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06/Jan/2025

Tendência de preços sustentados do milho no Brasil

O ano de 2025 se inicia com cenários distintos nos mercados interno e externo de milho. No Brasil, os preços do cereal no spot estão acima dos registrados no começo de 2024, mas o mercado futuro aponta cotações menores que as atuais. Já na Bolsa de Chicago (CME Group), os contratos operam em valores inferiores aos de um ano atrás e não mostram sinais de recuperação para 2025. No contexto doméstico, as cotações futuras menores estão relacionadas à expectativa de produção em 2025 acima da de 2024. No caso dos valores externos, há certa estabilidade entre a oferta e a demanda dos Estados Unidos, mas o excedente norte-americano é amplo, o que, por sua vez, exige que as exportações do país sejam firmes, em um ambiente de incertezas políticas por conta do novo governo. O movimento de alta nas cotações no segundo semestre de 2024 nas principais regiões do Brasil pode atrair agricultores e resultar em aumento na semeadura na segunda safra de 2025.

O cultivo mais acelerado das lavouras de verão, como a soja, abre a expectativa de semeadura da segunda safra de milho no período ideal. A perspectiva de maior produção é acompanhada por estimativas indicando consumo doméstico recorde, sobretudo por parte do setor de proteína animal e da crescente indústria de etanol de milho no Brasil. Um possível equilíbrio entre oferta e demanda deve vir com recuo nas exportações – as vendas externas podem ser limitadas pelo menor excedente doméstico. A Conab estima redução de 1,5% da oferta da safra de verão 2024/2025 frente à temporada anterior, projetada em 22,6 milhões de toneladas, devido à queda de 5,9% na área. Vale destacar que esta é a menor área semeada com milho de verão de toda a série histórica, iniciada na safra 1976/1977. Até dezembro de 2024, a semeadura no Brasil somava 80,8% da área, contra 77,9% no mesmo período do ano anterior. Quanto à colheita, teve início no Rio Grande do Sul, totalizando média de 0,2% até o dia 29 de dezembro.

Somando a produção do milho de verão 2024/2925 ao estoque de passagem, estimado pela Conab em 4,422 milhões de toneladas ao final de janeiro/2025, tem-se um suprimento de 27 milhões de toneladas para o primeiro semestre. Este volume é equivalente a 31% do consumo doméstico no ano, cenário que já tem gerado preocupação entre agentes. Assim, as atenções se voltam à segunda safra de 2025. E a Conab já aponta aumentos na área, na produtividade e na produção. Em dezembro, a área para a segunda safra 2024/2025 era estimada em 16,6 milhões de hectares, 1% maior que a de 2023/24. A produtividade e a produção devem crescer 3,8% e 4,8%, indo para 5.702 t/ha e 94,631 milhões de toneladas, respectivamente. Para a terceira safra, a produção é apontada em 2,38 milhão de toneladas, 3,8% inferior a 2023/2024. No agregado, considerando-se os estoques iniciais, em fevereiro/2025, de 4,422 milhões de toneladas, a produção total de 119,6 milhões de toneladas e as importações de 1,9 milhão de toneladas, a disponibilidade interna está prevista até o momento em 125,9 milhões de toneladas na temporada 2024/2025.

Ao subtrair o consumo interno (87,03 milhões de toneladas), o excedente interno é de 38,9 milhões de toneladas, o menor desde 2020/21, quando foi de 34,33 milhões de toneladas. Por enquanto, as exportações estão estimadas pela Conab em 34 milhões de toneladas entre fevereiro/2025 e janeiro/2026, o que, caso se concretize, resultaria em estoques de passagem, em janeiro/2026, de 4,9 milhões de toneladas, 11% maiores que os da temporada anterior, mas ainda 49% abaixo da média das últimas cinco safras. No front internacional, por enquanto, são esperados recuo na produção e aumento no consumo e, consequentemente, queda na relação estoque/consumo global, o que, por sua vez, pode trazer maior sustentação aos preços e aumentar o interesse de agricultores brasileiros em negociar a mercadoria para o mercado externo. Dados do USDA indicam redução de 1% na produção global da temporada 2024/2025, atualmente estimada em 1,217 bilhão de toneladas, com maiores colheitas no Brasil, Argentina e China.

Já as quedas mais representativas devem ocorrer na União Europeia e Ucrânia. Nos Estados Unidos, maior produtor de milho, a safra 2024/2025 é estimada em 384,6 milhões de toneladas, leve diminuição de 1,3% sobre a temporada anterior. O consumo mundial deve crescer 1%, para 1,237 bilhão de toneladas. A relação estoque/consumo deve ficar em 24%, abaixo dos 25,8% da safra anterior. Em termos de transações externas, o USDA aponta redução de 3,6%, em torno de 190 milhões de toneladas. Para a safra 2024/2025, os Estados Unidos devem exportar 62,5 milhões de toneladas, representando 33% dos embarques globais. O segundo principal fornecedor, o Brasil, deve exportar 46 milhões de toneladas, correspondendo a 24% das vendas globais. A produção da Argentina deve crescer na temporada 2024/2025, o que pode trazer maior concorrência com as exportações brasileiras em 2025. Atualmente, o USDA estima aumento de 2% na produção argentina, para 51 milhões de toneladas, e os embarques, em 37 milhões de toneladas, avanço expressivo de 18,5%. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.