionadas ao deferimento da recuperação, uma vez que qualquer alienação dependerá de autorização judicial.

Desde o protocolo do pedido, o processo tem enfrentado ritmo mais lento que o habitual, com exigências sucessivas na fase de constatação. A juíza Giovana Pasqual de Mello, da 4ª Vara Cível de Sinop (MT), concedeu tutela parcial para liberar 16 contas bancárias operacionais e determinou prazo de três dias úteis para a entrega de documentos complementares. O Grupo Safras ainda não apresentou plano de recuperação, mas deve incluir mecanismos para retomar a operação na safra de milho, oferecendo condições diferenciadas a produtores que aceitarem fornecer grãos sob as garantias legais do processo. Na safra de soja, a empresa optou por não operar, temendo arrestos judiciais em meio à indefinição sobre o pedido. Além da disputa sobre a planta de Cuiabá, pesa contra o grupo a acusação de ocultação da estrutura societária. Em petição, a Carbon Participações afirma que o controle do Safras estaria nas mãos da gestora Flowinvest, que figura entre os maiores credores do processo por meio do FIDC Bravano, com R$ 284,1 milhões em créditos extraconcursais.

A empresa sustenta que o pedido de recuperação foi usado pelo Grupo Safras para proteger interesses específicos ligados à gestora. Um eventual indeferimento preocupa o mercado pela pulverização da dívida. A lista de credores é formada, em sua maioria, por pequenos e médios produtores rurais espalhados por Mato Grosso. Segundo dados do processo, são cerca de 800 credores pessoas físicas, muitos com valores inferiores a R$ 500 mil. Também figuram na lista instituições financeiras como Banco do Brasil, Bradesco, BTG Pactual e Daycoval. A falência traria prejuízo sistêmico ao agronegócio regional e poderia gerar ‘efeito dominó’ sobre produtores já fragilizados pela queda nos preços da soja. A condução do processo expõe fricção entre os envolvidos e levanta questionamentos sobre os critérios adotados durante a fase preliminar de análise judicial. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.