19/Aug/2024
Apesar de novas estimativas terem indicado produções brasileira (2023/2024) e global (2024/2025) inferiores às da atual temporada, os preços do milho acumulam novas quedas. A pressão vem da baixa demanda interna, que mantém os negócios lentos. Os consumidores brasileiros utilizam a mercadoria negociada antecipadamente, adquirindo novos lotes apenas de forma pontual. Os vendedores, por sua vez, adotam posturas distintas, dependendo da demanda e oferta regionais. Assim, enquanto em Mato Grosso os produtores estão mais flexíveis, diante da maior oferta, em São Paulo, agentes limitam as vendas, à espera da finalização da colheita. Quanto à demanda internacional, registrou leve melhora no começo de agosto, mas ainda segue muito abaixo do verificado no ano anterior.
É fato que os embarques brasileiros aumentam apenas no segundo semestre, sobretudo a partir deste mês, porém, a colheita nos Estados Unidos deve começar e, com isso, cresce a concorrência entre os embarques brasileiros e norte-americanos. O Indicador do milho ESALQ/BM&F (Campinas - SP) iniciou a semana passada em alta, mas, com a demanda enfraquecida, está cotado a R$ 59,01 por saca de 60 Kg, praticamente estável nos últimos sete dias. Nos últimos sete dias, os preços no mercado de balcão (valor pago ao produtor) apresentam recuo de 1,3% e, no mercado de lotes (negociações entre as empresas), há pequena baixa de 0,3%. Na B3, os preços futuros apresentam comportamentos distintos. O vencimento Setembro/2024 tem avanço de 0,25% nos últimos sete dias, cotado a R$ 60,21 por saca de 60 Kg, enquanto o contrato Novembro/2024 registra baixa de 0,33%, a R$ 63,39 por saca de 60 Kg.
As exportações seguem em ritmo abaixo das do ano anterior e muito distantes das estimadas pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). No acumulado de fevereiro até meados de agosto, foram embarcadas aproximadamente 9 milhões de toneladas, ainda bem abaixo das 36 milhões projetadas pela Conab até janeiro/2025. O alcance da estimativa oficial requer o envio mensal de mais de 4 milhões de toneladas, quantidade que foi atingida apenas em janeiro deste ano. Especificamente nos sete primeiros dias úteis de agosto, os embarques brasileiros somaram 1,93 milhão de toneladas, com embarques diários tendo média 32% inferior à de agosto/2023. Quanto aos preços, têm sido pressionados pelo dólar e pela desvalorização externa. No Porto de Paranaguá (PR) e no Porto de Santos (SP), os valores têm baixa de 0,3% e 3,5% nos últimos sete dias.
A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) apresentou poucas alterações em suas estimativas em relação às de julho, consolidando a produção brasileira total em 115,64 milhões de toneladas em 2023/2024, volume 12,3% inferior ao registrado em 2022/2023. A disponibilidade interna (estoque inicial + produção + importação) é estimada em 125,21 milhões de toneladas. Como o consumo doméstico está previsto em 84,24 milhões de toneladas, o excedente interno ficaria em 40,9 milhões de toneladas na temporada 2023/2024. Deste total, 36 milhões de toneladas estão previstas para serem exportadas. Se atingida tal marca, ainda restariam apenas 4,9 milhões de toneladas no final de janeiro/2025, volume 30% menor que o da safra anterior. Em termos mundiais, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) estimou a produção e o consumo da temporada 2023/2024 em respectivos 1,22 bilhão de toneladas e 1,21 bilhão de toneladas; e o estoque de passagem, em 308,52 milhões de toneladas.
Para a temporada 2024/2025, a produção foi reduzida para 1,21 bilhão de toneladas, decorrente de menores produções na Ucrânia e na Rússia. O consumo também foi reajustado para baixo, em 1,21 bilhão de toneladas, o que acabou reduzindo os estoques para 310,17 milhões de toneladas. No entanto, a relação consumo doméstico e estoques finais se mantém em 25%, como a da temporada anterior. O clima seco favoreceu a colheita da 2ª safra de 2024 nos principais Estados produtores. Segundo a Conab, até o dia 11 de agosto, a área nacional colhida somava 94,7%. No Paraná, o Departamento de Economia Rural (Deral/Seab) indica que 96% da área havia sido colhida até o dia 12 de agosto. Em Mato Grosso do Sul, a colheita chegou a 85,3% da área até o dia 9 de agosto, de acordo com a Federação de Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (Famasul).
O clima favorável ao desenvolvimento da safra nos Estados Unidos e a boa disponibilidade brasileira para exportação seguem pressionando as cotações externas. As baixas só não foram mais intensas devido à previsão de estoques menores para a temporada 2024/2025. Na Bolsa de Chicago, o contrato Setembro/2024 acumula queda de 1,12% nos últimos sete dias, cotado a US$ 3,75 por bushel. O contrato Dezembro/2024 se mantém estável, a US$ 3,97 por bushel. O relatório divulgado pelo USDA apontou que 67% das lavouras de milho norte-americanas estavam em condições entre boas e excelentes no dia 11 de agosto, mesmo volume da semana anterior e acima dos 59% na mesma época de 2023. Segundo a Bolsa de Cereais de Buenos Aires, a colheita está na reta final na Argentina e, até o dia 15 de agosto, o país contava com 97,8% da área já retirada. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.