ANÁLISES

AGRO


SOJA


MILHO


ARROZ


ALGODÃO


TRIGO


FEIJÃO


CANA


CAFÉ


CARNES


FLV


INSUMOS

26/Feb/2025

Milho poderá se tornar a principal cultura do Brasil

Segundo o JP Morgan, o milho pode ultrapassar a soja como a principal cultura agrícola do Brasil até 2030. O impulso deve vir da rápida expansão do uso do cereal para etanol. O crescimento acelerado do setor provavelmente fará o milho superar a soja como a maior cultura do Brasil até 2030, impulsionando grandes mudanças nas indústrias de cana-de-açúcar, ração animal, distribuição de combustíveis e transporte. A produção de etanol de milho no Brasil deve alcançar 15,5 milhões de metros cúbicos até o fim da década, representando 37% da fabricação total do biocombustível no País. Em 2020, essa participação era de 8% e atualmente já chega a 17%. A expansão desse mercado deve movimentar cerca de R$ 32 bilhões em investimentos para a construção de novas usinas. Atualmente, o Brasil conta com 28 plantas autorizadas a produzir etanol de grãos pela Agência Nacional do Petróleo (ANP), e outras 29 devem entrar em operação até 2026.

No cenário-base do estudo, considerado o mais provável, a capacidade de produção aumentaria em 7 bilhões de litros, um crescimento de 83% em relação ao nível atual, exigindo 17 milhões de toneladas adicionais de milho por ano já a partir de 2027. Mesmo em um cenário mais conservador, com algumas usinas não avançando conforme o esperado, a projeção é de que o Brasil enfrentará um excedente médio de 6% na oferta de etanol entre 2025 e 2031. Esse excedente pode manter os preços do etanol abaixo da paridade com a gasolina por um período prolongado. As usinas de etanol de milho apresentam vantagens econômicas em relação às destilarias de cana-de-açúcar. Produzir o mesmo volume de etanol de milho requer aproximadamente 33% menos investimentos de capital do que uma típica usina de cana-de-açúcar, já que as plantas do grão demandam menos infraestrutura industrial e não precisam de investimentos na lavoura.

Uma planta de etanol de milho gera 66% mais fluxo de caixa livre por litro do que uma destilaria baseada em cana-de-açúcar e 8% mais do que uma usina flexível de açúcar/etanol. O retorno sobre o capital investido (ROIC) também é maior, variando entre 1,8% e 6,7% acima das usinas de cana-de-açúcar, considerando os preços atuais das commodities. Além da demanda crescente por etanol, a expansão desse mercado também deve afetar a produção de DDG (grãos secos de destilaria), subproduto rico em proteínas utilizado na nutrição animal. A produção de DDG deve aumentar de 6 milhões de toneladas para 11 milhões de toneladas até 2030, beneficiando principalmente confinadores de gado e empresas como JBS, Marfrig e Minerva. Esse aumento na oferta de DDG ajudará a reduzir os custos dos confinamentos de gado ao longo do tempo. Grande parte desse crescimento está ligado à 2ª safra de milho, plantada após a colheita da soja.

Atualmente, a 2ª safra já responde por mais de 75% da produção total de milho no Brasil, e o País ainda tem potencial para expandir essa área sem precisar avançar sobre novas terras. Mais de 60% da área cultivada com soja ainda não recebe a 2ª safra de milho, o que representa uma oportunidade para ampliar a oferta sem necessidade de novos desmatamentos. Além da ampliação da área, a produtividade do milho também pode crescer. Comparado à média norte-americana de quase 12 toneladas por hectare, o rendimento atual do Brasil de 6 toneladas por hectare oferece amplo espaço para crescimento. O JP Morgan estima que 30 milhões de hectares poderiam ser incorporados ao sistema de rotação soja-milho. Se considerar de forma conservadora que apenas metade dessa área pode suportar a 2ª safra de milho com produtividade de 6 toneladas por hectare, o Brasil poderia produzir adicionais 90 milhões de toneladas sem qualquer desmatamento. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.