13/Sep/2024
Segundo a Embrapa Soja, a estiagem prolongada, as altas temperaturas e as queimadas em Estados produtores, como Paraná e Mato Grosso, tornam desafiador o plantio da soja, principal cultura agrícola e produto de exportação do Brasil. Trata-se de um ano atípico, anormal. O clima seco, as queimadas e a baixa umidade do ar têm dificultado o preparo do solo, atrasado o plantio da soja e impactado etapas cruciais do cultivo, como a dessecação de plantas daninhas e a aplicação de calcário. A situação é particularmente preocupante no Paraná, onde a falta de chuvas impede o avanço da semeadura, mesmo em áreas onde a janela de plantio já está aberta. O plantio no "pó", prática arriscada em que os agricultores semeiam em solo seco esperando por chuvas posteriores, é uma das consequências da estiagem. A falta de umidade adequada pode levar à perda das sementes, comprometendo a produtividade e a rentabilidade dos produtores.
O clima seco e as queimadas também afetam a mecanização do solo, que se torna mais difícil com a terra seca e compactada, podendo levar à formação de “bolsas de ar” ao redor das sementes e à concentração de fertilizantes próximos às raízes, prejudicando a germinação e o desenvolvimento das plantas. O atraso no plantio da soja, por sua vez, desencadeia um ‘efeito dominó’ na 2ª safra de milho de 2025, que depende da colheita antecipada da oleaginosa para ser plantada dentro da janela ideal. O milho não tem margem de manobra. O milho é particularmente sensível às variações climáticas e, se plantado fora da época recomendada, pode ter sua produtividade severamente comprometida, afetando a oferta do cereal e a produção total de grãos do País. Apesar dos desafios, a soja tem uma janela de plantio mais flexível do que o milho.
Se não for possível plantar a soja em setembro e plantar em outubro, não quer dizer que produzirá menos. Pelo contrário, pode até produzir mais. No entanto, o atraso no plantio da soja pode levar a perdas significativas na 2ª safra de milho de 2025, com reflexos na economia. Atualmente, a maioria das consultorias privadas estima uma safra recorde de soja para o Brasil, impulsionada pela expectativa de chuvas em outubro, mas o cenário pode mudar se a estiagem persistir. Diante desse contexto, é recomendado cautela e planejamento aos agricultores. É importante esperar até que a reserva hídrica do solo esteja em níveis adequados antes de iniciar o plantio e seguir as recomendações técnicas para minimizar os impactos negativos na produção. Não é uma simples chuva de 20 milímetros que vai resolver a questão da reserva hídrica do solo. É necessário um volume maior de chuva. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.