20/Mar/2025
O mercado de milho no Brasil mantém-se sustentado no curto prazo, com a perspectiva de atraso na colheita da 2ª safra de 2025 e estoques ainda apertados no País. O fôlego recente tem a ver também com o atraso do plantio, porque naturalmente vai demorar um pouco mais para entrar a 2ª safra de 2025. O atraso no plantio da 2ª safra de 2025, relacionado principalmente à colheita tardia da soja, tem levado os compradores a garantirem estoques mais amplos. Isso tem sustentado os preços. O mercado brasileiro está subindo exatamente por questões de oferta e demanda interna. Apesar da preocupação com o calendário agrícola, os preços elevados devem incentivar os produtores a manterem a área plantada, mesmo em condições menos ideais. Com esse preço, o produtor vai inclusive arriscar plantar fora da janela se precisar, porque é um preço que remunera muito.
O clima nas próximas semanas será determinante para o desenvolvimento da 2ª safra de 2025. Alguns mapas ainda estão apontando para um provável clima mais seco no centro do País, que pode atrapalhar o desenvolvimento inicial, até mesmo em maio. Para além da oferta, o crescimento da demanda é um fator adicional de sustentação para os preços. A demanda é crescente nesse ano também, com maior consumo para biocombustíveis, novas plantas sendo inauguradas no Brasil, e o consumo para produção de etanol de milho avançando. Embora a entrada da safra de verão (1ª safra 2024/2025) traga algum alívio na oferta, seu impacto é limitado. A safra de verão (1ª safra) tem um volume bem menor do que a 2ª safra e fica mais localizada na Região Sul do Brasil, mas tem a sua importância.
Em Mato Grosso, na região de Rondonópolis, o mercado físico segue com volumes limitados. A indicação de compra é de R$ 80,00 por saca de 60 Kg FOB, mas os produtores indicam R$ 83,00 por saca de 60 Kg. Poucos produtores ainda têm milho disponível. Quem tem, está à espera de preços mais remuneradores. A demanda segue ativa, mas os compradores tentam pressionar os preços para baixo, sem sucesso. Para 2ª safra de 2025, as negociações estão praticamente paradas. Os compradores indicam R$ 50,00 por saca de 60 Kg FOB, enquanto os vendedores querem R$ 55,00 por saca de 60 Kg. O produtor está cauteloso e considera cedo para comprometer volumes, principalmente com as incertezas climáticas e a evolução da safra.
No Paraná, na região de Maringá, o comércio do cereal segue travado, apesar da valorização dos contratos futuros na B3 e na Bolsa de Chicago nos últimos dias. O milho futuro subiu entre R$ 2,00 e R$ 3,00 por saca de 60 Kg, mas isso não foi suficiente para destravar as negociações no mercado físico. As indicações de vendedores para milho disponível CIF interior de São Paulo, na divisa com o Paraná, estão em R$ 100,00 por saca de 60 Kg, para entrega imediata, mas os compradores buscam entre R$ 96,00 e R$ 98,00 por saca de 60 Kg. A diferença de expectativa entre comprador e vendedor ainda trava as negociações. Para o milho 2ª safra de 2025, a indicação de compra é de R$ 70,00 por saca de 60 Kg CIF Porto de Paranaguá, para entrega em agosto e pagamento em setembro. Os vendedores desejam valores mais altos.