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14/Apr/2025

Tendência de alta nos preços domésticos do milho

Os valores do milho estão em alta em algumas regiões, interrompendo, portanto, o movimento de queda que vinha sendo verificado desde o encerramento de março. A sustentação vem sobretudo do retorno de compradores em determinadas regiões, como as de São Paulo. Esses demandantes estão mais ativos porque buscam recompor os estoques e se abastecer para as próximas semanas, quando feriados podem dificultar as entregas. Os vendedores, no entanto, atentos ao aquecimento da demanda, estão limitando a oferta e elevando as indicações. Vale lembrar que, entre o encerramento de março e o começo de abril, os compradores estavam afastados do spot, usando estoques e à espera desvalorizações do milho, fundamentados na intensificação da colheita. Os produtores, que estavam mais dispostos a negociar nas semanas anteriores, passam agora a esperar recuperação nos preços. Neste caso, o fundamento de vendedores vem do avanço nos valores externos, da valorização do dólar e das disputas comerciais entre os Estados Unidos e a China.

Além disso, a redução dos estoques mundiais também gera expectativa de aumento na demanda internacional pelo cereal brasileiro e, consequente, de alta das cotações domésticas. O Indicador ESALQ/BM&F (Campinas - SP) registra alta de 0,9% nos últimos sete dias, cotado a R$ 85,57 por saca de 60 Kg. Os preços têm comportamentos distintos: enquanto sobem em regiões consumidoras, recuam em outras. Nos últimos sete dias, há quedas de 2,8% no mercado de balcão (preço pago ao produtor) e de 1,1% no mercado de lotes (negociação entre empresas). A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) apontou a produção nacional da safra 2024/2025 em 124,74 milhões de toneladas, aumento de 8% frente à temporada anterior. As colheitas da safra de verão (1ª safra 2024/2025) e da 2ª safra de 2025 devem crescer respectivos 6,5% e 8,5% em relação às de 2023/2024, com as produções passando para 24,46 milhões de toneladas e 97,89 milhões de toneladas. O volume da 3ª safra de 2025 é estimado em 2,38 milhões de toneladas, queda 3,8%.

A demanda interna também deve aumentar, em 4%, somando 87 milhões de toneladas (refletindo o incremento no consumo para proteína animal e produção de etanol). Esse cenário faz com que os envios ao mercado internacional se limitem a 34 milhões de tonelada, sendo 4,5 milhões de toneladas a menos que na temporada anterior. Assim, os estoques finais em janeiro/2026 são estimados em 7,39 milhões de toneladas. Em termos globais, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) reduziu os estoques, mas aumentou a produção para a temporada 2024/2025. Os estoques passaram de 288,94 milhões de toneladas em março para 287,65 milhões de toneladas neste mês, devido à redução nos Estados Unidos. Frente à safra 2023/2024, o estoque mundial deve cair 8%. O USDA estima a produção global em 1,22 bilhão de toneladas, contra 1,21 bilhão de toneladas previstas no relatório de março. Esse avanço se deve à maior produção na União Europeia. O consumo se manteve em 1,24 bilhão de toneladas.

Neste cenário, a relação estoque/consumo da temporada 2024/2025 é de 23,3%, abaixo da média dos últimos cinco anos, de 26,4%. A semeadura da 2ª safra de 2025 no Brasil se aproxima da reta final, ao mesmo tempo que a colheita da safra de verão (1ª safra 2024/2025) avança. Para 2ª safra de 2025, a Conab apontou que 99,1% das áreas estimadas já haviam sido semeadas até o dia 5 de abril, restando a finalização apenas no Paraná e em Mato Grosso do Sul. O Departamento de Economia Rural (Deral/Seab) indicou que a semeadura havia sido finalizada no Paraná, com as condições das lavouras não favoráveis, tendo em vista que, dos 2,66 milhões de hectares, 12% estão em condições ruins, percentual que era de 8% em 2024, refletindo as chuvas irregulares e as ondas de calor em março. Em Mato Grosso do Sul, até o dia 4 de abril, a semeadura somava 97,4% da área estimada, conforme a (Federação da Agricultura e Pecuária do Mato Grosso do Sul (Famasul). Para a safra de verão (1ª safra 2024/2025), dados da Conab indicam que, até o dia 5 de abril, a colheita somava 59,2% dá área nacional, acima dos 54,8% da média dos últimos cinco anos.

Entre os principais produtores, no Paraná, até o dia 7 de abril, a colheita somava 96% da área, segundo o Deral/Seab. Em Santa Catarina, os trabalhos de campo chegaram a 92%, conforme números da Conab do dia 5 de abril. No Rio Grande do Sul, a Emater-RS aponta que a colheita vem evoluindo lentamente, alcançando 85% da área estadual. Nos Estados Unidos, os futuros acumulam forte alta nos últimos sete dias, impulsionados pela decisão do governo norte-americano de suspender por 90 dias as tarifas recíprocas para todos os países, exceto da China, por preocupações com fortes chuvas e inundações em partes das regiões produtoras de milho dos Estados Unidos e pela previsão de redução nos estoques norte-americanos e globais do cereal ao final da temporada 2024/2025. Na Bolsa de Chicago, os vencimentos Maio/2025 e Julho/2025 apresentam, ambos, alta de 5%, a US$ 4,83 por bushel e a US$ 4,88 por bushel, respectivamente. No campo, o USDA indicou que a semeadura foi iniciada nos Estados Unidos, com 2% da área estimada para a safra 2024/2025 já semeada até o dia 6 de abril, mesmo percentual da média dos últimos cinco anos, mas abaixo dos 3% de 2024. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.