16/Sep/2024
Atentos ao clima quente e seco e às aquecidas demandas interna e externa, os produtores brasileiros de milho seguem afastados dos negócios no spot e para entrega futura. Diante disso, os compradores relatam dificuldades em recompor seus estoques, e os preços do cereal avançam. O movimento de alta é verificado pela quarta semana consecutiva. O Indicador ESALQ/BM&F (Campinas - SP) registra alta de 2,6% nos últimos sete dias, cotado a R$ 63,50 por saca de 60 Kg, o maior patamar nominal desde janeiro deste ano. No acumulado de setembro, o aumento é de 4,8%. Nos últimos sete dias, as altas são de 2,1% no mercado de lotes (negociações entre as empresas) e de 1,7% no mercado de balcão (valor pago ao produtor). Na B3, os contratos Setembro/2024 e Novembro/2024 apresentam valorização de 1,7% e 1,3% nos últimos sete dias, respectivamente, passando para R$ 63,78 por saca de 60 Kg e R$ 66,61 por saca de 60 Kg.
Nem mesmo as divulgações das estimativas da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) apontando produções elevadas no Brasil e no mundo foram suficientes para conter as altas nos preços internos. Os produtores, inclusive, esperam novas valorizações, fundamentados nos impactos do clima sobre as lavouras da safra verão (1ª safra 2024/2025) e nos possíveis atrasos da semeadura da 2ª safra de 2025. Levantamento divulgado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) no dia 12 de setembro indicou que a produção brasileira de milho na safra 2023/2024 pode somar 115,72 milhões de toneladas, apenas 0,06% superior à apontada no mês anterior, mas queda de 12% em relação à temporada 2022/2023. A disponibilidade interna (estoque inicial + produção + importação) é estimada em 125,29 milhões de toneladas. Como o consumo doméstico está previsto em cerca de 84,24 milhões de toneladas, o excedente interno é calculado em 41 milhões de toneladas na safra 2023/2024.
Deste total, 36 milhões de toneladas estão previstas para serem exportadas. Caso as vendas externas atinjam tal marca, restariam apenas 5 milhões de toneladas no final de janeiro/25, aproximadamente 30% menor que a temporada anterior. Quanto à safra 2024/2025, as perspectivas devem ser apresentadas nesta semana pela Conab. Em termos mundiais, para a temporada 2024/2025, o USDA estima produção de 1,21 bilhão de toneladas, 0,5% inferior à safra 2023/2024, devido aos menores volumes principalmente da Ucrânia e Rússia. O consumo também foi estimado 1,21 bilhão de toneladas, reduzindo os estoques para 308,34 milhões de toneladas. Quanto às exportações brasileiras de milho, nos primeiros cinco dias úteis de setembro, já foram embarcadas 1,55 milhão de toneladas de milho, com ritmo diário de 311,6 mil toneladas. Caso esse desempenho se mantenha até o final do mês, as exportações brasileiras devem superar as 6 milhões de toneladas. Para a Associação Nacional de Exportadores de Cereais (Anec), os embarques em setembro devem totalizar 6,47 milhões de toneladas.
Quanto aos preços, nos portos de Paranaguá (PR) e Santos (SP), se mantêm entre R$ 64,00 e R$ 66,00 por saca de 60 Kg, sustentados pela valorização do dólar nos últimos dias. Restando apenas o estado de Mato Grosso do Sul para finalizar a colheita da 2ª safra de 2024, a média nacional até o dia 8 de setembro é de 99,7%, segundo a Conab. Em Mato Grosso do Sul, a Federação de Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (Famasul) indica que colheita chegou a 98% da área estadual até o dia 6 de setembro. Para a safra verão (1ª safra 2024/2025), pontuais precipitações foram observadas na Região Sul do País na semana passada, onde se concentra a semeadura neste período. No Paraná, a semeadura chegou a 29% da área estadual, até o dia 9 de setembro, avanço semanal de 11%, mas ainda atraso de 13% em relação à temporada anterior, conforme indica o Departamento de Economia Rural (Deral/Seab). No Rio Grande do Sul, a melhora da umidade do solo permitiu o avanço da semeadura, que chegou a 37% da área estadual até o dia 12 de setembro, progresso semanal de 4%, mas abaixo dos 44% do ano anterior, de acordo com a Emater-RS.
Nos Estados Unidos, os preços estão pressionados sobretudo pelo início da colheita e pela projeção de aumento na produção do cereal no país. O USDA estimou 385,73 milhões de toneladas, acima das 384,74 milhões apontadas em agosto, mas 1% menor que a da temporada 2023/2024. Na Bolsa de Chicago, o contrato Setembro/2024 registra recuo de 0,96% nos últimos sete dias, a US$ 3,86 por bushel. O contrato Dezembro/2024 tem baixa de 1,1% no mesmo período, a US$ 4,06 por bushel. No relatório semanal Crop Progress, o USDA informou a colheita chegou, até o dia 8 de setembro, a 5% da área total prevista, contra 4% há um ano e 3% na média de cinco anos. Na Argentina, segundo a Bolsa de Cereais de Buenos Aires, o clima seco e as preocupações com as doenças como a cigarrinha-do-milho têm atrapalhado a semeadura do cereal e feito com que produtores optem pelo maior cultivo de soja. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.