25/Oct/2024
Lideranças agrícolas dos Estados Unidos pediram ao governo que as matérias-primas norte-americanas sejam priorizadas na fabricação de combustíveis renováveis no país, na tentativa de elevar a demanda por milho. Neste ano, a indústria de biocombustíveis disparou a compra de insumos estrangeiros, como o sebo bovino do Brasil, demanda agora ameaçada. Enquanto colhiam os últimos lotes do cereal, agricultores ouvidos pela Globo Rural em Illinois, no Meio Oeste dos Estados Unidos, fechavam as contas da safra 2024/2025 com margens negativas. Na Bolsa de Chicago, o preço da soja caiu 23% em 12 meses até setembro. O milho baixou 15%. E, para o ano que vem, ainda não há expectativa de mudanças para as cotações. Uma alternativa, então, seria aumentar o uso do milho para a produção de combustíveis renováveis, além da demanda que já existe principalmente para etanol, ração animal e exportação.
Os preços são considerados baixos e, se tudo der certo na produção em todos os lugares, incluindo o Brasil, haverá um enorme excedente de milho. Os produtores norte-americanos querem usar mais esse milho para etanol. Existem algumas divergências em relação aos créditos fiscais. O governo norte-americano mantém uma campanha de incentivos aos biocombustíveis, com pagamento de créditos pela produção de renováveis como o diesel verde e o combustível sustentável de aviação (SAF). A Argus explica que os incentivos dos Estados Unidos levaram a indústria de biocombustíveis dos Estados Unidos a buscar mais insumos importados, como o óleo de palma, óleo de cozinha e sebo bovino, para conseguir aumentar a produção. A American Farm Bureau questionou o uso de insumos estrangeiros para biocombustíveis, em reunião com o conselheiro sênior da Presidência para Energia Limpa, John Podesta, na última semana.
Participaram do encontro representantes da Associação Nacional de Produtores de Milho dos Estados Unidos e da Associação Americana de Soja. Esses são créditos fiscais que devem beneficiar os norte-americanos, não as empresas estrangeiras. A American Farm Bureau acredita que existem interesses de fora dos Estados Unidos aproveitando os créditos, às custas dos produtores norte-americanos. O pleito do setor agrícola é de que seja aplicada uma regulamentação no intuito de priorizar os insumos locais, em detrimento dos importados, estabelecendo um requisito doméstico de matéria-prima para créditos de produção de combustível limpo. É preciso aguardar qual será a decisão do governo sobre os créditos fiscais. Hoje, o grão é mais para etanol, mas poderia ser usado muito milho para combustível sustentável de aviação e isso pode aumentar a demanda por milho. Caso o pleito seja atendido pelo governo norte-americano, o Brasil e os demais países fornecedores de sebo bovino, óleo de palma e óleo de cozinha usado teriam a demanda excedente afetada.
O caso do sebo bovino foi o mais extremo na elevação de compras externas. A pegada de carbono desta matéria-prima é considerada quase zero, e os norte-americanos vivem um momento de restrição na oferta de gado o que, como consequência, gera menor produção de gordura do animal, cenário oposto ao da América do Sul. Países como Argentina, Uruguai e Brasil aumentaram o fornecimento. No acumulado do ano até setembro, os embarques de sebo bovino brasileiro para os Estados Unidos dispararam para 246,6 mil toneladas, alta de 137,8% em relação ao mesmo período de 2023, conforme dados do Ministério da Agricultura do Brasil. No total, o Brasil exportou 261,34 mil toneladas para o mercado externo no período. Se mantido o cenário de normalidade nas exportações, a perspectiva do setor é otimista. Segundo a Associação Brasileira de Reciclagem Animal (ABRA), até o momento, o fluxo de comércio está normal e a expectativa é de que continuar exportando ao mercado dos Estados Unidos. Fonte: Globo Rural. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.