10/Mar/2025
Os compradores brasileiros estão ativos no mercado spot de milho, mas têm tido dificuldades em adquirir novos lotes, tendo em vista que esbarram na baixa disponibilidade e nos maiores valores pedidos por vendedores. Além disso, muitos agentes enfrentam dificuldades logísticas, pois a prioridade no momento é a entrega de soja, e o recesso de Carnaval reduziu a disponibilidade de caminhões. Os vendedores limitam a oferta do cereal no spot, à espera de novas valorizações, fundamentados nas incertezas referentes à 2ª safra de 2025, que, por enquanto, apresenta ritmo de semeadura abaixo do da temporada passada. Assim, nem mesmo as ofertas pontuais oriundas da safra de verão (1ª safra 2024/2025) que está sendo colhida são suficientes para conter os avanços dos preços nas regiões consumidoras.
Na tentativa de reduzir os preços, o governo brasileiro anunciou que retirará a taxa de importação de milho nos próximos dias. Cabe ressaltar que, na safra 2023/2024, foram importadas 1,7 milhão de toneladas, representando apenas 1,4% da oferta (resultado da soma dos estoques iniciais, produção e importação, segundo dados da Companhia Nacional de Abastecimento - Conab). Os preços do cereal seguem firmes na maior parte das regiões, mas a intensidade das altas está menor. O Indicador ESALQ/BM&F (Campinas - SP) registra avanço 0,2% nos últimos sete dias, a R$ 87,85 por saca de 60 Kg, o maior patamar desde 23 de maio de 2022, quando a média foi de R$ 88,03 por saca de 60 Kg. Nos últimos sete dias, as altas são de 1% tanto no mercado de balcão (preço pago ao produtor) quanto no mercado de lotes (negociação entre empresas).
Na B3, acompanhando as desvalorizações externa e do dólar, os futuros apresentam recuo. Os vencimentos Março/2025 e Maio/2025 estão cotados a R$ 86,64 por saca de 60 Kg e a R$ 82,02 por saca de 60 Kg, respectivamente, com baixa de 0,2% e 0,63% nos últimos sete dias. Dados da Conab apontam que, até o dia 2 de março, 25,3% da área da safra de verão (1ª safra 2024/2025) havia sido colhida, avanço semanal de 4,4%, mas ainda abaixo dos 29,4% registrados no mesmo período de 2024. Especificamente na Região Sul do País, onde se concentra a maior produção, a colheita tem avançado, e as recentes chuvas têm beneficiado as lavouras que foram semeadas tardiamente, principalmente no Rio Grande do Sul. Segundo relatório da Emater-RS, a colheita chegou a 68% da área estadual até o dia 6 de março, avanço semanal de 4%.
No Paraná e em Santa Catarina, a Conab indica que as áreas colhidas somavam, até o dia 2 de março, 42% e 36%, respectivamente. Minas Gerais e São Paulo estão com 4% e 10% das respectivas áreas colhidas. A semeadura da 2ª safra de 2025 soma 69,6% da área nacional, segundo os dados da Conab do dia 2 de março, progresso semanal de 16%, mas abaixo do mesmo período de 2024 (73,7%). Em Mato Grosso, segundo dados do Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea), 84,95% da área estimada havia sido cultivada até o dia 28 de fevereiro, avanço de 17,8% em relação ao dia 21 de fevereiro. O Imea indicou que a área destinada ao cereal na temporada 2024/2025 é de 7 milhões de hectares, 2,97% superior ao divulgado em fevereiro e 2,4% acima da safra anterior, refletindo os preços elevados do cereal, que seguem em alta desde setembro de 2024.
Com isso, espera-se aumento de 2,4% na produção na comparação com o relatório do mês anterior, totalizando 46,94 milhões de toneladas. No Paraná, até o dia 2 de março, 65% da área estimada para a 2ª safra de 2025 havia sido semeada no Estado, segundo a Conab. Em Mato Grosso do Sul, de acordo com a Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (Famasul), a semeadura de milho 2ª safra de 2025 chegou, até o dia 6 de março, a 44,5% da área estimada. Nos Estados Unidos, os futuros acumulam fortes quedas. No início da semana passada, a pressão veio de preocupações com a possibilidade de que o governo norte-americano anunciasse a taxação de 25% em produtos do México e do Canadá.
O México é o maior importador do cereal dos Estados Unidos e o Canadá é o maior comprador de etanol norte-americano, que, vale lembrar, é feito principalmente de milho. No entanto, na quinta-feira (06/03), o governo norte-americano indicou que as tarifas estão isentas até abril. Esse cenário, atrelado a preocupações com a estiagem em áreas de cultivos do cereal nos Estados Unidos, limita as desvalorizações externas. Além disso, o conflito comercial entre os Estados Unidos e a China também segue no radar dos agentes. Na Bolsa de Chicago, os vencimentos Março/2025 e Maio/2025 apresentam recuo de 3,3%, a US$ 4,49 por bushel e US$ 4,64 por bushel, respectivamente. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.