ANÁLISES

AGRO


SOJA


MILHO


ARROZ


ALGODÃO


TRIGO


FEIJÃO


CANA


CAFÉ


CARNES


FLV


INSUMOS

05/Feb/2025

Preços do milho sustentados e negociações lentas

O mercado de milho segue em alta no cenário internacional e no Brasil, impulsionado pelo déficit global entre produção e consumo, que pode variar de 25 milhões a 40 milhões de toneladas neste ciclo. É o maior déficit da história do milho, e 2025 deve ser um ano de estoques em queda. A tendência de alta do milho está ancorada nos fundamentos. A menor oferta global em 2025 já gera preocupação entre importadores, que buscam recompor estoques. Esse é um ano em que será consumido mais milho do que o produzido. O mercado segue forte por mérito próprio, sem depender de outros fatores. Outro fator de suporte para os preços é o impacto das tarifas dos Estados Unidos sobre o comércio internacional.

As novas taxas de 25% sobre produtos do Canadá e México entrariam em vigor nesta terça-feira (02/02), mas foram adiadas em 30 dias após negociação entre os países. Em relação à China, a tarifa de 10% seguia mantida. Analistas veem o risco de retaliação e mudanças nos fluxos de comércio. Se o México precisar diversificar suas compras de milho, o Brasil pode ser uma alternativa, ainda que a logística mexicana seja voltada para importações dos Estados Unidos via ferrovia. Com a combinação de déficit global, estoques em queda e demanda firme, o milho deve seguir sustentado nos próximos meses. O Brasil já é o celeiro mundial do milho e os compradores continuam agressivos.

No Paraná, na região de Guarapuava, as indicações no mercado spot de milho têm se mantido em R$ 72,00 por saca de 60 Kg FOB, para embarque imediato e pagamento em 30 dias. a comercialização é apenas pontual. É um ritmo normal para esta época do ano, com o mercado mais focado em soja. Para 2ª safra de 2025, as indicações estão entre R$ 61,00 e R$ 62,00 por saca de 60 Kg FOB e entre R$ 69,00 e R$ 70,00 por saca de 60 Kg CIF Porto de Paranaguá, em ambos os casos para entrega e pagamento entre junho e agosto. Nesse caso, o mercado de exportação está mais ativo do que o interno. Apesar de sempre rodar algum volume, a negociação é lenta, com o plantio ainda em andamento.

Em Mato Grosso do Sul, na região de Dourados, a fraca movimentação reflete a escassez de oferta no disponível e a baixa liquidez para 2ª safra de 2025. Os estoques remanescentes são mínimos, e as negociações ocorrem apenas em volumes pontuais. A oferta disponível praticamente desapareceu. Quem tem milho ainda guardado no silo indica acima de R$ 67,00 por saca de 60 Kg FOB, enquanto os compradores indicam R$ 65,00 por saca de 60 Kg. Isso tem travado o mercado. Mesmo com a demanda por milho para a indústria e para confinamento, os negócios seguem limitados pela falta de produto. As indústrias locais precisam do cereal, mas não estão dispostas a pagar acima do que consideram viável.

Por outro lado, o produtor que ainda tem milho sabe que a oferta está baixa e prefere segurar, esperando preços mais elevados. Para 2ª safra de 2025, os preços registram leve alta nos últimos sete dias, saindo de R$ 52,00 por saca de 60 Kg para R$ 53,00 por saca de 60 Kg FOB, para embarque em julho e pagamento em agosto. Apesar da valorização, os negócios continuam escassos. O comprador tem interesse, mas o vendedor não tem pressa. O produtor sabe que, com estoques baixos e demanda firme, pode esperar um pouco mais para negociar em patamares mais altos. A expectativa é de que o mercado de milho só ganhe mais tração após a colheita da soja, quando os produtores estarão mais atentos à comercialização do cereal.