11/Apr/2025
A recente escalada do dólar e as dúvidas sobre o tamanho final da 2ª safra de 2025 mantêm os preços do milho em território instável e com forte dependência de fatores externos. Hoje, o mercado é câmbio e clima. Mesmo fora da janela típica de exportação, o mercado já especula a competitividade do milho brasileiro para o segundo semestre. Além das dúvidas climáticas sobre a 2ª safra de 2025, com um março irregular em chuvas e abril começando dentro da média, o produtor e os fundos operam em um ambiente extremamente volátil, moldado por decisões políticas internacionais. A suspensão por 90 dias das tarifas dos Estados Unidos para vários países, anunciada na quarta-feira (09/04) pelo presidente Donald Trump, foi lida como um movimento de força voltado à China, que ficou de fora da medida. A suspensão das tarifas à Europa também tira do Brasil uma possibilidade pontual de avanço nas exportações de milho. Se a tarifa à Europa fosse mantida, o milho brasileiro poderia ganhar fôlego.
No Paraná, na região de Cascavel, o mercado está travado. Os vendedores indicam entre R$ 78,00 e R$ 80,00 por saca de 60 Kg FOB no mercado disponível, para embarque imediato e pagamento em 30 dias. Os compradores indicam patamares mais baixos, entre R$ 74,00 e R$ 76,00 por saca de 60 Kg, o que tem inviabilizado os negócios. A indústria pressionou muito nas últimas semanas, saiu das compras e jogou o mercado para baixo. Agora que o milho da 2ª safra de 2025 começa a preocupar, o comprador voltou, mas ainda sem aceitar o preço do produtor.
Para 2ª safra de 2025, o milho para exportação segue sendo negociado com base FOB. As indicações para embarque em julho e pagamento em agosto no Porto de Paranaguá variam entre R$ 70,00 e R$ 71,00 por saca de 60 Kg, o que, descontado o frete, dá entre R$ 65,00 e R$ 67,00 por saca de 60 Kg na região oeste do Paraná. O produtor não aceita esse preço e restringe a oferta. A expectativa é de que a colheita da 2ª safra de 2025, aliada ao avanço da colheita de soja nas áreas mais tardias, aumente a pressão logística nas próximas semanas. Ainda assim, o produtor demonstra cautela com a questão cambial, as tarifas e o impacto nos prêmios. Isso trava tanto a soja quanto o milho. Por ora, o mercado segue em compasso de espera, com distanciamento entre compradores e vendedores.
Em Mato Grosso, na região de Sinop, o milho continua com ritmo fraco de negócios. No mercado disponível, a indicação de compra é de R$ 70,00 por saca de 60 Kg FOB. Os vendedores indicam R$ 75,00 por saca de 60 Kg ou mais para negociar. Para 2ª safra de 2025, a indicação para exportação está entre R$ 50,00 e R$ 51,00 por saca de 60 Kg FOB, para embarque em agosto ou setembro, mas o produtor segue retraído e indica R$ 55,00 por saca de 60 Kg. O comprador não quer pagar mais, e o vendedor não baixa. A logística no segundo semestre preocupa, e quem tem espaço para guardar, prefere esperar.