21/Oct/2024
O movimento de alta dos preços internos do milho segue firme, mesmo diante do avanço da semeadura da safra de verão (1ª safra 2024/2025) e de previsões indicando chuvas na maior parte das regiões produtoras. O impulso aos valores vem da retração de vendedores e da necessidade de parte dos compradores em recompor os estoques. Muitos vendedores, atentos às recentes valorizações e ao aquecimento da demanda, evitam negociar grandes lotes no spot nacional, à espera de aumentos ainda mais intensos. Assim, os compradores estão mais flexíveis nas negociações ou nos prazos de pagamentos. No acumulado da parcial de outubro, o Indicador ESALQ/BM&F (Campinas - SP) registra aumento de 6,4% nos últimos sete dias e já se aproxima dos R$ 70,00 por saca de 60 Kg, patamar que foi verificado pela última vez no dia 9 de janeiro deste ano.
O Indicador está cotado a R$ 68,42 por saca de 60 Kg. Nos últimos sete dias, as são de 2,7% no mercado de balcão (preço pago ao produtor) e de 1,6% no mercado de lotes (negociação entre empresas). Os destaques são os avanços observados no mercado de lotes das regiões de Dourados (MS), do oeste do Paraná, de Rio Verde (GO), de 7,7%, 3,7% e 4,2%, respectivamente. Relatório divulgado na semana passada pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) aponta que a produção agregada de milho para 2024/2025 pode ser de 119,74 milhões de toneladas, o que representaria aumento de 3,5% em relação ao volume de 2023/2024. Especificamente para a safra de verão (1ª safra 2024/2025), atualmente em semeadura, apesar da redução de 5,4% na área, a produtividade é estimada para ser 4,6% superior, e, com isso, a produção pode chegar a 22,72 milhões de toneladas, apenas 1,1% inferior à de 2023/2024. A redução na área, por sua vez, reflete as preocupações com o impacto do clima para essa safra, os altos custos e a preferência de produtores com a soja.
Para 2ª safra de 2025, a Conab estima aumentos de 1% na área e de 3,8% da produtividade, resultando em produção de 94,63 milhões de toneladas, crescimento de 4,8%. A 3ª safra de 2025 pode somar 2,38 milhões de toneladas, queda de 4%. Mesmo com esse cenário de maior disponibilidade interna do cereal, a Conab espera que os embarques brasileiros diminuam, passando para 34 milhões de toneladas, 2 milhões a menos que o estimado para a atual temporada. Porém, incentivados pelo aumento na demanda no cereal pelo setor de proteína animal e para produção de etanol, o consumo interno na safra 2024/2025 deve crescer aproximadamente 3 milhões de toneladas, somando 87,03 milhões de toneladas. Assim, restariam, em janeiro/2026, 5 milhões de toneladas de milho, abaixo das 9,6 milhões da média das últimas cinco safras. Em termos globais, dados divulgados no dia 11 de outubro, pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) indicaram leve recuo na produção da safra 2024/2025, totalizando 1,21 bilhão de toneladas, influenciado pelos ajustes negativos às safras da Ucrânia, da Rússia e das Filipinas.
O consumo foi estimado em 1,22 bilhão de toneladas. Com isso, o estoque final ficou menor que o apontado em setembro, para 306,52 milhões de toneladas, mas ainda mantendo a relação estoques finais x consumo em 25%. Em nove dias úteis de outubro, a Secretaria de Comércio Exterior (Secex) aponta que saíram dos portos brasileiros 2,52 milhões de toneladas, o que representa aproximadamente 30% de todo o volume embarcado em outubro de 2023. O atual ritmo de embarques, de 280 mil toneladas por dia, está 30% inferior à média do mesmo período de 2023. Caso os embarques sigam no atual ritmo, o volume escoado no mês pode chegar a 6,44 milhões de toneladas, o que pode ser 2 milhões de toneladas a menos que em outubro/2923. Para a Associação Nacional de Exportadores de Cereais (Anec), as exportações devem somar 6,22 milhões de toneladas em outubro. No spot, as negociações estão travadas.
Os consumidores internacionais têm preferido negociar em outras localidades, como os Estados Unidos, que estão atualmente em colheita e apresentam preços médios 20% inferiores aos registrados no Porto de Paranaguá (PR). Os valores no Porto de Paranaguá apresentam leve baixa de 0,5% nos últimos sete dias, mas alta de 2,6% no Porto de Santos (SP). No campo, o retorno das chuvas, apesar de reduzir o ritmo dos trabalhos de campo envolvendo a safra de verão (1ª safra 2024/2025), auxiliou no desenvolvimento das lavouras. Até o dia 13 de outubro, 28,8% da área nacional havia sido semeada, avanço semanal de apenas 2,9%, segundo os dados da Conab. No Rio Grande do Sul, segundo a Emater-RS, as recentes chuvas permitiram avanço semanal de apenas 1% na semeadura entre os dias 10 e 17 de outubro, chegando a 65% da área estadual. Segundo o Departamento de Economia Rural (Deral/Seab), até o dia 14 de outubro, as atividades chegaram a 90% da área no Paraná.
Em Santa Catarina, até o dia 13 de outubro, a semeadura chegou a 69,8% da área estadual, segundo a Conab. Mesmo diante da recente reação vinda de vendas norte-americanas significativas ao México, os contratos futuros de milho acumulam queda, pressionados pelo clima favorável ao avanço da colheita nos Estados Unidos e pelo enfraquecimento nos preços de petróleo. Com isso, na Bolsa de Chicago, os contratos Dezembro/2024 e Março/2025 registram recuo de 2,8% e 3,4% nos últimos sete dias, a US$ 4,06 por bushel e a US$ 4,21 por bushel. No relatório semanal Crop Progress do USDA, até o dia 13 de outubro, 47% da área foi colhida nos Estados Unidos, ante 30% na semana anterior e 39% na média dos últimos cinco anos. Na Argentina, segundo a Bolsa de Cereais de Buenos Aires, a semeadura chegou a 24,3% da área nacional até o dia 17 de outubro, avanço semanal de 5,8%. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.