18/Mar/2024
O clima quente e seco, especialmente no Centro-Sul do Brasil, tem preocupado os produtores, visto que pode prejudicar o desenvolvimento das lavouras e limitar a produtividade, sobretudo da 2ª safra de 2024. Por outro lado, o tempo firme vem favorecendo a colheita da safra de verão (1ª safra 2023/2024). Nesse cenário, os vendedores limitam os volumes ofertados, à espera de valorizações, fundamentados na possível menor oferta nesta temporada. De fato, dados oficiais indicam queda na colheita da safra de verão (1ª safra 2023/2024) e da 2ª safra de 2024. Com isso, as negociações seguem enfraquecidas no Brasil, tanto no mercado spot quanto para entregas futuras. Segundo dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a produção da safra de verão (1ª safra 2023/2024) deve totalizar 23,41 milhões de toneladas, 14,5% inferior à da temporada anterior. Para a 2ª safra de 2024, deve haver redução de 8,3% na área plantada e de 14,7% na produção, somando 87,34 milhões de toneladas.
Para a 3ª safra de 2024, a estimativa é de colheita de 1,99 milhão de toneladas, queda de 7,6% na comparação com 2022/2023. Considerando-se a soma da produção, dos estoques iniciais e das importações, a oferta nacional em 2024 é prevista em 122,32 milhões de toneladas, 13% abaixo da de 2023. Com isso, as exportações devem ser menores neste ano, cenário que já vem sendo observado, diante dos embarques enfraquecidos. Os envios ao exterior estão estimados em 32 milhões de toneladas, aproximadamente 22 milhões abaixo do embarcado na temporada anterior. Caso esse cenário se concretize, os estoques finais previstos são de 6,25 milhões de toneladas, praticamente metade da média os últimos cinco anos. O Indicador ESALQ/BM&F (Campinas - SP) apresenta alta de 0,6% nos últimos sete dias, cotado a R$ 63,24 por saca de 60 Kg. O Indicador opera em torno dos R$ 63,00 por saca de 60 Kg desde as últimas semanas de janeiro deste ano.
Nos últimos sete dias, os preços estão estáveis no mercado de lotes (negociação entre empresas) e apresentam alta 1% no mercado de balcão (preço pago ao produtor). Na B3, os vencimentos dos próximos meses estão avançando. Os contratos Maio/2024 e Julho/2024 estão cotados a respectivos R$ 63,11 por saca de 60 Kg e a R$ 62,72 por saca de 60 Kg, altas de 3,5% e 5,4% nos últimos sete dias. Já o contrato Março/2024 apresenta recuo de 0,6% no período, a R$ 63,03 por saca de 60 Kg. O tempo quente e seco, apesar de preocupar os produtores, facilita o avanço dos trabalhos de campo. No caso da safra de verão (1ª safra 2023/2024), a colheita chegou, até o dia 10 de março, a 32,9% da área nacional, segundo dados da Conab. No Paraná, segundo o Departamento de Economia Rural (Deral/Seab), a colheita da safra de verão (1ª safra 2023/2024) avançou 9% entre os dias 4 e 11 de março, somando 82% da área.
No Rio Grande do Sul, conforme o relatório da Emater-RS, os produtores já colheram 72% das lavouras até o dia 14 de março, progresso de apenas 2% frente à semana anterior. Em Santa Catarina, as lavouras colhidas somam 61%, segundo a Conab. A semeadura da 2ª safra de 2024 se aproxima do fim em alguns Estados, e, até o dia 10 de março, chegou a 86,2% da área nacional, segundo a Conab. Em Mato Grosso, de acordo com o Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea), a semeadura atingiu 97,81% da área na semana passada. No Paraná, o Deral/Seab indicou que a semeadura, até o dia 11 de março, chegou a 91% da área estimada para o cereal. Em Mato Grosso do Sul, até o dia 10 de março, as atividades somavam 71%, apesar de lavouras passarem por estresse hídrico, segundo a Conab. Nos Estados Unidos, mesmo diante de preocupações com o desenvolvimento das lavouras brasileiras, as estimativas de oferta global elevada pressionam os futuros na Bolsa de Chicago.
O contrato Março/2024 tem desvalorização de 0,82% nos últimos sete dias, indo para US$ 4,22 por bushel. O vencimento Maio/2024 registra queda de 0,97%, a US$ 4,33 por bushel. Dados divulgados pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) no dia 8 de março indicam leves ajustes em relação ao relatório de fevereiro para os principais países produtores. Nos Estados Unidos, a previsão é de manutenção na produção de milho da safra 2023/2024, em 389,69 milhões de toneladas. Para o Brasil, a estimativa do também é de manutenção com produção de 124 milhões de toneladas, e, para a Argentina, a previsão passou de 55 milhões de toneladas em fevereiro para 56 milhões de toneladas em março. A oferta global é estimada em 1,23 bilhão de toneladas, 6% maior que na temporada anterior. Segundo dados da Bolsa de Cereais de Buenos Aires, o excesso de chuvas em regiões produtoras da Argentina manteve a colheita de milho lenta, que estava em 3,2% até o dia 14 de março. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.