12/Jul/2024
A Inpasa, maior produtora de etanol de milho da América Latina, está investindo R$ 5 bilhões na construção de duas novas plantas, uma em Mato Grosso do Sul e outra no Maranhão, e na expansão de duas unidades já instaladas em Mato Grosso. A empresa faturou R$ 11,467 bilhões em 2023 e os investimentos serão feitos com capital próprio. A companhia começou a operar em 2008, com uma planta em Nova Esperança, no Paraguai. As duas novas unidades estão localizadas em Sidrolândia (MS) e em Balsas, a primeira do segmento no Maranhão. A planta de Sidrolândia, com capacidade para moer 2 milhões de toneladas de milho e custo estimado de R$ 2,3 bilhões, deve inaugurar sua primeira fase de operação no fim de agosto, e a segunda, em outubro. A construção da primeira etapa em Balsas começará em 2025.
A capacidade de processamento da unidade de Nova Mutum (MT) foi duplicada em 2023 e chegou a 2 milhões de toneladas de milho. Localizada na beira da rodovia BR-163, a usina funciona 24 horas e recebe até 900 caminhões por dia no período da safra. Em Sinop, também em Mato Grosso, está a primeira planta da Inpasa no Brasil. Considerada a maior usina de etanol de milho do mundo, teve sua capacidade duplicada este ano e agora pode moer até 4,3 milhões de toneladas em suas quatro fases. A outra unidade em operação fica em Dourados (MS). As novas usinas vão elevar a capacidade de moagem da Inpasa em 2025 para 12,2 milhões de toneladas, com produção de 5,5 bilhões de litros de etanol e 2,95 milhões de toneladas de grãos secos de destilaria com solúveis (DDGS), coproduto resultante do processo de fabricação do etanol de milho que tem ganhado espaço na composição da ração animal.
Os números projetados incluem as duas unidades instaladas no Paraguai. Segundo a empresa, suas unidades no Brasil já produzem 10% do etanol de milho comercializado nas bombas do País e exportam o DDGS para 30 países da Ásia, América e Europa. A companhia, a única exportadora de DDGS do Brasil, embarcou 273 mil toneladas em 2022. No ano passado, exportou 680 mil toneladas e prevê chegar a 800 mil toneladas neste ano. Os embarques ocorrem no Porto de Imbituba, em Santa Catarina. As fábricas do Paraguai também exportam, mas volumes bem menores. Foram 5 mil toneladas no ano passado e a expectativa é alcançar 40 mil toneladas em 2024. Hoje, as exportações representam 40% do volume produzido, mas o plano é elevar esse percentual. Embora ainda embarque um volume pequeno, o Brasil é o segundo maior exportador do DDGS, atrás dos Estados Unidos.
O país tem 196 usinas de etanol de milho, a maioria antigas de 15 ou 20 anos, enquanto as plantas brasileiras são novas e modernas. Os Estados Unidos exportam 11 milhões de toneladas, mas apenas 35% desse produto é do tipo com solúveis, que tem mais digestibilidade para os animais. O plano da Inpasa é colocar no mercado internacional 10% do que os Estados Unidos exportam. O desafio maior hoje não é a demanda, e sim a logística. No ano passado, a Inpasa esteve representada em Abu Dhabi, na primeira missão do Projeto Setorial de Promoção das Exportações de Farelo de Milho, iniciativa conjunta da Apex Brasil e da União Nacional do Etanol de Milho (UNEM) para a expansão da comercialização de DDGS pelo mundo. Na Inpasa, o volume de DDGS que não é exportado é vendido no mercado interno, sendo 50% destinados ao segmento de suínos, aves e pets. O gado de leite, sobretudo, e os confinamentos recebem a outra metade da produção.
O processo de produção na Inpasa começa com o recebimento de grãos, que vão para a moagem e posterior cozimento, liquefação e fermentação. Da destilaria, saem o hidratado e o anidro para mistura na gasolina e os componentes para a nutrição animal. As partes sólidas e líquidas são separadas após passagem por uma centrífuga. Os líquidos, ricos em aminoácidos, minerais e leveduras, passam por evaporação para extração do óleo, que se torna biodiesel ou fonte de ração. Após concentrados, os líquidos são adicionados aos sólidos, vão para secagem e resfriamento e se tornam o DDGS. Uma tonelada de milho produz 440 litros de etanol, 240 quilos de DDGS e 23 quilos de óleo. Para a produção, são gastos 464 Kg de biomassas, o que torna o combustível ainda mais sustentável. O DDGS da Inpasa é um alimento completo para os animais, com alto teor de proteína e mais energia que o farelo de soja, combinado com um blend de micro e macronutrientes e leveduras que provocam um consumo voluntário.
Três fatores conferem mais digestibilidade ao DDGS da Inpasa na comparação com concorrentes: o processo de produção não inclui ácido sulfúrico, o processamento e a secagem são feitos em tempo menor e com baixa temperatura e o produto concentra 100% das leveduras vinda dos solúveis. A adição de ácido sulfúrico no processo é um problema porque contamina o produto com enxofre, reduzindo o consumo e deprimindo a resposta imune do animal. Além disso, por não incluir antibióticos na produção, o produto tem passe livre de exportação para a Europa. Outra característica do DDGS da Inpasa é ter cor mais escura que a dos concorrentes. Há um mito no mercado que o produto com cor mais clara é de melhor qualidade. Na verdade, o produto claro só tem menos solúveis. A Agropecuária Passo do Lobo, em Nova Mutum (MT), é um dos primeiros clientes do DDGS da Inpasa.
Há quatro anos, a fazenda compra o produto para usar na ração que oferece aos bovinos no sistema de terminação intensiva a pasto. A fazenda faz cria, recria e engorda, tem 7 mil hectares, sendo 3.150 voltados para a agropecuária, em 2009 e implantou o sistema de integração lavoura-pecuária (ILP) com a produção de soja e milho. Tem 7.000 bovinos, a maior parte nelore, sendo 1.600 em terminação. Como produz commodity, tem olhado muito para custos e margem de lucro. A vantagem do DDGS é que tem um preço menor que o farelo de soja, o boi gosta mais da proteína do milho e seu uso resulta em mais ganho de peso, e carcaças bem-acabadas, ou seja, mais produtividade. A composição da ração na fazenda varia de acordo com preços e disponibilidade dos produtos na época. Atualmente, o produto é misturado na ração oferecida aos bovinos 60% de milho moído, 20% de DDGS, além de caroço de algodão e um blend de micro e macronutrientes. Fonte: Globo Rural. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.