17/Apr/2025
O avanço das chuvas no Centro-Sul e a expectativa de uma 2ª safra de 2025 mais volumosa aumentam a pressão sobre os contratos futuros do milho, que passaram a operar abaixo de R$ 72,00 por saca de 60 Kg na B3. Apesar disso, o mercado segue sustentado por fundamentos domésticos sólidos e por estoques ainda apertados, tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos. O clima é o grande tema do momento, pela relevância que a 2ª safra tem na produção brasileira. Apesar de o mercado climático ter derrubado os preços na B3, os estoques continuam justos e a demanda interna firme tende a limitar quedas mais expressivas nos preços.
Com as lavouras da 2ª safra de 2025 entrando nas fases críticas de desenvolvimento, os produtores seguem atentos à regularidade das chuvas, sobretudo em Estados como Mato Grosso, Paraná e Mato Grosso do Sul, que vinham apresentando déficit hídrico até o início do mês. A melhora nas previsões climáticas nas últimas semanas levou os contratos com vencimento em julho e setembro a se aproximarem do piso dos R$ 70,00 por saca de 60 Kg, influenciados também por um movimento típico de acomodação antes da entrada da 2ª safra de 2025.
Mesmo com a perspectiva de colheita cheia, o Brasil ainda opera com oferta limitada no curto prazo. A safra de verão (1ª safra 2024/2025) está praticamente colhida, e a colheita da 2ª safra de 2025 só deve ganhar ritmo a partir de julho. A relação estoque/uso nos Estados Unidos caiu para menos de 10%, nível que não era visto desde 2022. No Brasil, os estoques seguem apertados até a entrada efetiva da 2ª safra de 2025. A competitividade do milho brasileiro no mercado externo afeta diretamente os preços internos, ainda que o consumo doméstico absorva a maior parte da produção.
No Paraná, na região de Cascavel, o mercado está travado, com ampla distância entre os preços indicados por vendedores e compradores. A escassez de oferta e o cenário climático ainda indefinido têm sustentado os valores para retirada imediata, mesmo diante da retração da demanda. Os vendedores indicam R$ 79,00 por saca de 60 Kg FOB, mas os compradores indicam R$ 72,00 por saca de 60 Kg. Em alguns momentos, até ocorrem negócios pontuais entre R$ 74,00 e R$ 75,00 por saca de 60 Kg.
No médio prazo, a incerteza sobre a necessidade de recomposição dos estoques por parte das indústrias também adiciona volatilidade. O comprador não sabe exatamente quanto vai precisar até a entrada efetiva da 2ª safra de 2025, que deve ganhar ritmo só em meados de junho. Isso gera um mercado de cautela dos dois lados. Para o milho da 2ª safra de 2025, os negócios seguem em compasso de espera, apesar de algumas operações. Há registro de negócios pontuais entre R$ 65,00 e R$ 67,00 por saca de 60 Kg FOB, para retirada entre junho e julho.
A indústria de proteína animal em Santa Catarina, com necessidade de abastecimento a partir de julho, tem feito sondagens com indicações acima de R$ 70,00 por saca de 60 Kg CIF, mas sem força para firmar um novo piso no mercado do Centro-Sul. O comprador evita anunciar publicamente que está pagando entre R$ 78,00 e R$ 80,00 por saca de 60 Kg. Por isso, os grandes lotes acabam sendo fechados em silêncio, com condições especiais.
Em Mato Grosso, na região de Sorriso, o mercado de milho disponível segue com oferta muito restrita e praticamente sem novos negócios. Há registro de negócios pontuais a R$ 75,00 por saca de 60 Kg FOB, para embarque imediato e pagamento em maio. As vendas da 2ª safra de 2025 também perderam fôlego após bom volume negociado em semanas anteriores. Os produtores venderam uma parte, mas travaram, esperando uma reação nos preços.