27/Jan/2025
Segundo a AgResource Brasil, a possível redução das alíquotas de importação do milho, estudada pelo governo conforme anunciou o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, poderá prejudicar o plantio da 2ª safra de 2025. Se houver redução das tarifas de importação e esse milho entrar rapidamente no País, o mercado doméstico vai pressionar os preços para baixo, desestimulando uma 2ª safra que já está com compras atrasadas e sementes ainda por entregar.
É questionado o timing da medida, pois o atual patamar de preços do milho no mercado doméstico reflete a dinâmica natural de oferta e demanda. A iniciativa é relacionada a tentativas anteriores de controle de preços de alimentos, como no caso do arroz. A proposta representa uma "interferência artificial" do governo na formação de preços. É uma tentativa frustrada para reduzir a inflação por meios artificiais, em vez de adotar medidas estruturais, como a redução de gastos públicos.
A Sociedade Rural Brasileira (SRB) criticou a ideia do governo federal de reduzir a alíquota de importação de milho e alertou para o risco de desabastecimento futuro do mercado interno. Com certeza vai provocar uma dificuldade maior para o produtor rural brasileiro. Embora aparentemente esteja resolvendo um problema, está criando um grande outro no futuro, que é o desabastecimento interno. A competitividade da produção nacional está sendo ameaçada por produtos subsidiados do exterior. Os preços externos dos produtores são subsidiados, na sua maioria. Essa política de tentar segurar os preços, entendendo que vai trazer benefício para o consumidor, vai desestimular a produção interna. Essa política não vai trazer benefício para o produtor rural brasileiro.
A Associação Brasileira do Agronegócio (Abag) classificou como "perturbadora" e "desnecessária" a possível redução de alíquotas de importação de alimentos, como estuda o governo. Essa medida desequilibra as relações do campo, é desnecessária e pode, principalmente, desestimular o plantio da 2ª safra de milho de 2025. O setor opera em condições absolutamente normais e os produtores já enfrentam dificuldades, com custos em alta e um período de baixos preços no ano passado. Portanto, o produtor já vem no sacrifício. É uma medida do século passado. A associação alertou ainda para possíveis impactos na produção de etanol de milho e no plantio comercial.
A Associação Brasileira dos Produtores de Milho e Sorgo (Abramilho) considerou um "equívoco" incluir milho em eventual redução de alíquotas de importação. A ideia pode trazer impactos negativos à cadeia produtiva e desestimular o plantio da 2ª safra de 2025, que concentra a maior parte da produção anual de milho no Brasil. É preciso entender melhor o que se pretende antes de tomar conclusões definitivas, mas reduzir alíquotas do milho, especificamente, não faz sentido. O Brasil já é o segundo maior exportador mundial e tem excedente que é comercializado no mercado internacional. Se não fosse competitivo, esse milho não seria vendido. A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) projeta para a safra 2024/2025 uma produção total de 119,6 milhões de toneladas de milho, volume 3,3% maior do que no ciclo anterior.
As exportações devem alcançar 34 milhões de toneladas, enquanto o consumo interno está estimado em 86,4 milhões de toneladas. Os estoques finais devem crescer, chegando a 3,5 milhões de toneladas, suficientes para atender à demanda doméstica. Embora a Abramilho apoie o livre mercado, a justificativa apresentada pelo governo para a medida não se sustenta. Intervenções sem previsibilidade acabam gerando desestímulo à produção. É preciso reduzir custos e aumentar a produtividade. Tomar uma decisão geral para resolver problemas pontuais pode ser muito danoso para o setor. Destaque para a necessidade de analisar as dinâmicas regionais do mercado de milho, que variam conforme a infraestrutura disponível.
Localidades que não têm estradas ou ferrovias adequadas, como em algumas partes da Região Nordeste, naturalmente enfrentam custos mais altos. Já houve casos pontuais de importação de milho nessas áreas, mas isso não pode justificar uma medida ampla como a redução de alíquotas. A entidade comparou os possíveis impactos de uma decisão desse tipo com a experiência da Argentina, que enfrentou dificuldades no setor agrícola após intervenções governamentais. Quando desestimulam a produção, como aconteceu na Argentina, acaba entrando em um ciclo de restrições e perda de competitividade. O Brasil não pode cometer o mesmo erro. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.