12/Nov/2024
A Shull Seeds, empresa brasileira de sementes híbridas de milho fundada há seis anos em Ribeirão Preto (SP) tem hoje apenas 1% de um mercado que no Brasil é dominado por grandes multinacionais. Espera alcançar os 10% de participação em dez anos, mas não buscará a meta com movimentos açodados. A companhia, que acaba de fechar parceria com a InEdita e adquirir 30% da norte-americana Nanosur Ag Biotech, deve fechar o ano com faturamento de R$ 150 milhões (foram R$ 90 milhões do ano passado). Para 2025, a expectativa é dobrar a receita, para R$ 300 milhões. E, pensando mais no longo prazo, superar a casa dos R$ 1 bilhão, em até 10 anos. Para alcançar esse número, além das parcerias, conta com os investimentos em pesquisa, de R$ 35 milhões a R$ 40 milhões ao ano, e estratégias de marketing para ampliar as vendas e ficar entre as quatro maiores em sementes até 2034.
A intenção não é crescer a qualquer custo. A empresa oferece uma semente de qualidade e produtividade semelhante às das maiores multinacionais, assistência técnica excelente, entrega programada para não ter devolução, mesmo que isso signifique aumento de frete. A estratégia de comercialização da Shull leva em conta as especificidades de cada região. Geralmente, a empresa convence o produtor que compra milhares de sacos de sementes das multinacionais a adquirir da Shull para plantio em área pequena, 10 hectares, por exemplo. O objetivo é que o comprador confira a qualidade, atendimento, entrega e assistência técnica oferecida pela empresa e volte a comprar volumes maiores. O preço da saca de 60 mil sementes segue o das grandes marcas, desde que ofereça o mesmo resultado. Como tem uma estrutura mais leve que as grandes multinacionais, consegue uma rentabilidade boa com essa estratégia.
Seu fundador, Paulo Pinheiro, decidiu sair da Dow AgroSciences em 2011 e criar uma empresa de prestação de serviços para o setor de sementes, a TecnoSeeds, que hoje se chama Satus e tem capacidade de beneficiar 4,5 milhões de sacas de sementes por ano. A Shull é uma de suas clientes. Em 2016, quis avançar e criou a empresa de germoplasma próprio de milho em sociedade com José De Leon, que foi vice-presidente de pesquisa da Dow e arquitetou toda a pesquisa de melhoramento de milho no Brasil. Conhecendo as características das sementes adaptadas ao País, De Leon, que mora nos Estados Unidos, adquiriu linhagens que estavam à venda no país, México, Europa e Ásia com o perfil adequado para plantio no Brasil. Essa combinação impulsionou a produção da Shull. Tanto que a previsão era lançar o primeiro híbrido em 2023, mas antecipou para 2019. Também conseguiu contrato para incluir na genética os principais traits (características) de transgênicos existentes no País, o que acelerou os processos.
A Shull recebeu esse nome em homenagem ao americano George Harrison Shull, que concluiu o processo de hibridização do milho entre 1912 e 1920, permitindo os saltos de produtividade do grão. A empresa sempre busca alternativas no mercado que acrescentem tecnologia a seus híbridos. Dentro dessa estratégia, acaba de fechar parceria com a empresa de edição genômica InEdita para desenvolver um híbrido que precise de menos fertilizantes nitrogenados, o que resulta em custo de produção menor e benefícios ao ambiente. Além disso, comprou 30% de uma empresa americana de pesquisa que atua com RNA recombinante, produtos inócuos para a natureza que podem controlar pragas e plantas daninhas. A Shull atende produtores de todo o Brasil, mas a maioria dos clientes são de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás. Fonte: Globo Rural. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.