17/Feb/2025
Os preços do milho seguem sustentados no mercado interno, com a demanda aquecida e as incertezas quanto ao plantio da segunda safra. Apesar da valorização recente do real, o atraso na colheita da soja e, consequentemente, na semeadura da safrinha, mantém um prêmio de risco sobre os contratos negociados na B3, enquanto a indústria de proteínas e o setor de etanol seguem absorvendo o cereal no mercado doméstico. O atraso no plantio da soja reduz a janela ideal para a safrinha, e o mercado precifica essa incerteza. O milho se mantém estável até agosto do ano passado, mas começa a ganhar ritmo em setembro e, desde então, os fundamentos se fortalecem. A lentidão no plantio do milho safrinha é o principal fator de suporte aos preços. A soja sai dos campos com umidade elevada, o que atrasa a secagem e restringe o fluxo até os portos.
Com isso, o milho também sofre, já que a semeadura ocorre após a colheita da oleaginosa. Dados indicam que até a última semana apenas 15% da soja havia sido colhida, abaixo da média histórica, o que limita o avanço do milho. O Brasil terá uma safra recorde de soja, mas o cenário para o milho permanece incerto. A área plantada deve permanecer praticamente estável em relação ao ciclo anterior, pois as margens não são atraentes até o final de 2024. A melhora nas cotações ocorre no fim do ano passado, com a desvalorização do real, mas sem tempo hábil para mudar o planejamento. Enquanto o mercado interno busca garantir estoques, o setor exportador acompanha a movimentação no mercado internacional. O milho de Chicago (CBOT) apresenta uma performance mais positiva do que a soja, e a expectativa de aumento da área cultivada nos Estados Unidos pode trazer pressão de baixa no segundo semestre. Nos Estados Unidos, o produtor prioriza o milho, enquanto no Brasil o foco é a soja.
A disputa entre exportação e mercado doméstico continua acirrada. A indústria de proteína animal mantém uma procura consistente pelo cereal, e as usinas de etanol também intensificam suas compras nos últimos meses. O mercado de milho disponível em Sinop (MT) registra escassez de oferta, com produtores focados na colheita da soja. Há compradores dispostos a pagar R$ 61,50 por saca FOB, com embarque imediato e pagamento em 30 dias, mas o volume disponível é mínimo. O milho praticamente acaba na região. Quem ainda tem produto no armazém pede R$ 65. Na 2ª safra, as indicações estão em R$ 48,50 por saca FOB, para embarque em setembro e pagamento no fim do mesmo mês, após uma leve alta em relação às últimas semanas. O mercado segue travado porque o plantio não avança como esperado. O excesso de chuvas atrasa a colheita da soja e, consequentemente, o plantio do milho da 2ª safra.
Além disso, a maior parte dos negócios realizados no milho ocorre por meio de trocas por insumos. As tradings buscam garantir o milho oferecendo fertilizantes. O produtor não quer se comprometer com preços agora e prefere esperar uma definição mais clara sobre os custos da próxima safra. Em Guarapuava (PR), as indicações no mercado spot de milho estão estáveis, entre R$ 70 e R$ 71 por saca FOB, com retirada imediata e pagamento em 30 dias. Vendedores pedem R$ 73 a R$ 75 por saca. As pedidas estão mais altas do que o comprador busca, mas sempre ocorre algum negócio. Produtores especulam novas altas de preço, devido às quebras na Argentina. Ainda assim, não falta milho no Estado: além da colheita de milho verão estar em andamento, há possibilidade de adquirir o cereal em outros Estados do Sul. Para a 2ª safra, as indicações se mantêm em R$ 73 por saca CIF no Porto de Paranaguá, com entrega em agosto e pagamento em setembro.
Fonte: Cogo Inteligência em Agronegócio.