21/Mar/2025
O mercado de milho no Brasil segue com a atenção voltada para o clima e para a dinâmica do fluxo global de exportação. Depois de um período de forte valorização dos contratos futuros na B3, os compradores do mercado doméstico estão mais cautelosos, apostando em uma 2ª safra de 2025 cheia, apesar dos atrasos no plantio. O foco agora é o clima. No Região Centro-Oeste, os modelos climáticos apontam chuvas favoráveis no início de abril, o que fortalece as perspectivas de rendimento da 2ª safra de 2025. A valorização do milho na B3 entre o fim de fevereiro e a primeira quinzena de março foi considerada atípica, uma vez que os contratos na Bolsa de Chicago seguiam em direção contrária e não houve influência significativa do câmbio.
Esse movimento foi impulsionado por uma força compradora muito grande no mercado interno, mas perdeu fôlego nos últimos dias. Os preços seguem altos, mas os compradores agora aguardam um pouco mais para ver como o mercado se comporta. Outro fator que ajuda a sustentar os preços do milho no Brasil é o receio de um fortalecimento da posição exportadora do País, caso haja embargos ao milho dos Estados Unidos por parte do México ou da União Europeia. Esse temor perdeu força, porque um possível redirecionamento do milho norte-americano beneficiaria mais a Ucrânia do que o Brasil. Mas, essa possibilidade ainda gera alguma incerteza no mercado.
A decisão do governo brasileiro de zerar o imposto de importação também entra na equação do mercado interno, mas o impacto dessa medida será limitado. É uma medida circunstancial, voltada mais para importações da Argentina, que podem ajudar a controlar estoques e evitar pressões inflacionárias no setor de proteína animal. O mercado também acompanha o impacto de um possível aumento da área de milho nos Estados Unidos na safra 2025/2026, mas essa dinâmica depende de fatores geopolíticos e comerciais. Se houver barreiras comerciais ao milho norte-americano, isso pode repercutir nos mercados internacionais e, indiretamente, no Brasil.
No Paraná, na região de Cascavel, o mercado se mantém estável, com negócios entre R$ 78,00 e R$ 80,00 por saca de 60 Kg FOB, para embarque imediato e pagamento em 30 dias. O cenário regional é de equilíbrio, com compradores abastecidos e produtores sem pressa para vender. Na região de Palotina, há registro e negócios a R$ 80,00 00 por saca de 60 Kg. Na região de Guarapuava, há registro de negócios a R$ 77,00 00 por saca de 60 Kg FOB. Diferente de São Paulo, onde os preços estão mais elevados, o mercado no Paraná não descolou porque a safra de verão (1ª safra 2024/2025) teve alta produtividade.
Para 2ª safra de 2025, o mercado segue travado. As indicações para exportação são de R$ 70,00 00 por saca de 60 Kg CIF no Porto de Paranaguá, o que representa cerca de R$ 62,00 00 por saca de 60 Kg FOB na região oeste do Paraná. Algumas indústrias podem pagar até R$ 65,00 00 por saca de 60 Kg CIF, considerando o risco de qualidade. O produtor que colheu bem na safra de verão (1ª safra 2024/2025) não está pressionado para vender, e os compradores também não estão dispostos a elevar as indicações. Enquanto os dois lados não ajustarem as expectativas, o mercado segue travado.
Em Mato Grosso, na região de Sinop, o mercado segue aquecido, com forte demanda a R$ 75,00 por saca de 60 Kg, para embarque imediato e pagamento em 30 dias. No entanto, a oferta segue restrita. A maioria dos vendedores já liquidou suas posições. Quem ainda tem produto disponível, não quer ceder no preço. Para o milho 2ª safra de 2025, os preços permanecem em R$ 48,00 00 por saca de 60 Kg FOB, para exportação, com embarque em julho e pagamento em 30 de outubro. Para o mercado interno, o milho CIF destinado ao etanol tem indicação de R$ 49,00 00 por saca de 60 Kg, para pagamento em 30 de agosto, refletindo um diferencial sobre o mercado de exportação devido à necessidade de matéria-prima para processamento industrial. O produtor busca acima de R$ 50,00 00 por saca de 60 Kg.