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28/May/2024

FS: viabilidade de projeto de captura de carbono

A produtora de etanol de milho FS Agrisolutions, controlada pelo Summit Agricultural Group, dos Estados Unidos, informou que testes comprovaram a viabilidade geológica de seu projeto de injeção de gás carbônico no solo em Lucas do Rio Verde (MT). Maior produtora de etanol de milho do Brasil, a empresa aguarda agora a definição regulatória e de mercado para dar início ao primeiro projeto no Brasil de captura e estoque de carbono no solo, considerada uma das soluções para a mitigação do aquecimento global. Nas últimas semanas, e empresa conseguiu comprovar que há viabilidade geológica para fazer injeção do CO2 no site de Lucas do Rio Verde. Os testes mostraram que há viabilidade para a companhia injetar no solo toda a sua emissão atual de carbono na planta, de 423 mil toneladas ao ano, de forma líquida por 30 anos, o que resultaria em uma estocagem de 12 milhões de toneladas de carbono no subsolo no período.

Após as três décadas, novos testes serão precisos para verificar a viabilidade de seguir com a atividade. Os estudos identificaram uma camada de rocha selante com características compatíveis para a manutenção do gás no subsolo, além de uma camada inferior de rocha porosa com características adequadas para armazenar o gás carbono de forma líquida. Também foram verificadas outras características geológicas em conformidade, como relacionada à salinidade do solo. Com o projeto, a FS conseguiria produzir um etanol que, em todo seu ciclo de vida, mais retira carbono da atmosfera do que emite. Hoje, o etanol de milho da empresa emite 17 gramas de CO2 por megajoule de energia gerada, segundo certificação no programa RenovaBio. Até agora, a companhia já investiu R$ 100 milhões para os estudos, e prevê aportar mais R$ 350 milhões para construir a planta de captura de carbono.

A FS ainda avalia como pode obter o retorno desse investimento. Uma possibilidade é com o ganho de prêmios sobre a venda de um etanol com emissões líquidas de carbono negativas, o que é valorizado por alguns mercados de biocombustíveis. Outra opção é com a venda de créditos de remoção de carbono no mercado voluntário de carbono. Nesse mercado, há contratos de longo prazo em que a tonelada do carbono removida é negociada por valores entre US$ 60,00 e US$ 100,00. Nessa faixa de preço, o projeto é bastante viável. A certificadora Gold Standard já possui uma metodologia de quantificação de remoção de carbono em projetos de CCS, e a Verra, maior certificadora de créditos de carbono do mundo, tem uma proposta de metodologia em consulta pública. A atividade ainda não tem previsão legal no Brasil. O projeto de lei Combustível do Futuro, já aprovado na Câmara e em trâmite no Senado, prevê regras para os projetos de captura e estocagem de carbono (CCS).

Além da lei, o exercício da atividade dependeria de regras infralegais de órgãos como da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). A FS pretende replicar o projeto em suas outras usinas de etanol de milho em Mato Grosso. Das unidades existentes e em construção, avaliações anteriores já identificaram que só não há condições geológicas adequadas em Primavera do Leste (MT), onde a companhia ergueu sua terceira planta. A iniciativa da FS, que começou a ser planejada há quatro anos, inspirou seu próprio controlador a iniciar um projeto de captura de carbono nos Estados Unidos que se propõe a ser o maior do mundo. A Summit Agricultural Group criou o negócio Summit Carbon Solutions, que pretende operar um duto de captura de carbono que atravessa cinco Estados e uma planta de injeção de carbono na Dakota do Norte. O investimento previsto é de US$ 8,5 bilhões. Fonte: Globo Rural. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.