18/Nov/2024
O movimento de alta nos preços do milho no Brasil, verificado desde o encerramento de agosto, vem sendo sustentado sobretudo pela retração de vendedores. Esses agentes seguem focados nas atividades de campo e, com isso, limitam a oferta do cereal no spot. Muitos vendedores também estão à espera de novas valorizações entre o final de 2024 e início de 2025. No entanto, o avanço no preço do milho é limitado pelo afastamento de uma parcela dos compradores. A melhora do clima, as exportações em ritmo lento e as quedas dos contratos externos levam demandantes a apostarem em enfraquecimento nos valores domésticos. Além disso, as estimativas para safra 2024/2025 apontam melhora na produção, o que pode aumentar o interesse de vendedores em negociar. Nos últimos sete dias, o preço do milho no mercado de balcão (valor pago ao produtor) registra alta de 1,9%. No mercado de lotes (negociações entre as empresas), o avanço é de 1,1% em igual comparativo. Em São Paulo, as cotações mais elevadas levam os consumidores a adquirirem o milho em outros Estados.
O Indicador ESALQ/BM&F (Campinas - SP) está cotado a R$ 74,45 por saca de 60 Kg, pequena alta 0,1% nos últimos sete dias. Na B3, a demanda aquecida ainda sustenta o vencimento Novembro/2024, que tem avanço de 0,75% nos últimos sete dias, a R$ 74,12 por saca de 60 Kg; o contrato Janeiro/2025 apresenta recuo de 1,13% no mesmo período, a R$ 75,43 por saca de 60 Kg. Neste caso, a pressão vem da melhora do clima para a safra de verão (1ª safra 2024/2025). Segundo a Secretaria de Comércio Exterior (Secex), considerando os seis primeiros dias úteis deste mês, as exportações brasileiras de milho somam 1,7 milhão de toneladas, representando apenas 23% de todo o volume embarcado em novembro/2023. O ritmo diário de exportação também está 23% inferior ao registrado no mesmo mês de 2023. A Associação Nacional de Exportadores de Cereais (Anec) estimativa que os embarques do cereal totalizem 5,38 milhões de toneladas em novembro. No spot, os preços nos portos estão em alta, impulsionados pelo dólar. Os aumentos são de 2,4% no Porto de Paranaguá (PR) e de 2% no Porto de Santos (SP).
Relatório divulgado na quinta-feira (14/11), pela Conab aponta que a produção agregada de milho para 2024/2025 é estimada em 119,81 milhões de toneladas, o que representaria um incremento de 3,6% em relação ao volume de 2023/2024. Especificamente para a safra de verão (1ª safra 2024/2025), a produção pode chegar a 22,79 milhões de toneladas, apenas 0,7% inferior à de 2023/2024. Para 2ª safra de 2025, a estimativa de produção é de 94,63 milhões de toneladas, aumento de 4,8%. A 3ª safra de 2025 pode somar 2,38 milhões de toneladas, queda de 3,8%. Os embarques brasileiros devem recuar em 2024/2025, passando para 34 milhões de toneladas, 2 milhões de toneladas a menos que o estimado para a atual temporada. O consumo interno na safra 2024/2025 deve ser de 87,03 milhões de toneladas. Assim, restariam, em janeiro/2026, 5,1 milhões de toneladas de milho, abaixo das 9,6 milhões da média das últimas cinco safras. O ritmo da semeadura da safra de verão (1ª safra 2024/2025) de milho está mais adiantando em relação ao da temporada anterior e vem sendo favorecido na maior parte das regiões produtoras pelo retorno das chuvas e por dias ensolarados.
Até o dia 10 de novembro, 48,7% da área estimada para o Brasil havia sido semeada, avanço semanal de 6,6% e ainda 1,9% acima do mesmo período de 2023, segundo a Conab. Especificamente no Paraná, a semeadura soma 98% da área projetada até o dia 11 de novembro, conforme dados do Departamento de Economia Rural (Deral/Seab). Restam apenas produtores das regiões de Curitiba e de União da Vitoria para encerrarem as atividades. No Rio Grande do Sul e em Santa Catarina, a semeadura do cereal atingiu 84% e 94% das respectivas áreas até o dia 10 de novembro, segundo dados da Conab. Em São Paulo e em Minas Gerais, os trabalhos de campo também avançam e, de acordo com a Conab, totalizam 70% e 39,1%. Nos Estados Unidos, os futuros são pressionados pela desvalorização do trigo, pela alta do dólar (que tende a estimular as vendas brasileiras ao mercado internacional) e pelas condições climáticas favoráveis à semeadura na América do Sul.
No entanto, a redução nas estimativas nos estoques mundiais e na produção nos Estados Unidos limitam as baixas. Nos últimos sete dias, o contrato Dezembro/2024 registra recuo de 0,23%, a US$ 4,26 por bushel. Os vencimentos Março/2025 e Maio/2025 têm baixa de 0,7% e 0,8%, a US$ 4,37 por bushel e a US$ 4,44 por bushel, respectivamente. Relatório semanal Crop Progress do USDA apontou que a colheita nos Estados Unidos chegou a 95% da área até o dia 10 de novembro, acima dos 91% da semana anterior. No dia 8 de novembro, o USDA revisou para baixo os estoques mundiais finais da safra 2024/25, devido à redução dos estoques norte-americanos e chineses, passando de 306,52 milhões de toneladas em outubro para 304,13 milhões de toneladas em novembro. A produção mundial se mantém em 1,21 bilhão de toneladas, mas, especificamente aos Estados Unidos, houve diminuição de aproximadamente 2 milhões de toneladas entre as estimativas de outubro e novembro. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.