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15/Apr/2024

Tendência baixista para preços do milho no Brasil

Indicando ter estoques para o curto prazo, os compradores de milho estão afastados das aquisições de novos lotes no mercado spot nacional. Esse cenário mantém os preços do cereal em queda na maioria das regiões. O avanço da colheita da safra de verão (1ª safra 2023/2024) no Brasil, estimativas apontando produção mundial elevada e as desvalorizações externas reforçam o movimento de baixa do valor doméstico do cereal. O Indicador ESALQ/BM&F (Campinas - SP) voltou a fechar abaixo dos R$ 60,00 por saca de 60 Kg, o que não era verificado desde novembro do ano passado. A cotação atual é de R$ 59,53 por saca de 60 Kg, recuo de 3,2% nos últimos sete dias. Ressalta-se que o Indicador está em movimento de queda consecutivo desde o dia 26 de março. No mercado externo, as desvalorizações reduziram a paridade de exportação.

Na Bolsa de Chicago, nos últimos sete dias, o contrato Maio/2024 tem baixa de 1,49% e o Julho/24, de 1,45%, a US$ 4,28 por bushel e US$ 4,41 por bushel, respectivamente. Os valores são influenciados pelo avanço da semeadura nos Estados Unidos, pela queda no preço do petróleo, que diminui a competitividade relativa com o etanol, e, sobretudo, pelas estimativas divulgadas pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) no dia 11 de abril, indicando boa produção mundial para o cereal. Nesse cenário, os valores do milho negociado na B3 também estão em baixa. Nos últimos sete dias, o contrato Maio/2024 registra queda de 3,9% e o Julho/2024 tem baixa de 4,1%, para R$ 57,06 por saca de 60 Kg e R$ 57,31 por saca de 60 Kg, nesta ordem. O USDA reduziu os estoques finais de milho dos Estados Unidos na safra 2023/2024, estimados agora em 53,9 milhões de toneladas, contra as 55,17 milhões de toneladas indicadas em março.

Os estoques finais mundiais também ficaram menores, para 318,28 milhões de toneladas, ante as 319,63 milhões de toneladas previstas no relatório de março. Agentes de mercado aguardavam cortes ainda maiores para os estoques. Para o Brasil, o USDA manteve a estimativa de produção em 124 milhões de toneladas e de exportação em 52 milhões de toneladas. Para a Argentina, a produção teve redução de um milhão de toneladas frente ao relatório de março, mas a colheita ainda seria 19 milhões de toneladas acima da anterior, somando 55 milhões de toneladas. As exportações argentinas são estimadas em 37 milhões de toneladas, o mesmo volume indicado no relatório anterior. A produção dos Estados Unidos foi mantida em 389,69 milhões de toneladas. A produção mundial foi estimada pelo USDA em 1,22 bilhão de toneladas, contra 1,23 bilhão de toneladas previstas no relatório de março. O consumo se manteve em 1,21 bilhão, mas os estoques ao final da temporada diminuíram.

Neste cenário, a relação estoque/consumo da temporada 2023/2024 é de 26,6%, acima da registrada em 2022/2023, de 26,1%, mas em linha com a média dos últimos cinco anos, de 26,8%. O relatório divulgado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) no dia 11 de abril reduziu a produção total brasileira, o que se deve a preocupações com a 2ª safra de 2024. Chuvas abaixo do ideal em março em parte das regiões de Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Paraná podem reduzir a produtividade das lavouras. Agora, a Conab estima produção nacional em 110,96 milhões de toneladas, 2% inferior ao relatório de março e ainda 16% menor que a de 2022/2023. Para a safra de verão (1ª safra 2023/2024), atualmente em período de colheita, a produção deve ser de 23,35 milhões de toneladas, enquanto a 3ª safra de 2024 pode somar 1,99 milhão de toneladas. Quanto à 2ª safra de 2024, a área destinada será 8% menor; e a produtividade, 8,9% inferior à da temporada anterior. Assim, a produção é estimada em 85,6 milhões de toneladas, 16,4% menor que a da safra passada.

Com a redução da produção nacional e o aumento da mundial, os envios brasileiros ao mercado internacional também devem diminuir, estimados pela Conab em 32 milhões de toneladas, 43% menores que as da safra anterior. Assim, os estoques finais em janeiro/2025 devem ser de 5,5 milhões de toneladas. Apesar de pontuais preocupações com o clima nas regiões produtoras de 2ª safra, os trabalhos de campo avançam no Brasil. A semeadura da 2ª safra de 2024 está na reta final, somando 99,5% da área nacional até o dia 7 de abril, e restando apenas a finalização dos trabalhos em Minas Gerais, Maranhão e Mato Grosso do Sul, segundo a Conab. No Paraná, com a semeadura finalizada, os produtores acompanham o desenvolvimento das lavouras. O Departamento de Economia Rural (Deral/Seab) apontou que o tempo seco reduziu a qualidade das plantas. No dia 1º de abril, as lavouras em condições ruins eram de apenas 2%, e, no dia 8 de abril, passaram para 8%.

A Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (Famsul) apontou que, em Mato Grosso do Sul, até o dia 5 de abril, a semeadura somava 93,5%. Especificamente para a safra verão (1ª safra 2023/2024), a colheita atingiu, até o dia 7 de abril, 51% da área nacional, avanço de 4,6% em relação ao dia 1º de abril. No Paraná, de acordo com o Deral/Seab, a colheita chegou a 95% da área. Em Santa Catarina, a área colhida é de 83% até o dia 7 de abril, segundo a Conab. No Rio Grande do Sul, conforme dados da Emater-RS divulgados no dia 11 de abril, a colheita de milho atingiu 77% da área. O USDA também divulgou seu relatório de acompanhamento de safra, o Crop Progress, indicando que 3% da safra 2023/2024 norte-americana de milho já foi semeada até o dia 7 de abril, contra 2% na média dos últimos cinco anos e em linha com os 3% na comparação com o mesmo período de 2023. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.